O governo Lula assinalou o fim do
encanto da esquerda brasileira.
Ser da Esquerda antes de Lula era
estar ao lado de uma sociedade mais igualitária e mais justa do ponto de vista
social; era ser intelectualmente superior e culturalmente requintado. Daí a
quase total adesão dos intelectuais aos ideais ditos socialistas. Era como se fosse
uma simples questão de lógica. Apenas um retrógrado de mentalidade servil se
enveredaria por outro caminho.
Ser da Esquerda antes de Lula era
acreditar na liberdade e no sonho de um Brasil melhor; era o imperativo da
lucidez e do bom senso. Havia a expectativa de transformações profundas no país,
com menos opressão ao pobre e menos exploração aos trabalhadores.
Ser da Esquerda antes de Lula era
defender ideais de justiça e lutar em prol do respeito à dignidade humana; era advogar
no interesse das minorias e dos menos privilegiados socialmente. Grandes
intelectuais, incluindo aí escritores, poetas, cantores, atores e professores
universitários, engajaram-se na defesa da coletivização dos meios de produção e
de distribuição etc.
Ser da Esquerda antes do Lula era
presumir grandes mudanças na forma de fazer política e no modo de se gastar o
dinheiro público; era ter esperança no futuro e ficar à espera do novo em todos
os âmbitos da nação. O socialismo era uma espécie de axioma ou premissa cuja
fundamentação era a verdade absoluta, para a qual não podia haver nenhuma contestação.
Aí veio o Lula e com ele a
decepção, a revolta, o sentimento de tristeza generalizado, a frustração e a
sensação de pleno abandono. O Lula deixou viúva toda essa geração. Agora lhes
restam o vazio da incerteza, a angústia da desilusão, o suicídio ideológico, a
revolta do nada. Em síntese: o desencanto.
Alguns ainda resistem; outros se
converteram à Direita e passaram a militar por ela; e há aqueles que simplesmente
ficaram ambidestros, atuando em ambos os lados.
Pessoalmente optei pelo ceticismo
político. Vejo a Esquerda e a Direita brasileira como da mesma matéria fecal. Afasto-me para não me acostumar com sua fedentina. Em calão ainda mais baixo: essa merda não cheiro mais!
É isso!
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