4/09/2023

A propósito da missa do dia (Conto), de Rodrigo Paganino


A PROPÓSITO DA MISSA DO DIA 

Entre os trabalhadores da quinta, havia um chamado Antônio, bom rapaz, é verdade; mas que tinha um defeito, de que se não corrigia.

Era mentiroso, como os que o são, e quando o não acreditavam, amontoava juras, qual mais tremenda ou de mais responsabilidade e respeito para um homem de bem.

E era pena; porque poucos havia tão laboriosos como ele.

Era conhecido pelo — galo da madrugada — titulo bem justificado em vista do que se apressava em concorrer ao trabalho: e não poucas vezes os pobres benefícios, que o seu magro pecúlio lhe permitia fazer, vinham a constar, pelos outros e não por ele, muito em seu abono e boa reputação.

O tio Joaquim, conselheiro honorário daquela republica tinha-o repreendido muito; mas aquele maldito sestro não o queria o Antônio perder nem a bem nem a mal. Era o seu senão, que lhe acarretava não poucos dissabores e com o que não pouco prejudicava os outros.

Era num domingo, e depois da missa do dia, no adro da igreja estavam reunidos, em mó, os saloios daqueles sítios que tinham concorrido ao santo sacrifício. De fatos domingueiros, e varapaus ferrados, discorriam pelas novidades do lugar, exatamente como os nossos elegantes à porta do Marrare, ou nas salas do Grêmio.

Diga se a verdade; as Marias e as Joanas não deixavam de influir naquelas reuniões, porque não poucos eram os que ali compareciam levando em mira falar às suas requestadas, ensaiar requebros, ou ajustar entretenimentos para as horas de sesta ou para as tardes dos dias santos.

O nosso Antônio também não faltava à reunião, e já por mais de uma vez fizera das suas, sem consequências de maior, pelo pouco crédito que tinham naquele mercado campestre as notas do nosso caramboleiro.

Havia no lugar uma rapariga que se podia chamar uma perfeição, e que fazia tanta diferença das suas companheiras, como a rosa de musgo das rosas carrasqueiras dos valados.

Era gentil e mimosa, não tinha as cores de saúde, nem aquele acerejado do sol, ou formas robustas e quase viris da raparigada do campo; mas era mais esbelta, mais pálida, mais clara e com uns olhos tão negros, tão negros, que lhe saiam da alvura do rosto, como dois diamantes negros engastados em esmalte branco.

Vivia arredada e em recato, e não aparecia em arraial ou festa, senão de ano em ano e quase por milagre.

Chamavam-lhe — a fidalga,— e o nome casava tanto com a sua distinção de maneiras e garbo de porte, como o soar das ave-marias com os descampados das serras.

Como já se deve supor, os fragatas da terra tinham pretendido as honras de arrojado; mas debalde, porque os rejeitava, e quase todos descoroçoados tinham desistido da empresa.

Digo quase todos, porque dois ainda lhe arrastavam a asa, um, (aqui em segredo,) era atendido e bem olhado; o outro, mais feliz, nem falar nisso é bom, mordia-se de raiva pelos desdéns que sofria, e pelo pouco em que eram tidos os seus requebros e paixões.

A escolha de Emília tinha sido acertada, porque o José da Avó era o mais guapo moço daquelas duas léguas em redor. Desempenado e direito como uma vara de abrunheiro, valente como um pau de carrasco, generoso e de brio, como nenhum: nem o mais pintado lhe levava as lampas em trabalho de fazenda, em jogos de pau, ou em balharicos de domingo.

E cantigas! Sabia-as ele cantar, como os que as sabem; entoava uma desgarrada ou sustentava um desafio, mais afinado e a preceito do que muitos desses italianos em segunda mão, que os empresários nos impõem como notabilidades cantantes.

O outro pretendente não era muito cheio de não presta: mas ao pé do José da Avó ficava a perder de vista, o que não admira; porque vazados naqueles moldes não havia muitos no lugar. Ele porém, como não queria atender à razão, danava-se jurando pela pele do ditoso preferido.

Este era o estado da questão na manhã do tal domingo, e os dois rivais conservavam-se a distancia respeitosa no meio de dois grupos distintos.

Tinha saído já quase toda a gente da igreja, quando Emília se retirou, sem que lhe faltassem comentários, enquanto passava por meio dos grupos.

— Olha a delambida! soltou dali uma das raparigas mais feias da terra, parece que vai com o rei na barriga, nem olha para a gente.

— Era o que faltava, a fidalga!

— Vai toda enlevada no seu José, tem medo que lho tirem do lance.

N’isto o nosso Antônio, que não queria ficar atrás, também se intrometeu na conversa, dizendo com modos de quem estava corrente com os mistérios daquele círculo:

— Pois faz ele bem em perder o seu tempo, porque ainda não há muito que vi o Miguel de conversa com ela à porta de casa, e pelos jeitos que a coisa levava, não era a primeira vez que se falavam.

