Narciso
(Mitologia grega)
Há muito tempo, na floresta
passeava Narciso, o filho do sagrado rio Kiphissos. Era lindo, porém, tinha um
modo frio e egoísta de ser, era muito convencido de sua beleza e sabia que não
havia no mundo ninguém mais bonito que ele.
Vaidoso, a todos dizia que seu
coração jamais seria ferido pelas flechas de Eros, filho de Afrodite, pois não
se apaixonava por ninguém.
As coisas foram assim até o dia
em que a ninfa Eco o viu e imediatamente se apaixonou por ele.
Ela era linda, mas não falava, o
máximo que conseguia era repetir as ultimas sílabas das palavras que ouvia.
Narciso, fingindo-se
desentendido, perguntou:
— Quem está se escondendo aqui
perto de mim?
— ... de mim — repetiu a ninfa
assustada.
— Vamos, apareça! — ordenou —
Quero ver você!
— ... ver você! — repetiu a mesma
voz em tom alegre. Assim, Eco aproximou-se do rapaz. Mas nem a beleza e nem o
misterioso brilho nos olhos da ninfa conseguiram amolecer o coração de Narciso.
— Dê o fora! — gritou, de repente
— Por acaso pensa que eu nasci para ser um da sua espécie? Sua tola!
— Tola! — repetiu Eco, fugindo de
vergonha.
A deusa do amor não poderia
deixar Narciso impune depois de fazer uma coisa daquelas. Resolveu, pois, que
ele deveria ser castigado pelo mal que havia feito.
Um dia, quando estava passeando
pela floresta, Narciso sentiu sede e quis tomar água.
Ao debruçar-se num lago, viu seu
próprio rosto refletido na água. Foi naquele momento que Eros atirou uma flecha
direto em seu coração.
Sem saber que o reflexo era de
seu próprio rosto, Narciso imediatamente se apaixonou pela imagem.
Quando se abaixou para beijá-la,
seus lábios se encostaram na água e a imagem se desfez. A cada nova tentativa,
Narciso ia ficando cada vez mais desapontado e recusando-se a sair de perto da
lagoa. Passou dias e dias sem comer nem beber, ficando cada vez mais fraco.
Assim, acabou morrendo ali mesmo,
com o rosto pálido voltado para as águas serenas do lago.
Esse foi o castigo do belo
Narciso, cujo destino foi amar a si próprio.
Eco ficou chorando ao lado do corpo
dele, até que a noite a envolveu. Ao despertar, Eco viu que Narciso não estava
mais ali, mas em seu lugar havia uma bela flor perfumada. Hoje, ela é conhecida
pelo nome de "narciso", a flor da noite.
Fonte:
"Contos tradicionais, fábulas, lendas e mitos": Ministério da
Educação - Fundescola - Projeto Nordeste - Secretaria de Ensino Fundamental.
Brasília, 2000 - Volume 2. (A imagem que acompanha o texto, não se inclui na
referida obra).
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