
Reflexão acerca da morte de Virgílio Várzea
15 de outubro
de 1942:
A literatura brasileira perdeu, no ano
passado, com a morte de Virgílio Várzea, um dos seus mais originais ficcionistas.
Filho das praias de Canavieira, em Santa Catarina, o autor de Rose Castle
teve a embalar-lhe a infância as cantigas que os marujos trazem dos portos
distantes. E o contato com os pescadores, com os homens acostumados às longas
travessias, aumentou a sua paixão do oceano, já vinda no sangue de uma família
de marinheiros. Os seus olhos embeveciam-se na contemplação dos horizontes sem
limites, imaginando aventuras, na surpresa das viagens. Somente a orfandade
colocou um parêntesis nos seus sonhos inquietos, obrigando-o a fixar-se na
antiga Desterro, onde iniciou os estudos, incentivado por Cruz e Souza.
Concluído o curso de humanidades,
Virgílio Várzea veio para o Rio, matriculando-se na Escola Naval. A vida
literária atraiu-o, entretanto, fazendo com que os aparelhos náuticos fossem
trocados pela pena de jornalista. Aliás, não houve bem uma troca, porque várias
vezes a sua carreira na imprensa sofreu interrupções, com engajamentos em
veleiros das mais diversas nacionalidades. E, tendo as raízes mergulhadas na
esteira dos navios, a sua obra de contista principiou a ser composta. O travo
exótico das histórias de Pierre Lotie o marinheiro dos relatos de Claude Farrere
fundiam-se nas suas páginas com o vigor das produções elaboradas à chama do entusiasmo... O nome do ilustre escritor é recordado, com justiça
e oportunidade, neste número dedicado a Santa Catarina.
JÚLIO DANTAS
Revista "Vamos Ler", 15 de outubro de 1942.
Revista "Vamos Ler", 15 de outubro de 1942.
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