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A gralha enfeitada com penas de pavão
Como os
pavões andassem em época de muda, uma gralha teve a ideia de aproveitar as
penas caídas.
– Enfeito-me
com estas penas e viro pavão!
Disse e fez.
Ornamentou-se com as lindas penas de olhos azuis e saiu pavoneando por ali a
fora, rumo ao terreiro das gralhas, na certeza de produzir um maravilhoso
efeito.
Mas o trunfo
lhe saiu às avessas. As gralhas perceberam o embuste, riram-se dela e
enxotaram-na à força de bicadas.
Corrida
assim dali, dirigiu-se ao terreiro dos pavões pensando lá consigo:
– Fui tola.
Desde que tenho penas de pavão, pavão sou e só entre pavões poderei viver.
Mau cálculo.
No terreiro dos pavões coisa igual lhe aconteceu. Os pavões de verdade reconheceram
o pavão de mentira e também a correram de lá sem dó.
E a pobre
tola, bicada e esfolada, ficou sozinha no mundo. Deixou de ser gralha e não
chegou a ser pavão, conseguindo apenas o ódio de umas e o desprezo de outros.
Amigos: lé com lé, cré com cré.
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Fonte:
Fonte:
Do livro "Fábulas e Histórias diversas"
Pesquisa e adequação
ortográfica: Iba Mendes (2018)
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