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11/03/2019

Euclides da Cunha: A missão da Rússia (Ensaio)




A missão da Rússia
A Rússia é bárbara.
Entre a sociabilidade cortes, o sentimento da justiça e a expansiva espiritualidade latina, ou saxônia, penetrou, vigorosamente, o impulsivo e a rude selvatiqueza do tártaro, para se criar o tipo histórico do eslavo — isto é, um intermediário, um povo de vida transbordante e forte e incoerente, refletindo aqueles dois estádios, sob todas as suas formas, da mais tangível à mais abstrata, desde uma arquitetura original, em que passa do bizantismo pesado para o gótico ligeiro e deste para a harmonia retilínea das fachadas gregas — ao temperamento emocional e franco, a um tempo infantil e robusto, paciente ensofregado, em que se misturam uma incomparável ternura e uma assombradora crueldade.
Polida demais para o caráter asiático, inculta demais para o caráter europeu — funde-os. Não é a Europa, e não é a Ásia: é a Eurásia desmedida, desatando-se, do Báltico ao Pacifico, sobre um terço da superfície da terra e desenrolando no complanado das estepes o maior palco da história.
A Rússia veio ocupá-la retardatária.
Nasceu quando os demais povos renasciam. Tártara até o século XV, apareceu — engatinhando para o futuro balbuciante na sua língua sonora e incompreendida — quando a Europa em peso, num repentino refluxo para o passado, ia transfigurar-se entre os esplendores da Renascença e iniciava os tempos modernos, deixando-a, a iniciar, tateando e tarda, a sua longa Idade Média, talvez não terminada.
Mas aí está a sua força e a garantia de seus destinos. Ninguém pode prever quanto se avantajará um povo que, sem perder a energia essencial e a coragem física das raças que o constituem, aparelhe a sua personalidade robusta, impetuosa e primitiva, de bárbaro, com os recursos da vida contemporânea.
E nenhum outro, certo, no atual momento histórico, talvez gravíssimo — porque devem esperar-se todas as surpresas deste renascer do Oriente, que o Japão comanda — é mais apto a garantir a marcha, o ritmo e a diretriz da própria civilização européia.
Há quem negue isto. No último número, de junho, da North American Review, Carl Blind, nome que se ajusta bem a um deslumbrado diante do grande plágio do Japão — negando ao império moscovita o papel de campeão da raça ariana contra o perigo amarelo, esteia-se numa sabidíssima novidade: o russo é duplamente mongólico: é-o pela circunstância inicial de o constituírem as tribos khazares e turanas, e pelo fato acidental da conquista tártara, no século XIII, dos netos de Gengis Khan.
Atraído pela simplicidade deste argumento, conclui que não pode ser uma barreira ao pan-mongolismo um povo tão essencialmente asiático.
Mas se esquece de que o russo é, antes de tudo, o tipo de uma raça histórica. Turano pelo sangue, transmudou-se, em quinhentos anos de adaptação forçada, sob o permanente influxo do Ocidente.
A sua melhor figura representativa é a daquele original e inquieto Pedro, o Grande, perlustrando a Europa toda num perquirir incansável, que o arrebatava das escolas para os estaleiros, dos estaleiros para as oficinas, das oficinas para os salões, entre os filósofos, entre os mestres e artífices, entre os cortesãos e os reis, observando, indagando e praticando, imperador, aprendiz e discípulo, bárbaro perdidamente enamorado da civilização, propelido por uma ânsia inextinguível de saber e iniciar-se em todos os segredos da existência nova, que anelava transplantar ao seu povo ingênuo, grandioso e robusto...
Sabe-se quanto foi longa a tarefa.
Durante todo este tempo, não rebrilha o mais apagado nome eslavo. Houve as tormentas sociais do século XV com a renascença literária e a renascença religiosa; houve o deslumbramento do período clássico, e a renovação filosófica subsequente, e o cataclismo revolucionário; por fim, de par com o desafogo franco das ciências, o alvorecer encantador do romantismo.
