Paixão no deserto, de Honoré de Balzac
Pulicado originalmente na revista “Fon-Fon”, em sua edição de 22 de novembro de 1952. A pesquisa, transcrição e adaptação ortográfica é de Iba Mendes (2016)
Pulicado originalmente na revista “Fon-Fon”, em sua edição de 22 de novembro de 1952. A pesquisa, transcrição e adaptação ortográfica é de Iba Mendes (2016)
Pensa que os animais não têm suas paixões. Pois é exatamente o contrário: podemos comunicar-lhes todos os vícios decorrentes do nosso estado de civilização.
A primeira vez que vi o sr.
Martin, fiquei surpreso. Estava diante de um velho soldado com a perna direita
amputada. Seu rosto espantara-me. Tinha uma dessas cabeças intrépidas, nas
quais estão escritas as guerras de Napoleão. Com uma franca expressão de
bom-humor era sem dúvida um desses guerreiros que nada surpreende, que acham
motivo para rir das contorções de um camarada agonizante, enterrando-o ou
pilhando-o de coração leve, desses que se metem corajosamente nos caminhos das
balas, enfim, um desses homens que não perdem tempo em deliberações, e que não
hesitariam em se tornar amigos do próprio diabo. Fomos jantar juntos e, à
sobremesa, ele contou-me sua história, que lhes vou relatar.
Durante uma expedição ao alto
Egito sob o comando do General Desaix, um soldado da Provença caiu nas mãos dos
Mangrabinos, e foi preso pelos árabes nos desertos além das quedas do Nilo. Os
Mangrabinos pousaram certa noite, acampando sob palmeiras, onde haviam antes
escondido provisões. Contentaram-se em atar as mãos do prisioneiro et após
comerem algumas tâmaras e alimentarem seus cavalos, foram dormir.
Quando viu que ninguém o estava
vigiando, o Provençal furtou com os dentes uma cimitarra, firmou a lâmina entre
os joelhos e cortou as cordas que lhe prendiam as mãos. Num momento estava
livre. Tomou de um rifle a de uma adaga, de um saco de tâmaras secas, aveia,
pólvora e montando a cavalo dirigiu-se a galope para o ponto onde esperava
encontrar o exército francês. Tão impaciente estava para encontrar um bivaque,
excitou tanto o animal a correr, que este chegou a morrer, deixando-o sozinho
no deserto. Após andar algum tempo na areia com toda a coragem de um fugitivo
convicto, foi obrigado a parar, pois o dia findava. Apesar da beleza da noite
oriental, sentiu que não podia continuar. Felizmente encontrara uma pequena
colina, no topo da qual algumas palmeiras se elevavam. Estava tão cansado que
caiu numa rocha de granito, recortada a capricho como um leito, e ali ficou
dormindo sem precauções de defesa. Lamentou ter deixado os Mangrabinos, cuja
vida nómade lhe sorria agora que estava sem ajuda. Foi despertado pelo sol
cujos raios inclementes causavam, caindo com força no granito um calor
intolerável. Ao olhar em torno, viu com horror que um oceano sem limite se
estendia diante dele. A escura areia do deserto ia para além donde a vista pode
alcançar, e vibrava como aço de tão ofuscante. Parecia um mar de espelho, ou
lagos misturados formando um grande espelho. O céu era de oriental esplendor e
insuportável pureza. Tanto o céu como a terra estavam ambos em fogo.
O silêncio era terrível na sua
selvagem e terrível majestade. O infinito e a imensidade fechavam-se sobre a
alma, de todos os lados. Nenhuma nuvem no céu, nenhuma vibração no ar, nenhuma
fenda na areia, movendo-se em pequeninas ondas. O horizonte terminava como no
mar, com uma linha de luz, fina como uma lâmina de uma espada. O provençal
abraçou-se com uma palmeira, como se ela fosse o corpo de um amigo e chorou.
