Iba Mendes: A última vez

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2/12/2018

A última vez

A última vez

A última vez que a vi,

ela estava tão feliz!

seu rosto aspergia luz:

sorria e esnobava da vida.

A última vez que a vi,

ela estava tão infeliz!

seu rosto transparecia dor:

chorava e reclamava da vida.

A última vez que a vi,

ela estava tão indiferente à vida!

seu rosto inerte e apático:

não chorava nem sorria.

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Por: Iba Mendes (Fevereiro, 2018)

"O futuro parece-me que pertence ao conto, porque não há tempo de ler coisas grandes, – nem a inteligência, habituada cada vez mais a coisas prontas, a impressões diferentes e quase momentâneas, nesta vida de febre que nos devora, não saberá amanhã, ainda que queira, fixar-se muito tempo no mesmo assunto, por ter muitos, além disso, em que fixar-se… Depois, os próprios jornais, com a sua insistência cronométrica de todas as horas, o seu caráter de enciclopédia, a sua variedade, ou absorvem, ou fazem aborrecido, o hábito de ler demorado, – e livros, são às dúzias, e na grande maioria livros maus, o que também desanima. A vida, hoje, e cada vez há de ir a pior, é pouco extensa e é muito intensa. Nada, pois, de coisas demoradas: – tudo se quer breve, curto, incisivo, como esta linguagem rápida do telégrafo, que é bem a deste fim de século alucinado…" (Trindade Coelho, 1897)