A mesma Turquia teve no renascimento a sua idade de ouro, na corte do magnífico Solimão, onde imperava absolutamente o místico Baki, "o sultão da poesia lírica".
A Rússia, não. Na sua iniciação demorada, impondo-lhe o abandono da originalidade de pensar e sentir pela imitação e pela cópia obrigatórias, quedou pouco além das rudes rapsódias heroicas dos kalmukos.
Apareceu de golpe, já feita, e foi um espanto. Na região tranquila das ciências e das artes, parecia reproduzir-se a invasão da "Horda Dourada" dos mongóis. De um lado, Wronsky, uma espécie de Átila da matemática, convulsionando-a com a sua alucinação prodigiosa de gênio, ora transviado nos maiores absurdos, ora nivelado com Lagrange na interpretação positiva do cálculo; e de outro lado, Pouchkine, prosador e poeta, imprimindo no verso e na novela o vivo sentimentalismo e a energia e as esperanças do seu país. Então, o poder assimilador do gênio eslavo ostentou-se em toda a plenitude; e, pouco depois, a nação, educada pela Europa, aparecia-lhe com uma originalidade inesperada, apresentando-lhe aos olhos surpreendidos e aos aplausos que rebentaram, espontâneos, com Turguenieff, com Dostoiévski, com Tchkkorf e com Tolstoi, esse naturalismo popular e profundo repassado de um forte sentimento da raça, que tanto contrasta com a organização social e política da Rússia.
Estava feita a transformação: as gentes, constituídas de fatores tão estranhos, surgiram revestidas das melhores conquistas morais do nosso tempo. Mostra-o essa mesma literatura, onde vibra uma nota tão impressionadora dramática e humana. Qualquer romance russo é a glorificação de um infortúnio. Quem quer que os deletreie variando vontade de autores e de assuntos, deparara sempre a dolorosa mesmice da desdita invariável, trocados apenas os nomes aos protagonistas: todos humildes, todos doentes, todos os fracos: o mujique, o criminoso impulsivo, o revolucionário, o epiléptico incurável, o neurastênico bizarro e louco. Desenvolvendo este programa singular e inexplicável, porque, segundo observa Talbot, não há país que possua menor número relativo de degenerados, o que domina o escritor russo não é a tese preconcebida, ou o caráter a explanar friamente, senão um largo e generoso sentimento da piedade, diante do qual se eclipsam, ou se anulam, o platônico humanitarismo francês e a artística e seca filantropia britânica.
Nada mais expressivo no trair a alma nova de uma raça do mesmo passo em conflito com a retrógrada organização social, que a comprime, e com o utilitarismo absorvente destes tempos. Conforme um acerto de F. Loliée, o que caracteriza esta mentalidade é a preocupação superior dos fatos morais, o eterno problema altruísta, para que tendem todos os impulsos individuais ou políticos, através de uma análise patética dos menores abalos da natureza humana e visando, essencialmente, no franco estadear dos males profundos da Rússia, estimular as suas grandes aspirações e a sua marcha para o direito e para a liberdade. O próprio niilismo, com as suas mulheres varonis, os seus pensadores severos, os seus poetas sentimentais e ferozes, e os seus facínoras românticos — um desvario dentro de um generoso ideal — reponta às vezes nesta crise, como a forma tormentosa e assombradora da justiça.
No conflito o que se distingue bem é o choque inevitável das duas Rússias, a nova, dos pensadores e artistas, e a Rússia tradicional dos czares; o recontro do ária e do kalmuko.
Daí a sua fisionomia bárbara, porque é incoerente e revolta, surgindo numa profusão extraordinária de vida, em que os velhos estigmas ancestrais, cada vez mais apagados, mal se denunciam entre os esplendores de um belo idealismo cada vez mais intenso e alto...