Sentado, gritou, a fim de medir a sua solidão. Sua voz não despertou ecos. O
homem tinha vinte e dois anos. Carregou a carabina, da qual esperava a sua
libertação.
Pôs-se a lembrar a Franca, as
cidades que atravessara, os rostos dos companheiros, os menores detalhes de sua
vida. E a sua fantasia mostrou-lhe as pedras da amada Provença, na ilusão do
calor que ondulava na folha estendida do deserto. Temendo o perigo dessa cruel
miragem, dirigiu-se ao lado oposto da colina. Nesse local viu sinais de que
fora antes habitado; a pouca distância, palmeiras cheias de tâmaras. Então o
instinto que nos prende a vida acordou de novo no seu coração. Desejou viver
até a passagem de atuns árabes. Ou talvez ouvisse o som de algum canhão, pois
que por esse tempo Bonaparte atravessava o Egito.
Quando provou daquele
inesperado maná, teve certeza de que as palmeiras tinham sido cultivadas por
algum habitante, tão boas eram a passou, desesperado a uma quase insana
alegria. Voltou ao topo da colina e pôs-se a cortar uma das palmeiras estéreis,
que lhe serviram abrigo. Lembrou-se dos animais deserto e, no caso de algum vir
beber na linfa visível na base das rochas que mais abaixo desaparecia, resolveu
resguardar-se nas pedras colocando uma barreira à entrada da sua ermida. Com
folhas da palmeira, uniu a esteira em que dormiria. E adormeceu, cansado.
Durante a noite seu sono foi perturbado por um ruído extraordinário,
soergueu-se, e o silêncio permitiu-lhe distinguir os acentos alternados de uma
respiração cuja selvagem energia não podia pertencer a um humano. Seu coração
gelou-se, sobretudo quando percebeu através das sombras dois olhos amarelos. A
vívida irradiação da noite no deserto ajudou-o a distinguir os objetos, e viu
assim um animal deitado a dois passos. Era um leão, um tigre, ou um crocodilo.
Imaginou as piores coisas,
sentindo a respiração mais próxima, coragem para fazer um movimento. Um cheiro
forte encheu a caverna, foi quando ele percebeu a presença de um terrível
companheiro.
O reflexo da lua, descendo no
horizonte, iluminou o abrigo, tornando visível e resplandecente a pele pintada
de uma pantera. O leão do Egito abria e fechava os olhos, a face voltada para o
homem. Este sou primeiro em matá-lo com a carabina, mas viu que não havia
distância bastante entre ambos. E a ideia de despertar a fera fê-lo
enrijecer-se. Chegava a ouvir as batidas do próprio coração, amaldiçoando esse
ruído, com medo que o animal o ouvisse e despertasse, pois enquanto este dormia
ele podia raciocinar e encontrar um meio de fugir. Duas vezes pôs a cimitarra
para cortar a cabeça do inimigo, mas se falhasse seria morrer na certa;
preferiu esperar até amanhecer, que não tardou. Não podia examinar a pantera à
vontade: o focinho estava cheio de sangue. “Ela jantou bem", pensou, sem
se lembrar de que o festim poderia ter sido de carne humana. "Felizmente
não está com fome".
