
Jardineiro
(1922)
Sou jardineiro
imperfeito: 
Pois no jardim
da amizade, 
Quando planto
um amor-perfeito 
Nasce sempre
uma "saudade”...
Se amor é uma
balança 
De dois
corações pesar, 
O equilíbrio
só se alcança 
De maneira
singular. 
Não pesam
nunca igualmente 
Dois corações
por iguais, 
E o equilíbrio
é justamente 
Ter um menos...
Ter um mais...
Zangadinha,
zangadinha, 
Quem foi que
assim te zangou? 
— Foi alguém
que me adivinha 
E sabe por que
é que estou... 
Sonhei que íamos
seguindo 
Por uma dessas
estradas: 
Um caminho
branco e lindo, 
Como nos
contos de fadas.
E a tua voz me
dizia:
“Amo-te”! E eu ria, e chorava,
“Amo-te”! E eu ria, e chorava,
Porque em
sonho pressentia 
Que era um
sonho que eu sonhava. 
Ora, a Vida!
Deixe-a andar! 
Não queiras da
Vida ter 
O que ela não
possa dar 
Nem tu possas
merecer! 
Voluvelzinha,
tem calma! 
Borboleta
bandoleira, 
Vais de uma
alma para outra alma, 
De uma para
outra roseira. 
Mas quando
acabar a festa 
Buscarás, desiludida,
Uma haste!
Nada te resta. 
Para o teu
resto de vida... 
De amor. Amor
é infinito. 
Do encanto do
seu poder 
Tanta coisa se
tem dito!...
E há tanta coisa
a dizer... 
ADELMAR TAVARES
 
 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sugestão, críticas e outras coisas...