12/16/2017

O cágado e a festa no céu (Conto), de Sílvio Romero


O cágado e a festa no céu
(Contos populares do Brasil – Sergipe)

Pesquisa e atualização ortográfica: Iba Mendes (2017)

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Uma vez houve três dias de festa no céu; todos os bichos lá foram; mas nos dois primeiros dias o cágado não pôde ir, por andar muito devagar. Quando os outros vinham de volta, ele ia no meio do caminho. No último dia, mostrando ele grande vontade de ir, a garça se ofereceu para levá-lo nas costas. O cágado aceitou, e montou-se; mas a malvada ia sempre perguntando se ele ainda via a terra, e quando o cágado disse que não avistava mais a terra, ela o largou no ar e o pobre veio rolando e dizendo:

Léu, léu, léu,
Se eu desta escapar,
Nunca mais bodas ao céu...

E também: “Arredem-se, pedras, paus, senão vos quebrareis.” As pedras e paus se afastaram, e ele caiu; porém todo arrebentado. Deus teve pena e juntou os pedacinhos e deu-lhe de novo a vida em paga da grande vontade que ele teve de ir ao céu. Por isso é que o cágado tem o casco em forma de remendos. 

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