9/07/2019

Considerações sobre Pero de Magalhães de Gandavo (Resenha)



Considerações sobre Pero de Magalhães de Gandavo
 
Pedro (ou Pero) de Magalhães de Gandavo era português, nascido em Braga. Consta ter sido grande latinista. Professor da língua latina em Entre Douro e Minho. Foi amigo pessoal de Camões.

Residia no Brasil durante alguns anos, e colheu pessoalmente as informações que havia de pôr em seu famoso livro “Tratado da Terra do Brasil e a História da Província de Santa Cruz”.

Ignoram-se as datas de seu nascimento e de seu falecimento.

Ingênuo e religioso, o bom Gandavo esta propenso a ver em tudo determinação de Deus. E, o que é melhor, uma determinação de Deus favorável aos portugueses, talvez pudéssemos dizer sempre favorável também a Pedro de Magalhães de Gandavo. Os índios são muitos? São, mas Deus fez com que eles se mantivessem em permanente guerra, "por que se assim não fosse os portugueses não poderiam viver na terra, nem seria possível conquistar tamanho poder de gente..."

Sempre assim, nas menores coisas, uma interferência favorável da Divina Providência! Ate nas bananas, pois elas têm "dentro em si uma coisa estranha, a qual é que quando a cortam pelo meio com uma faca ou por qualquer parte que seja, acha-se nelas um sinal à maneira de Crucifixo, e assim totalmente o parecem...”

Entretanto, possuiu ele o seu senso de geógrafo, o seu instinto de naturalista, como o mostra, por exemplo, na descrição da vida dos índios. E, contudo, ainda aqui, tem observações de extrema ingenuidade, como aquela que se tornou famosa: "A língua deste gentio toda pela Costa uma: carece de três letras — não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não tem fé, nem lei, nem rei: e desta maneira vivem sem justiça e desordenadamente”.

Sejam, porém, quais forem as limitações, as insuficiências e os erros de Gandavo, tem ele um mérito especial aos nossos olhos: o de ter sido o primeiro autor que publicou um livro em português acerca do nosso país.

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Revista "Autores & Livros", 29 de agosto de 1948.
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2019)

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