5/02/2018

M. T. Rabello - Biografia de Olavo Bilac


Biografia de Olavo Bilac
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac nasceu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 16 de dezembro de 1865; era filho do Dr. Brás Martins dos Guimarães Bilac e D. Delfina Belmira dos Guimarães Bilac.
A casa onde Bilac viu a luz do dia ficava situada na Rua dos Andradas, mais ou menos em frente ao Largo da Sé, naquela época um largo pitoresco.
Olavo Bilac frequentou as Faculdades de Medicina do Rio de Janeiro e de Direito de São Paulo, abandonando ambas antes da conclusão do curso, para dedicar-se exclusivamente às letras. E assim viveu até 1898, quando foi nomeado inspetor escolar da Prefeitura Municipal, cargo que exerceu com brilho e no qual se aposentou. Bilac exerceu os cargos de Secretário da Prefeitura, na administração do Dr. Pereira Passos, de Diretor interino do Pedagogium e de Oficial da Secretaria do Interior do Estado do Rio de Janeiro durante o governo do Dr. Francisco Portella. Foi também Secretário do Congresso Pan-Americano e fundador da Agência Americana, e da Liga da Defesa Nacional.
Desde verdes anos demonstrou seu pendor literário, e sua obra é realmente de vulto, como poeta, como prosador, como orador e como jornalista.
Bilac publicou o primeiro volume de versos (Poesias), em São Paulo, no ano de 1888.
Como poeta, foi de sua geração um dos melhores não só pelo vigor da inspiração, pela espontaneidade do estro, como ainda pela correção da forma impecável e pela facilidade, força, colorido e brilho da expressão.
Cultor apaixonado da forma em verso, Olavo Bilac, que teve em grande estima a formosa língua em que escreveu, não foi menos correto e cuidadoso na prosa, porquanto as suas crônicas e fantasias, muitas das quais no velho estilo de folhetim, eram sempre graciosas e deliciosas e causaram, durante longo tempo, um sucesso contínuo e seguro. Escrevia prosa como escrevia versos: com fluência, elegância e limpidez.
Bilac publicou os seguintes trabalhos:
Sagres (poemeto em comemoração da descoberta do caminho da Índia – 1889); Brasil (poema comemorativo do Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil – 1900); A Defesa Nacional (discursos – 1917); Crônicas e Novelas (1894); Hino à Bandeira (1896); Discurso (no banquete oferecido a Alfredo Pujol, para festejar a sua eleição à Academia Brasileira de Letras – 1918); Crítica e Fantasia  (crônicas, notas diárias e discurso); Tarde (sonetos, livro póstumo – 1919); Bocage (conferência literária –1917); Poesias (primeiro livro publicado – 1888); Reabilitação do Brasil (conferência); Ironia e Piedade  (crônicas); Poesias Completas (incluídos os sonetos do livro Tarde – 1919); Poesias Infantis;  Conferências Literárias (1915);  Últimas conferências e discursos (1920); Caçador de Esmeraldas (poema traduzido para o italiano por Carlo Parlagrecco e finamente ilustrada pelo professor Henrique Bernardelli); Guide des Etats Unis du Brésil; Juca e Chico  (histórias de dois meninos em sete travessuras, por W. Busch, versos de Fantasio); Lira Acaciana (versos humorísticos de colaboração com Alberto de Oliveira e Pedro Tavares – 1900); COLABORAÇÃO COM COELHO NETO: A Terra Fluminense – Educação Cívica (1898); Teatro Infantil (comédias e monólogos em prosa e verso); Contos Pátrios (para as crianças de ambos os sexos); Pátria Brasileira (narrativas sobre a História do Brasil);   COLABORAÇÃO COM MANOEL BONFIM:  Livro de Composição (curso complementar das escolas primarias);  Através do Brasil (leitura para o curso médio); Livro de Leitura (curso complementar); COLABORAÇÃO COM GUIMARÃES PASSOS: Tratado de Versificação; Dicionário de Rimas.
