10/07/2017

Fantasia (Conto), de Delminda Silveira


Fantasia (Mística)

Pesquisa e atualização ortográfica: Iba Mendes (2017)

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A flor, pálida e triste, esmorecida na solidão gelada; o sol passou; e o seu calor deliu o gelo.

Do dia em meio ao solar ardente passava na solidão, — a flor, o raio seu beijou; a flor corou, tremeu...

Lá no Infinito, nuvens escuras, nuvens de tormenta, entanto perpassavam; talvez o vendaval, talvez o raio...

Mas o sol vira a flor pálida e triste; o branco seio gotejava lágrimas; o sol secou-as; a flor corou, sorriu...

E o branco seio derramou perfumes, e a solidão se revestiu de encantos, e no perfume e na doçura grata, sonhava o sol, sonhava...

Mas, lá no Infinito se agrupavam nuvens... era talvez o raio, talvez o vendaval!

A nuvem o sol cobriu e tudo escureceu; uma lágrima de ouro foi cair da flor no branco seio, lágrima que a luz do sol tornava ardente...

E a flor guardou no seio a gota incandescente e tão mimosa, — alma de luz, que, envolta em seu perfume, ficou no seio dela.

De novo a solidão, o gelo, e a flor mais desmaiada e triste; ai! Quando volveria o sol que a alma lhe deixou no seio...

Quem sabe!... ficou-se luz de esperança, foi uma estrela pálida e chorosa errante pelo Céu!

Viajor, viajor da vida, tu foste o sol; a flor que viste em teu caminho de urzes, guardou o teu amor, e o Céu guardou-lhe a esperança...

Segue teu rumo viajor da vida, mas ergue a fronte e o olhar: — não vês, lá no Infinito, uma estrela brilhando?... é a Esperança!

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