Era uma fêmea. Os pelos da
barriga e dos flancos esbranquiçavam-se. Muitas marcas pequenas parecendo
pelúcia formavam lindos braceletes em volta das patas. A cauda sinuosa era
também branca, terminando em círculos pretos. Em cima do corpo, vestido de ouro
fosco, macio e suave, manchas características em forma de rosetas, que
distinguem a pantera das outras espécies felinas. Essa tranquila e formidável
hóspede ressonava numa atitude graciosa como a de um grande gato deitado numa
almofada. As patas nervosas, manchadas de sangue, estavam estendidas adiante da
cabeça, que nelas descansava. Se a visse numa jaula, o provençal a teria
admirado pela graça e pelos vigorosos contrastes de viva cor que lhe emprestavam
aos pelos um esplendor imperial; mas perturbava-o o seu sinistro aspecto. A
presença da pantera, embora adormecida, não podia deixar de produzir o efeito
que os olhos magnéticos da serpente exercem sobre o rouxinol. Como os homens
habituados ao perigo, que desafiam a morte e oferecem o corpo às balas, o
homem, vendo na situação um mero episódio trágico, resolveu representar o seu
papel honrosamente. Considerando que os árabes o teriam matado, e que,
portanto, estava vivo quase que por milagre, esperou corajosamente, com
excitada curiosidade, o despertar do inimigo. Quando o sol raiou, a pantera
abriu os olhos, estendeu as patas com energia, bocejou, mostrando o formidável
aparelho dos dentes e da língua pontuda. Lambeu o sangue das patas e coçou a
cabeça com um gesto gracioso. "Está fazendo a sua toalete", disse o
francês para si mesmo. "Agora vamos dizer bom dia ao outro", e tomou
da adaga que furtara dos Mangrabinos. Nesse momento a pantera virou a cabeça e
olhou-o fixamente, sem se mover. A rigidez dos seus olhos metálicos e aquele
brilho insuportável fizeram que ele estremecesse, principalmente quando o
animal caminhou para ele. Procurou, porém, olhá-la carinhosamente dentro dos
olhos, para magnetizá-la, e quando a teve bem junto a si, com um movimento
gentil e amoroso, como se acariciasse a mais belas das mulheres, passou-lhe a
mão pelo corpo, da cabeça à cauda, coçando-a. O animal mexeu a cauda
voluptuosamente, e seu olhar ameigou-se; e quando, pela terceira vez, o francês
acariciou-a, a pantera deu um desses miados que os gatos dão quando sentem
prazer. Mas esse som de uma garganta tão poderosa e profunda ressoou na caverna
como as vibrações derradeiras de um órgão na igreja. Compreendendo a
importância de suas carícias, o homem redobrou-as, de modo a surpreender e
assombrar a sua imperial cortesã. Quando teve a certeza de haver extinguido a
ferocidade da caprichosa companheira, cuja fome felizmente fora satisfeita na
véspera, levantou-se para sair da caverna; a pantera deixou-o ir, e depois,
quando ele se achava no topo da colina, pulou com a leveza de uma andorinha e
foi esfregar-se nas pernas dele, espichando as costas para cima fazem os gatos
enquanto soltava outro gemido de prazer.
Ele levou a ousadia ao ponto
de acariciar-lhe as orelhas, a barriga e a cabeça, o mais que pôde. Quando viu
que dava bom resultado, coçou-a com a ponta da adega, esperando o momento
oportuno para matá-la, mas a dureza dos ossos dela fê-lo temer um insucesso. A
sulina do deserto mostrou-se gentil para com o seu escravo; ergueu a cabeça,
esticou o pescoço, e manifestou o seu deleite. E o soldado resolveu dar-lhe uma
punhalada na garganta. Levantou a lâmina, quando a pantera, satisfeita,
deitou-se graciosamente aos seus pés, olhando-o com certa simpatia, como se o
examinasse. O homem pôs-se a comer tâmaras, enquanto ela o olhava; finda a
refeição, ela pôs-se a lamber-lhe as botas, com a língua áspera, limpando com
maravilhosa habilidade a poeira acumulada nas dobras. E ele admirou as
proporções do animal, certamente um dos espécimes mais esplêndidos da raça.
Como era refinada a cabeça, do tamanho do de uma leoa! Havia nela a fria
crueldade de um tigre, é verdade, mas também a vaga parecença com o rosto de
uma mulher sensual. Parecia um Nero embriagado: saciara-se de sangue e queria
divertir-se.
O soldado experimentou se
podia andar, e a pantera deixou-o, contentando-se em acompanhá-lo com os olhos;
e foi quando ele verificou os vestígios do cavalo: a pantera arrastara a sua
carcaça por ali; já dois terços do animal tinham sido devorados. Isso
tranquilizou o homem.
