12/18/2017

A raposa e o homem (Conto), de Sílvio Romero


A raposa e o homem

Pesquisa e atualização ortográfica: Iba Mendes (2017)

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A raposa foi deitar-se no caminho por onde o homem tinha de passar, e fingiu-se morta.
Veio o homem e disse:

— Coitada da raposa!

Fez um buraco, enterrou-a e foi-se embora.

A raposa correu pelo mato, passou adiante do homem, deitou-se no caminho, e fingiu-se morta.

Quando o homem chegou, disse:

— Outra raposa morta! Coitada! Arredou-a do caminho, cobriu-a com folhas e seguiu adiante.

A raposa correu outra vez pelo mato, deitou-se adiante no caminho e fingiu-se morta.

O homem chegou e disse:

— Quem terá morto tanta raposa? Arredou-a para fora do caminho, e foi-se.

A raposa correu, e foi fingir-se outra vez morta no caminho.

O homem chegou e disse:

— Leve o diabo tanta raposa morta! Agarrou-a pela ponta do rabo, e atirou-a para o meio do mato.

A raposa disse então:

— Não se deve abusar de quem nos faz bem.

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