— Ora tu sempre tens uma língua!

— Um raio me parta se minto; tinha-me calado e feito vista grossa, mas agora ferveu-me o sangue quando a vi assim como quem queria deitar lama para a cara da gente.

As palavras de Antônio não tinham caído no chão. José, desconfiado como todos, estivera de ouvido à escuta e não perdera nem silaba. N’outra ocasião voltaria de certo as costas ao maldizente, mas desta vez mudava o caso de figura: o ciúme acreditava a voz do mentiroso e a tremer chegou-se ao pé dele, perguntando-lhe com voz indecisa:

— Juras que é verdade o que acabas de dizer?

— Se é! os diabos me levem se minto; eu por mim não queria causar-te nenhuma aquela; mas assim como assim mais tarde ou mais cedo havias de vir a sabê-lo; e, verdade verdade, ela não te merece.

— Basta, lhe retorquiu o pobre José, e foi-se como um raio até onde estava o suposto arrojado.

Inútil é dizer que tinha sido tudo isto enredos e obra de Antônio. Soltara as primeiras palavras como por demais, sustentara o dito por capricho, mais tarde para que não supusessem que tornara com a fala ao bucho por medroso.

Do outro lado do adro uma floresta de paus se levantava no ar, e já as navalhas estavam fora das algibeiras; os dois tinham-se travado de razões, e como palavra puxa palavra, tinham passado dos ditos a vias de fato e malhavam um no outro como se fosse um monte de milho.

Ambos tinham partidários, e por conseguinte a luta assumiu proporções maiores; porém por muito encarniçada que fosse entre os partidos, parecia um brinco de crianças à vista daquela em que os dois se tinham travado. Davam como quem se despedia do mundo, e como quem desejava ver estendido no chão o seu contrário.

Ao principio arrancaram dos paus e começaram a atirar as primeiras pancadas, que quase todas caíram em cheio; até que Miguel, depois de ter jogado umas poucas de sortes ao seu adversário, e como ambos estavam descobertos e só queriam dar, dissimulando uma pancada à cabeça, lhe dirigiu o pau por meia volta no ar às pernas. Quando lá chegou já o seu adversário o tinha procurado aparar, porém tanto em mal, e tão puxada d'alma ia a contraria, que o pau colhido no meio, não o aguentou e partiu-se; e o outro não encontrando resistência no corpo de José, porque ele já lho tinha furtado, foi de encontro às pedras do adro e partiu-se também.

Vendo-se desarmado, Miguel não perdeu tempo: correu sobre o inimigo com uma navalha e baldeou-o logo no chão jorrando sangue por uma ferida no ventre.

O assassino, apenas cometido o crime, tomou as de Vila Diogo, e a desordem começou a apaziguar-se com a chegada dos cabos da terra, que tratavam de remover o ferido e de prender os combatentes.

O causador de tudo isto tinha, logo que viu tomar ao caso uma feição que lhe não supusera, procurando sossegar o motim, confessando a sua mentira, porém já era tarde, naquelas alturas qualquer intervenção seria inútil; teve pois de assistir arrepelando-se, dizendo mal à sua vida, àquela triste cena, e prometendo, com mil juras que não mentiria nunca mais; ajudou soluçando a levar o ferido para sua casa na maca, que tinham ido buscar, e acusando-se todo o caminho de ter sido ele, e só ele, o culpado de tudo que sucedera.

Nos três dias, que sucederam à catástrofe, não se falou noutra coisa nos serões da quinta. Conhecia-se que o tio Joaquim por vezes tinha vontade de falar, porém tão sincero lhe parecia o arrependimento de Antônio, que sempre desistia do intento. Uma noite, porém, o nosso mentiroso, já esquecido das juras que fizera, começou, por uma coisa que nada valia, a invocar os santos todos do Paraíso em seu testemunho, e a pedir raios e coriscos para castigo se mentisse.

O velho narrador dessa vez saltou lhe no galinheiro, dizendo com aquela placidez de espírito, que tão habitual lhe era:

— Este Antônio faz-me lembrar o João da Tenda, que vivia lá em baixo ao pé das casas do mestre Raimundo e que por dez réis de mel coado fazia juras e protestos às carradas. Em mal lhe deu o vício, coitado!

— O que lhe aconteceu, tio Joaquim?

— O que foi, o que foi?

— Conte, conte; há tanto tempo que lhe não ouvimos uma história!

— Pois bem, sosseguem, que lhe não faltarei hoje, e não será por culpa minha se esta lhes não agradar.

O pobre do Antônio tinha pedido misericórdia com um olhar de suplica: mas o velho comprometera palavra e não havia de se esquivar à promessa.

