1/19/2019

Crucifixo (Emilianas)



Crucifixo


Tendo de dar um presente de aniversário a uma senhorita, o poeta Emílio de Menezes entrou numa joalheria da Rua do Ouvidor, pertencente a um judeu, para escolher um objeto adequado. O joalheiro lhe apresentou entre outros utensílios, todos de preço exorbitante, um pequeno crucifixo de marfim.

— Quanto custa este Cristo? perguntou Emílio.

— Duzentos mil réis.

— Apesar de ser de marfim, e bem lavrado, pelo tamanho é muito caro.

— Pois não podemos deixar por menos — respondeu o judeu.

— No entanto — retrucou o Emílio, sublinhando as palavras — venderam o original muito mais barato.


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Revista Careta, 10 de maio de 1913
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2019)

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