Nasci nas
redondezas de Capim Grosso, no meio do mato, entre bichos humanos e outros
bichos. Foi ali que cresci e vivi boa parte de minha infância. Era um universo
à parte, onde a implacável realidade da vida dura se mesclava com um imaginário
povoado de seres fantásticos, de monstros escondidos nas brenhas, de
cangaceiros sanguinolentos que violavam as castas donzelas, de visagens oriundas
de outros mundos para assombrar os vivos, de espíritos malignos que se
apossavam dos corpos de homens e mulheres, de humanos maus que se transformavam
em bichos medonhos, de aves agourentas que anunciavam mortes e catástrofes, de
despachos poderosos para ficar rico ou para trazer de volta a pessoa amada, de
rezas extraordinárias que curavam lepras e outras moléstias bizarras, de
simpatias e benzeduras com folhas santas e outros apetrechos, de filhos
amaldiçoados pelos pais e condenados a perambular pela terra nos dias santos etc... As histórias
que seguem são adaptações de muitas dessas histórias folclóricas, todas elas
atreladas a pessoas e eventos relacionados à nossa querida cidade.
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