Olavo Bilac recolhia há dezesseis anos dados para um Dicionário Analógico, que deixou incompleto e que seria de grande importância e único no Brasil.
Foi sócio fundador da Academia Brasileira, na qual ocupou a cadeira nº 15, que tem por patrono Gonçalves Dias, tendo sido seu Secretário Geral, e sócio correspondente da Academia de Ciências de Lisboa.
Foi um verdadeiro artista e assim o proclamou o público, assim o consagraram os intelectuais, elegendo-o, num concurso aberto pela revista Fon-Fon, em 1913, o PRÍNCIPE DOS POETAS BRASILEIROS.
Olavo Bilac ainda militou intensamente na imprensa, tendo sido redator do Correio do Povo, Gazeta da Tarde, Cidade do Rio, Gazeta de Notícias, A Notícia, República, Correio Paulistano, Estado de S. Paulo, Revista do Brasil, O Diário e outros. Com Raul Pompeia fundou a Rua, com Julião Machado a Bruxa e a Cigarra, e com Pardal Mallet o Combate. Quando acadêmico de Direito, em São Paulo, fundou com o caricaturista Bento Barbosa, a revista humorística e literária Vida Semanária. Foi também um dos fundadores da revista de literatura e artes Kosmos e cujo aparecimento causou verdadeiro assombro no meio artístico e literário do país pela sua fina confecção.
Usou dos pseudônimos Fantasio e Olívio Bivar e das iniciais O.B.
Sua última conferência teve por tema a Reabilitação do Brasil e foi realizada em São Paulo, na Sociedade de Cultura Artística.
Deixou no prelo o soberbo livro de sonetos Tarde, cuja edição foi esgotada na mesma semana de sua publicação.
Foi um dos vultos mais encantadores dessa boemia dourada que nos primeiros quinze anos da República encheu de espírito e de copioso anedotário os quatro cantos da capital brasileira.
Fez diversas viagens à Europa, sendo que a primeira enviado por José de Patrocínio, como correspondente da Cidade do Rio.
Esteve por duas vezes na República Argentina, sendo que da primeira na comitiva jornalística, que em outubro de 1900, acompanhou o Presidente Campos Sales que foi retribuir a visita feita ao Brasil pelo Presidente Júlio Rocca, e da segunda vez representando com outro o Brasil no Congresso Pan-Americano.
Por ocasião do estado de sítio consequente da revolução da armada, em 1893, esteve preso durante cinco meses na Fortaleza da Lage.
Analisando os nossos poetas, assim disse Júlio Dantas, Presidente da Academia de Ciências de Lisboa: "Exceção feita de Olavo Bilac e Alberto de Oliveira, poucos poetas brasileiros têm dominado com tão magistral perfeição a língua portuguesa; poucos aquém e além-Atlântico, foram tão fiéis à clássica disciplina do verso; muito poucos conseguiram impor as formas estróficas, sem prejuízo da elegância e da flexibilidade, uma tão solida estrutura".
Na Faculdade de Direito de São Paulo foi inaugurado em 2 de agosto de 1919, um medalhão com a efígie do poeta, trabalho artístico do notável escultor, o Sr. Pasquale Fosca, e posteriormente, na mesma Capital, foi inaugurado, um majestoso monumento por iniciativa e esforços do Centro Acadêmico Onze de Agosto.
Bilac morreu às 5h30 horas da manhã de 28 de dezembro de 1918, em sua residência, à Rua Barão de Itambi nº 35.
"Já raia a madrugada. Deem-me café. Vou escrever", foram suas últimas palavras.
Os despojos mortais do grande poeta brasileiro foram inumados no cemitério de São João Baptista em jazigo perpétuo adquirido pela Liga da Defesa Nacional, tendo sido todo o trabalho artístico escultural feito pelo professor Rodolfo Bernardelli, gratuitamente, como homenagem à memória do grande poeta brasileiro.
M. T. RABELLO
Rio de Janeiro, junho de 1934.

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