Concebeu ele então a louca
esperança de continuar em bons termos com a pantera durante o dia todo; voltou
para junto dela e teve a inenarrável alegria de vê-la abanar a cauda, em quase
imperceptível movimento. Sentou-se, sem medo, ao seu lado e começaram a
brincar; segurou-lhe as orelhas, virou-a no chão, de costas, bateu-lhe nos
flancos mornos e delicados. Ela deixou-o fazer o que quisesse e quando ele
puxou os pelos das patas, encolheu as garras cautelosamente. O homem, com a
adega na mão, imaginava enterrá-la no peito da pantera, mas temia que ela o
envolvesse num abraço fatal, na derradeira convulsão; além disso, sentiu uma
espécie de remorso que o fazia respeitar uma criatura que não lhe fizera nenhum
mal. Perecia-lhe ter encontrado um amigo, num deserto ilimitado; meio
inconscientemente lembrou-se da primeira namorada, que ele apelidara
"Mignononne", por contraste porque era tão atrozmente ciumenta que,
durante todo o tempo em que durara aquele amor, vivera apavorado por causa da
faca com que ela sempre o ameaçara. E essa lembrança fê-lo pôr na pantera o
mesmo nome, agora que a admirava com menos terror. Até o fim do dia estava
familiarizado com essa perigosa posição; até quase já gostava do perigo que
nela encontrava. E o animal até já se habituava a olhar para ele quando gritava
em voz aguda: "Mignonne!”
Ao pôr do sol Mignonne deu
vários urros profundamente melancólicos. "Ela é muito bem-educada. Está
rezando as suas orações", disse o corajoso soldado. "Bem minha
lourinha, vou te pôr na cama", disse-lhe, contando, com a atividade das
próprias pernas para correr o mais depressa possível assim que ela adormecesse,
a fim de procurar outro abrigo para a noite. Esperou com impaciência a hora da
fuga, e andou vigorosamente na direção do Nilo; mas mal tinha feito um quarto
de milha na areia quando ouviu a pantera correndo-lhe atrás, soltando um
daqueles terríveis urros, que eram piores que o ruído de seus pulos. "Bom
ela está enrabichada por mim. Nunca encontrou outro ser humano antes, de modo
que é muito interessante ser o seu primeiro amor". Nesse momento o homem
caiu numa dessas areias-movediça, tão terríveis para os viajantes e das quais é
impossível salvar-se. Sentindo-se perdido, deu um grito; a pantera segurou-o pela
gola com os dentes e, pulando para trás, retirou-o da areia movediça como que
por magia. — "Ah! Mignonne!" exclamou ele acariciando-a entusiasmado.
“Estamos unidos para a vida e para a morte! Palavra de honra, que não estou
brincando!" E voltou.
Desse momento em diante o
deserto pareceu-lhe habitado. Continha um ser com o qual podia falar, e cuja
ferocidade lhe parecia até amena, embora não pudesse explicar a si mesmo aquela
estranha amizade. Por mais que desejasse ficar vigilante, dormiu.
Ao despertar não encontrou
Mignornne; subiu a colina, e a distância saltando em sua direção, como fazem
esses animais que não podem correr devido a extrema flexibilidade da coluna
vertebral. Mignornne chegou com a boca cheia de sangue; recebeu a carícia do
companheiro, mostrando-lhe o quanto isso a fazia feliz. Seu olhar parecia mais
amoroso do que na véspera.
"Senhorita, és um amor.
Então andaste comendo algum árabe? não faz mal. Eles são tão animais quanto tu.
Mas não vás comer franceses, porque então não te quero mais".
Ela brincava como um cão com o
dono, por vezes até provocando-o com a pata.
Passaram assim alguns dias.
