9/29/2018

A morte de Luís Delfino (Memória)


A morte de Luís Delfino 


Jornal “O Pharol”, 
quarta-feira, 2 de fevereiro de 1910:

Mais um grande vulto da literatura nacional acaba de desaparecer: morreu Luís Delfino, o grande, o extraordinário poeta da Solemnia verbal, Imortalidade e do Livro de Helena.

Nunca, em Língua Portuguesa, poeta algum produziu mais do que o morto de anteontem.

Luiz Delfino dos Santos nasceu a 25 de agosto de 1834, na cidade de Desterro, a atual Florianópolis, Capital de Santa Catarina, doutorou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1857. Quando se proclamou a República foi eleito Senador pelo seu Estado natal.

A política, porém, não foi de molde prender o alevantado espírito do poeta. Não se demorou muito a voltar para a sua arte.

Luís Delfino fazia versos desde Oito anos. No colégio, de calças curtas, versejava. Ao entrar para a Academia era um poeta extraordinário.

A sua vida teve nuvens para as nossas letras. Aos vinte e cinco anos, casado e com filhos, viu que as rimas não lhe davam o pão à família. Deixou a lira e foi clinicar. Foi um dos primeiros médicos do seu tempo e, nessa vida de ver doentes, passou trinta. Fez fortuna e, durante trinta anos, não escreveu um verso.

Rico, os filhos já criados, sem mais preocupações de futuro, recolheu-se à casa e abraçou-se de novo à lira

É a época mais extraordinária, a mais espantosa, a mais exuberante do seu grande talento. Foram sonetos sem conta, poesias de que ele próprio não sabia o número, poemetos e poemas, que ninguém pôde saber ao certo. Nesse tempo, Luís Delfino de produziu mais de três mil sonetos.

Colaborou em grande número de jornais e revistas do Rio e do interior, entre estes no Correio de Minas e nesta folha, que se orgulha de ter abrigado em suas colunas produções de alguns de nossos mais ilustres homens de letras.

Luís Delfino era reputado por muitos como o maior poeta brasileiro de todos os tempos. Era, não só o mais fecundo, como o mais velho dos poetas contemporâneos.

O ilustre poeta era viúvo e deixa cinco filhos, dos quais três senhoras. Era pai do Dr. Tomás Delfino, ex-senador pelo Distrito Federal, e de nosso prezado colaborador Aldo Delfino.

Dando pêsames à família do grande morto, tornamo-los extensivos às letras nacionais, cobertas do luto com o passamento do extraordinário poeta.

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