Pesquisa e atualização ortográfica: Iba Mendes (2017)
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Tinha o coração duro, e não dava esmolas. Foi-se confessar uma vez, e o confessor deu-lhe por penitência rezar sete vezes o Padre Nosso.
“Não o sei, e nunca o pude aprender, respondeu o aldeão.”
“Pois nesse caso, tornou o confessor, imponho-te por penitência dar a crédito um alqueire de trigo a todas as pessoas que te forem pedir da minha parte.”
No dia seguinte de manhã apresentou-se o primeiro pobre.
“Como te chamas? perguntou-lhe o camponês.”
“Padre-Nosso-Que-Estais-No-Céu, respondeu o pobre.”
“E o teu apelido?”
“Seja-Santificado-O-Vosso-Nome.”
E o pobre foi-se embora com o seu alqueire de trigo.
Ao outro dia chega segundo pobre.
Como te chamas?
“Venha-A-Nós-O-Vosso-Reino.”
“E o teu apelido?”
“Seja-Feita-A-Vossa-Vontade.”
E partiu com o seu alqueire de trigo.
Veio terceiro pobre.
“Como te chamas?”
“Assim-Na-Terra-Como-No-Céu.”
“E o teu apelido?”
“Dai-nos-Hoje-O-Pão-Nosso-De-Cada-Dia.”
E levou o seu alqueire.
Vieram ainda dois pobres sucessivamente, e passou-se tudo da mesma forma até chegar ao Amém.
Pouco tempo depois o confessor encontrou o aldeão.
“Então já sabes o Padre Nosso?”
“Não, Sr. cura, sei só os nomes e apelidos dos pobres a quem emprestei o meu trigo.”
“Quais são? tornou o padre.”
E o aldeão enumerou-lhos a seguir, e pela ordem porque cada um se tinha apresentado.
“Já vês, disse o confessor, que não era muito difícil aprender o Padre Nosso, porque já o sabes perfeitamente.”
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