— Diz lá o rifão: "quem compra e mente na bolsa o sente;" como diz também: "homem de boa lei tem palavra como rei", isto era quando os reis tinham palavra, se alguma vez a tiveram, que dessas coisas não sei eu, e quando não faltavam ao que prometiam.

O que é verdade é, que se o mentir prejudica a honra e o corpo, não menos prejudica a alma estar, por dá cá aquela palha a falar no santo nome de Deus, e no dos santos, que não são pontos com que se brinque.

Nenhum, dos que aqui estão, vai incomodar o patrão para coisas que não valem a pena, e muito menos por conseguinte devem ir bater à porta dos patrões mais subidos, para de mais a mais os tomarem para testemunhas e parceiros de coisas que não só não valem a pena, mas que são mentiras ainda em cima. E depois, quando se apanha fama de mentiroso, não há quem nos acredite por mais que deitemos os bofes pela boca fora, e ainda mesmo que falemos a verdade. Mau é dizer-se que o cão é danado.

— Mas se for para fazer bem, não se deve mentir tio Joaquim?

— Para tudo há remédio. Uns homens que perseguiam outro, perguntaram a um santo, que encontraram no caminho, se tinha visto passar o malfeitor.

O bom do santo tinha-o visto, não havia muito; mas nem o queria denunciar, nem mentir também: já vêem que ele estava nesse caso, e que se devia ver a perros.

— É verdade, é verdade, e que respondeu?

— Que por ali não passara; e como estava com as mãos nas mangas, apontou para dentro duma delas, por onde de certo o tal homem não podia caber.

— Ora! exclamaram alguns dos circunstantes, como admirados.

— Parecia santo saloio, tornou dali um ratinho, ultimamente embaçado na compra duma enxada.

— Nada que não, respondeu lhe logo o vendedor, que o percebera à légua, não tinha alma de beirão, que lá diz o ditado: no bom beirão corpo e alma pequenos são.

Talvez a questão se azedasse mais se o tio Joaquim os não interrompesse logo gritando: leva de rumor, vamos à história do João da Tenda.

Quando vim para esta terra, já vai num par de anos, tinha ele uma lojasita lá no largo de baixo, mesmo à esquina da estrada real. Era um pequeno modo de vida, que bem cultivado podia produzir bastante; mas como havia descuido no amanho a colheita foi infeliz.

Nestas coisas de negócio a reputação de homem de palavra se não é ouro de lei vale-o bem; e desta riqueza o bom do João era mais pobre do que Jó.

Ninguém se fiava nele e o crédito diminuía cada vez mais. Direito em contas e honrado era: porém aquele sestro maldito de mentir por dá cá aquela palha, a mania de fazer juras e protestos, que nunca se realizavam, fazia com que lhe roessem a corda na maioria dos ajustes, sem que tivesse direito de se queixar, porque não era mais do que pagar-lhe na mesma moeda.

Assim iam os tempos e o negócio corria-lhe por água abaixo.

Para maior desgraça, no sítio onde não havia senão a loja do João, veio estabelecer-se uma outra e tirar-lhe a freguesia.

Era do José Fernandes, que ainda hoje lá a tem no mesmo lugar, e que sabendo o valor do ditado — cara alegre ganha vontades,— tratou, enquanto o seu vizinho andava de maus modos, porque os tempos iam maus também, de chamar fregueses, tratando-os às mil maravilhas, e desfazendo-se em bons serviços.

João tinha uma filha, a menina dos seus olhos, e uma flor de enche-mão. Mais guapa rapariga não havia de certo por aquela meia dúzia de léguas em redor; e se tivesse nascido na cidade, se lhe tivessem debastado as grossuras dos campos com a plaina das fidalguias, meteria de certo a um canto essas arrebicadas, que para aí vem passar os verões e que parece que se estão mesmo a desfazer.

É bem certo, que não há panela sem testo, e para vasilha de tão fina louça, é preciso que a tampa lhe não desmereça da qualidade.

E assim era o arrojado de Joaquina: rapaz bem feito e espigado, forte de corpo e afeiçoado de rosto, um destes de quem não há nada que deitar fora.

Como é de crer, entendiam-se que era um regalo, e morriam um pelo outro. E que bem acertado por eles eram! Joaquina, delicada e fina como uma rosa de toucar, ou uma flor de madre-silva: Domingos, forte como um zambujeiro e direito como um prumo.

Encostados um ao outro, quando se falavam às furtadelas ao descair da tarde, pareciam, tanto ela se ajeitava a ele, e tão erguido ele estava, contente por a ter consigo, a haste da cruz de pedra que está defronte dos Ouriços, vestida com as braçadas flexíveis da hera, que lhe nasceu ao pé.

Ninguém lhe invejava a felicidade; antes, pelo contrário todos gostavam de os ver assim, pois pareciam ter nascido um para o outro. Mas sabem de certo, que não há bem que dure sempre, e o deles por isso havia de acabar em pouco tempo.