***
Mas daí também a sua missão histórica neste século. Conquistada pelo espírito moderno, a Rússia tem, naqueles estigmas remanescentes, admiráveis recursos para a luta que nesta hora se desencadeia no Extremo Oriente. O seu temperamento bárbaro será o guarda titânico invencível, não já de sua civilização, mas também de toda a civilização europeia.
O conceito é de Havelock Ellis: o centro da vida universal dos povos tende a deslocar-se para o Pacífico circundado pelas nações mais jovens e vigorosas da terra — a Austrália, o Japão e as Américas.
Ali a Rússia não tem apenas o privilégio de ser a única representante da Europa, senão o de ser a única entre as nacionalidades que, por um longo contacto com a barbaria, pelo hábito de vencer e dominar os impérios orientais tipicamente bárbaros e por conservar ainda vivazes os atributos guerreiros do homem primitivo — está mais bem aparelhada a constituir-se o núcleo de resistência do "bloc" ocidental contra a ameaça asiática.
E inevitavelmente — quaisquer que sejam os prodígios dos bravos generais e dos bravíssimos almirantes japoneses — a civilização seguirá para aquele novo mundo do futuro — que margeará o Pacífico — tomando uma passagem no Transiberiano...

Euclides da Cunha: Garimpeiros (Ensaio)


Garimpeiros
O forasteiro que rio último quartel do século XVIII demandasse os povoados de Minas Gerais, ereto da noite para o dia na extensa zona do distrito Diamantino, sentia a breve trecho o mais completo contraste entre a aparência singela daqueles modestos vilarejos e as gentes que neles assistiam.
Entrava pelas ruas tortuosas e estreitas, ora marginando as lezírias dos córregos em torcicolos, ora envesgando, clivosas, pelo viés dos pendores, ladeadas de casas deprimidas de beirais desgraciosos e saídos; percorria-as calcando um áspero calçamento de pedras malgradadas; desembocava num largo irregular onde avultava a picota do pelourinho, ameaçadora e solitária; deparava mais longe duas ou três pesadas igrejas de taipa; e, certo, sentiria crescer a desoladora saudade do torrão nativo se naquele curto trajeto não se lhe antolhassem singularíssimos quadros.
Surpreendiam-no, empolgantes, o excesso de vida daqueles recantos sertanejos e o espetáculo original da Fortuna domiciliada em pardieiros.
E se conseguisse abarcar de um lance a multidão doudejante e inquieta, que atestava as vielas e torvelinhava nas praças, teria a imagem estranha de uma sociedade artificial, feita de elementos díspares transplantados de outros climas e mal unidos sobre a base instável, dia a dia destruída, ruindo solapada pela vertigem mineradora — da própria terra em que pisavam.
Acampado nos cerros, o povo errante levava para aqueles rincões — escalas transitórias ocupadas à ventura — todos os hábitos avoengos que não afeiçoavam ao novo meio. E estadeava todos os seus elementos incompatíveis fortuitamente reunidos, mas repelindo-se pelo contraste das punições e das raças: — dos congos tatuados que moirejavam nas lavras, com a rija envergadura mal velada pelas tangas estreitas ou rebrilhando, escura, entre os rasgos das roupas de algodão; aos contratadores ávidos e opulentos, passando por ali como se andassem nas cidades do reino, entrajando as casacas de veludo, de portinholas e canhões dobrados, abertas para que se visse o colete bordado de lantejoulas, descidas sobre os calções de seda de Macau atacados com fivelas de ouro. A grenha inextricável do africano xucro contrastava com a cabeleira de rabicho, empoada e em volta de um cadarço de gorgorão rematando numa laçada, do peralvilho rico; a alpercata de couro cru estalava rudemente junto do sapato fino, pontiagudo, cravejado de pérolas, do reinol casquilho, graciosamente bamboleante com o andar que ensinavam os "mestres de civilidade"; o cacete de guarda-costas vibrava próximo do bastão de biqueira de ouro, finamente encastoado; e o facão de cabo de chifre, do mateiro, fazia que ressaltassem, mais artísticos, os brincos de ourivesaria dos floretes de guarnições luxuosas dos fidalgos recém-vindos.