Essa companhia permitiu que o provençal apreciasse a sublime beleza do deserto;
a solidão revelou-lhe todos os seus segredos. Descobriu na alvorada e no
pôr-do-sol aspectos desconhecidos do mundo. Estudou na noite o efeito da lua
sobre o oceano de areia, onde o simum erguia ondas rápidas. Após o calor e a
exaustão do dia, abençoava a noite, porque caía sobre o deserto a saudável
fressura das estrelas, e ele ficava a ouvir a música imaginária do céu. E a
solidão ensinou-o a desenrolar os tesouros dos sonhos. Passava horas inteiras
lembrando-se de pequenos nadas, comparando a vida presente a passada. Terminou
por gostar apaixonadamente da pantera: pois que alguma espécie de afeição era
uma necessidade.
Fosse porque a sua força de
vontade se projetasse poderosamente modificando o caráter da sua companheira,
ou fosse porque ela encontrasse presa abundante nas suas precatórias excursões
pelo deserto, o fato é que ela respeitava a vida do homem, e ele deixou de
temê-la, vendo-a tão domesticada.
Passava a maior parte do tempo
dormindo, mas precisava vigiar para que o momento da libertação não lhe
escapasse, caso alguém passasse na linha do horizonte. Sacrificara a camisa
para fazer uma bandeira, que prendera ao topo de uma palmeira, cuja folhagem
retirara. Arranjara um meio de mantê-la sempre esticada, por meio de uns
pauzinhos, pois que o vento podia não estar soprando na hora em que algum viajante
passasse ao longe.
E era nas longas horas, em que
abandonava a esperança, que se divertia com a pantera. Aprendera-lhe as
diferentes inflexões da voz, dos olhos; estudara os caprichosos padrões das
rosetas que lhe marcavam de ouro o pelo. Mignonne não se zangava quando ele lhe
segurava a cauda para contar os anéis mais escuros e ele sentia prazer em
contemplar-lhe a silhueta, a brancura do peito, a postura graciosa da cabeça.
Mas quando ela estava brincando é que ele adorava olhá-la; a agilidade e a
leveza jovem de seus movimentos eram-lhe contínua surpresa; gostava de ver o
jeito ágil com que ela pulava e subia e lambia o pelo. Por mais rápido que
fosse o pulo, por mais incerta que fosse a pedra onde ela se encontrasse,
parava sempre ao escutar a palavra "Mignonne".
Um belo dia, enorme pássaro
atravessou o espaço. O homem deixou a pantera para ver o novo hóspede; mas após
esperar um pouco a sultana do deserto protestou com um miado profundo.
"Meu Deus? será que ela está com ciúme?" exclamou ele, vendo o olhar
que ela lhe lançou. A águia desapareceu no ar, enquanto o soldado admirava o
contorno recurvo da pantera. A profusa luz do sol tornava-lhe a pele de puro
ouro, queimando-se de um modo infinitamente atraente. O homem e a pantera
olharam-se como se se compreendessem; a coquete estremeceu ao sentir a carícia
da mão na sua cabeça; os olhos brilharam como relâmpagos, e depois fecharam-se.
“Ela tem alma", disse
ele, olhando para a tranquilidade dessa rainha das areias, dourada, branca,
solitária e ardente tal como elas.
E ambos terminaram como
terminam sempre as grandes paixões, com um desentendimento. Por algum motivo um
suspeita do outro, teme uma traição. Não chegam a se explicar, devido ao
orgulho e também por teimosia. Às vezes basta urna palavra ou um olhar.
E o soldado provençal
contou-me que, sem saber se a ferira ou não, viu-a de repente virar-se furiosa
e enterra-lhe na perna os agudos dentes... gentilmente, quase... E ele,
pensando que ela ia devorá-lo, meteu-lhe a adaga no peito. Ela rolou, soltando
um grito que lhe gelou o coração; e viu-a morrendo, olhando-o porém sem
ressentimento. Teria dado o mundo inteiro — até a sua condecoração, que nessa
ocasião ainda não recebera — para fazê-la voltar à vida. Era como se tivesse
assassinado uma pessoa! e os soldados que viram a bandeira e foram salvá-lo
encontraram-no em prantos.
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