O pai de Domingos, Deus lhe fale na alma, era um fazendeiro abastado dos sítios, que contava para cima de vinte jeiras de terra de pão, fora umas seis courelas de trincadeira, duas hortas valentes, e um pomar de caroço de mais de trezentos pés de fruta. Por conseguinte o rapaz era um bom casamento para a rapariga, e por isso o João fazia a vista grossa. Que de mais a mais o noivo era moço de honra e incapaz de abusar.

Mas não assim o tio Fernandes, que não engraçava com o tendeiro por as suas mentiras, e que nada queria com gentes, que pertencessem ao caramboleiro. Tinha sido toda a sua vida homem de palavra, as suas promessas eram mesmo um evangelho, e quem não seguisse este modo de vida nada tinha feito com ele.

Domingos, como é de querer, tinha escondido do pai os seus amores com Joaquina. Uma vez por outra procurou sondá-lo a tal respeito, porém, como visse que era tempo perdido, tinha desistido da empresa, e assim ia tenteando o namoro com esperanças em que ou o velho cedesse da birra, ou o outro do vício.

Foi por estes tempos que se armou uma das tantas guerras que por aí tem havido na nossa desgraçada terra. Era preciso tropa e trataram de recrutamentos com toda a força.

Domingos, foi um dos sorteados. Seu pai, rico bastante, podia com facilidade pagar a um homem para o substituir, o caso era que o quisesse, e tanto que estava resolvido a sacar uma dúzia de loiras da arca, onde estavam havia um par de anos sem ver sol nem lua.

Era um domingo à noite, e o tio Fernandes recolhia-se de uma feira de gado onde fora comprar uma junta de bois, de que precisava para a lavoura. Vinha deitando contas à sua vida, e tão entretido que nem lhe tinha custado o caminho.

Ao voltar de uma azinhaga avistou de longe dois vultos, que não parecia darem pela sua vinda. Reconheceu-os logo, e percebeu também qual o fim com que seu filho tantas vezes lhe tinha desculpado o João da Tenda, e porque tão desgostoso andava por assentar praça.

Fez os seus entes de razão, e ajustou com os seus botões, que: desse por onde desse, não se havia de fazer semelhante casamento.

Nessa noite houve questão até fora de horas entre Domingos e seu pai. O rapaz confessou tudo e o velho negou-se a pagar-lhe o homem.

— Ou deixar o namoro ou assentar praça, disse-lhe o tio Fernandes e Domingos preferiu a segunda condição.

Meses depois chegava à terra a notícia da morte de Domingos. Tinha-se batido como um homem, tinha sido um dos primeiros a atacar, e pagara o atrevimento com a vida.

Figurem-se agora qual seria a pena de Joaquina ao saber de semelhante notícia. A pobre da rapariga, depois que o seu apaixonado partira, não tivera nunca mais uma hora de consolação. Levava os dias a chorar, que era uma dor de alma, e ia-se enfezando a olhos vistos.

João, o culpado de tudo, pelo seu amaldiçoado costume, sem recursos porque os fregueses lhe tinham fugido, e porque o mal de sua filha lhe levava o resto, estava que parecia outro: e naquela casa, onde todos viviam contentes, não havia já nem sinais de alegria.

A apaixonada moça foi esmorecendo cada vez mais, os médicos não lhe achavam remédio para o mal, e qualquer que lhe receitassem não o queria ela tomar.

Acabou a sua cruz, e, em poucos meses, foi reunir-se a Domingos, nessa outra terra onde os amantes vivem únicos eternamente, e onde os justos gozam da felicidade sem fim.

Quando entrarem no cemitério reparem para a esquerda, que hão de ver debaixo do terceiro cipreste, a contar da porta, uma cova com duas cruzes de madeira e uma coroa de perpetuas. Ajoelhem sobre a terra benta, rapazes, e rezem ao Senhor pelo pai e pela filha, que aí descansam juntos como o tinham estado em vida. Lembrem-se do que lhes sucedeu, e reparem, que às vezes uma mentira pode deitar a terra uma reputação por mais antiga que seja. Rapazes, quando se apanha um homem que não fale verdade, e quando se perde o crédito, perde-se em pouco dinheiro e honras. Felizes ainda dos que não pagam com a vida como o pobre João da Tenda.

Quando os trabalhadores saíram, chegou-se Antônio ao narrador.

— Percebi tudo, tio Joaquim, prometo-lhe não mentir nunca mais nem fazer juras por coisas poucas.

— Deus te ouça, tornou-lhe o velho, que és bom rapaz; e se perderes esse mau costume, poucos haverá que te levem a palma.

 

---
Iba Mendes Editor Digital. São Paulo, 2023.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sugestão, críticas e outras coisas...