Ia-se de um salto de uma camada social a outra.
Parecia não haver intermédios àquela simbiose da Escravidão com o Ouro, porque não havia encontrá-los mesmo no agrupamento incaracterístico, e mais separador que unificador, dos solertes capitães-do-mato, dos meirinhos odientos, dos bravateadores oficiais de dragões, dos guarda-mores, dos escrivães, dos pedestres e dos exatores, açulados pelas ruas, farejando as estradas e as picadas, perquirindo os córregos e os desmontes, em busca do escravo; filando-se às pernas ágeis dos contrabandistas; colados no rastro dos contraventores; e espavorindo os faiscadores pobres, inquirindo, indagando, prendendo, intimando e, quase sempre, matando...
Sobre tudo isto dois tremendos fiscais que a Corte longínqua despachara apercebidos de faculdades discricionárias: o Ouvidor da comarca e o Intendente dos diamantes.
Tinham a tarefa fácil de uma justiça que por seu turno se exercitava entre extremos, monstruosa e simples, mal variando nos "termos de prisão, hábito e tonsura"; oscilando em mesmices torturantes, da devassa ao pelourinho, do confisco à morte, dos troncos das cadeias aos dez anos de degredo em Angola.
E que a terra farta, desentranhando-se nos minérios anelados, não era um lar, senão um campo de exploração predestinado a próximo abandono quando as grupiaras ricas se transmudassem nas restingas safaras, e fossem avultando, maiores, mais solenes e impressionadoras, sobre a pequenez dos povoados decaídos, as Catas silenciosas e grandes montões de argila revolvidos tumultuando nos ermos à maneira de ruínas babilônicas...
***
Mas fora da mineração legal adscrita na impertinência bárbara dos alvarás e cartas régias; trabalhada de fintas, alternativamente agravada pelo quinto e pela captação exaurida a princípio pelos contratadores e depois pela extração real, estendera-se intangível, e livre, e criminosa, irradiante pelos mil tentáculos dos ribeirões e dos rios, desdobrando-se pelos tabuleiros, ou remontando às serras, a faina revolucionária e atrevida dos garimpos.
Despejados dos arraiais; esquivos pelas matas que varavam premunidos de cautelas porque não raro no glauco das paisagens coruscavam, de golpe, os talins dourados e os terçados dos dragões girando em sobrerrondas céleres; caçados como feras — os garimpeiros, incorrigíveis devassadores das demarcações interditas, davam o único traço varonil que enobrece aquela quadra.
Vinham de um tirocínio bruto de perigos e trabalhos, nas velhas minerações; e, únicos elementos fixos numa sociedade móvel, de imigrantes, iam capitalizando as energias despendidas naqueles assaltos ferocíssimos contra a terra.
Desde as primitivas buscas pelos leitos dos córregos, dos caldeirões e das itaipavas, com o almocafre curvo ou a bateia africana, na atividade errante das faisqueiras; aos trabalhos nos tabuleiros, arcando sob os carumbés refertos ou vibrando as cavadeiras chatas até aos lastros ásperos dos nódulos de hematita das tapanhuacangas; às catas mais sérias, às explorações intensas das grupiaras pelos recostos dos morros que broqueados de cavas circulares e sarjados pelas linhas retilíneas e paralelas das levadas, desmantelados e desnudos, tornavam maiores as tristezas do ermo; e, por fim, à abertura das primeiras galerias acompanhando os veios quartzosos, mas sem os resguardos atuais, tendo sobre as cabeças o peso ameaçador de toda a massa das montanhas — eles percorreram todas as escalas da escola formidável da força e da coragem.
Vibraram contra a natureza recursos estupendos.
Abriram canais de léguas ajustados às linhas das cumiadas altas; e adunando a centenas de metros de altura, em vastos reservatórios, as águas captadas, rompiam-nos. Ouviam-se sons das trompas e buzinas prevenindo os eitos de escravos derramados nas encostas, para se desviarem; e logo após uma vibração de terremoto, um como desabamento da montanha, a avalancha artificial desencadeada pelos pendores, tempesteando e rolando — troncos e galhadas, fraguedos e graieiros, confundidos, embaralhados, remoendo-se, triturando-se, descendo vertiginosamente e batendo embaixo dentro dos amplos mundéus onde acachoava o fervor da vasa avermelhada lampejante das palhetas apetecidas...
Desviavam os rios; invertiam-lhes as nascentes, ou torciam-nos cercando-os; e, por vezes, alevantavam-nos, inteiros, sobre os mesmos leitos. Todo o Jequitinhonha, adrede contido e alteado por uma barragem, derivou certa vez por um bicame colossal, de grossas pranchas presas de gastalhos, deixando em seco, poucos metros abaixo, o cascalho sobre que fluía há milênios...
E ali embaixo, centenares de titães tranquilos, compassando as modinhas dolentes com o soar dos almocafres e alavancas, labutavam, cantando descuidados, tendo por cima o dilúvio canalizado...
Assim foram crescendo...
De sorte que quando a metrópole, exagerando a antiga avidez ante a fama dos novos "descobertos", se demasiou em rigores e prepotências para tornar efetivo o monopólio da extração, isolando aquela zona de todo o resto do mundo, dificultando as licenças de entrada e os passaportes, multiplicando registros e barreiras, extinguindo os correios, e tentando mesmo circunvalar as demarcações, não lhe bastando o permanente giro das esquadras de pedestres, baldaram-se-lhe em parte os esforços ante os rudes caçadores furtivos da fortuna, inatingíveis às fintas, às multas, às tomadias, aos confiscos, às denúncias, às derramas; e que aliados aos pechelingueiros vivos, aos tropeiros ardilosos passando entre as patrulhas com o contrabando precioso metido entre os forros das cangalhas, aos comboieiros que enchiam os cabos ocos das facas com as pedras inconcessas, ou aos mascates aventureiros intercalando-as nos remontes dos coturnos grosseiros — estendiam por toda a banda, até ao litoral, a agitação clandestina, heroica e formidável.
"Desaforados escaladores da terra!..." invectivavam as ríspidas cartas régias, delatando o desapontamento da Corte remota ao pressentir escoarem-se-lhe as riquezas pelos infinitos golpes que lhe davam nos regimentos aqueles adversários.
E armou contra eles exércitos.
Bateram longamente os caminhos as patas entaloadas dos corpos de dragões.
Adensaram-se em batalhões as patrulhas errantes e dispersas dos pedestres; e avançaram ao acaso pelas matas em busca dos adversários invisíveis.
Os garimpeiros remontavam às serras: espalhavam-se em atalaias; grupavam-se em guerrilhas diminutas; e por vezes os graves intendentes confessavam aos conselhos de ultramar a "vitória de uma emboscada de salteadores".
Finalmente se planearam batalhas.
Rijos capitães-generais, endurados nas refregas da Índia, largaram dos povoados ao ressoar das preces propiciatórias e sermões, chefiando os terços aguerridos, e arrastando penosamente pelos desfrequentados desvios as colubrinas longas e os pedreiros brutos.
Mas roncearam, inutilmente, pelos ermos.
Enquanto à roda, desafiando-os, alcandorados nos itambés a prumo; relampeando no súbito fulgir das descargas, das tocaias; derivando em escaramuças pelos telhados dos montes; arrebentando à boca das velhas minas em abandono, de repente escancaradas numa explosão de tiros — os "desaforados escaladores da terra", os anônimos conquistadores de uma pátria, zombavam triunfalmente daqueles aparatos guerreiros, espetaculosos e inofensivos.