12/09/2018

Quinca Micuá (Poema), de Catulo da Paixão Cearense


O gaiteiro Quinca Micuá, fugido de
sua terra, vai contar o que lhe sucedeu
à primeira pessoa que dele se condói,
aqui, na Capital Federal,

Quinca Micuá
(O Gaiteiro do Sertão)

Nosso Sinhô dê bons dia
a vasmincê, meu patrão,
e a toda a sua famia.

Cheguei há cinco sumana
nesta grande Capitá.

Sou musgo!... Musgo gaitêro!...
E, não é pru me gavá,
fui o terrô dos violêro
dos sertão do Ceará.

Os samba daquela terra,
adonde canta a viola,
adonde geme o ganzá,
não via o nacê do dia,
sem o gimido chorado
do gaitêro arriliado,
do seu Quinca Micuá.

Cumo o rio — da nacente;
cumo a pranta — da simente;
cumo a simente — de coisa
que ninguém sabe... ninguém,
nací gaitêro tômbêm!

Vasmincê pode me crê:
não fazia duas hora
que acabava de nacê,
e já levava parmada
de minha mãe, cumo quê!!

Toda a vez que ia mama,
a pobrezinha gritava,
pruque eu, mamando, apertava
aquela santa maminha,
pensando já, meu patrão,
que fosse uma sanfoninha!!

Eu sempre fui um cabôco
bunito, cumo ele só!
As tapuia lá dos verde
dizia que eu tinha uns óio
facero de noitibó!

Quando eu intrava num samba,
todo pimpão e gostoso,
cum os cabelo ingurdurado
dum gósméco, bem chêroso,
a cabrochada assanhada
ficava logo inciumada
de me vê dengoso ansim!

Tudo que era fermuzura
ficava doida pru mim!
Eu tômbêm fazia cera,
mas porêm, cumo brinquedo!
Dêxava sêmpe as cabôca
lambendo os óio dos dedo.

Querê bem?! Não! Que isperança!

Nunca pude credita
im tanta jura de amô
que me fazia a Tudinha,
a Miritinha, a Izabé,
naquelas caraminhola,
que é o visgo que sái da boca
da pió sucúrújuba
que Deus criou: — a muié!
________________

Agora iscute, patrão.

Prós lado lá do sertão
do meu santinho Ceará,
vivia um hômem chamado
— Lotéro Caracará.
Era rico, apois pissuía
uma fortuna de gado.
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Findava o mês da mutuca.
________________

Na minha daquele dia,
tinha chegado da Côrte
uma afiada do véio,
cum o nome de Cunceição.
________________

Era um dia de fônção!

Lotéro, que era casado
cum a sinhora Cunegunde
e tinha um érmão doutô,
tinha mandado inducá,
na Côrte... na Capitá,
essa tá de Cunceição,
cum carinho e munto amô!

Tinha a mocinha seis ano,
quando saiu do sertão.

Era férmosa, apois não!
Os óio dela fazia
pipoca no coração.
Tinha um nariz paricido
cum o bico do tinconcão.

As corda dos seus cabelo,
im duas trança ispaiáda,
era cumo dois sedenho
duma vaquinha amojada.

Cunceição era sarada!!...
Não tinha a cô das cabôca!
Era da cô da passóca,
tirante a batata assada.
Cantava e tocava musga
num caxão grande, — o priano,
que eu vi a premera vez
im casa do seu doutô

Batia língua cum ele,
falando as língua da instranja,
que inté mitía pavô!
Cunceição tinha o segredo
de conta, riscando os númbro
no pape, sem sê percizo
conta cum as ponta dos dedo!

Num instantezinho inscrivia
tudo o que ela bem quiria!

Im pé, andando ou deitada,
im quarqué livro ela lia,
si li dava na veneta!
Lia pru-riba e correndo,
que eu ia prá mim dizendo
que era coisa do Capêta!

Quando falava... hinspanhó,
o doutô chamava ela
murzella... ou... miudamurzélla!

Eu vi, patrão, munta vez
que ela logo arrespundia
"murciú", falando ingrês!

Cunceição vinha passa
argum tempo no sertão
cum Lotéro e cum sá dona!

Era um dia de fônção!...

Eu ia toca sanfôna.

Naquela noite, patrão,
meu insturmento gritava,
parece que arrebentava
as tripas do coração!

A minha gaita cantava,
cumo si fosse um vim-vim!
Aquela moça já tava
achamegada pru mim!

Ela se pôs cum inxirisse!...

Óiáva p'ra mim!... si rial...

Eu, na sanfôna, gimía!...

Ela uma "coisa" me disse!...

Eu logo me dirritía!...

Mas a canela da onça,
meu patrão, não assubía!...

Foi o diabo, patrão!

O cara de barbatão,
que se danava de feio,
mais feio que São Simão,
oiáva ansim de réis-véis,
arripiava a quêréca,
imquanto a véia sapeca
me oiáva cum danação.

A muié tinha o nariz,
(não ofendendo os presente),
— de castanha de caju!...

Era uma véia barbada!...
Tinha uma cô de imbuzada!...
Só tinha uns óio bunito,
cumo os óio do tatu!!

Um gaitêro, o Zé Fréchão,
me óiando, inté paricía
me querê cume cum as mão!
Baixinho, a ruê coirana,
Inluminata, a Rosinha,
a Chica, a Luíza, a Tudinha
xingava a mim e xingava
a sinhora Cunceição.

Quando isquentava a fônção,
apois, agora, o doutô
tava tocando o caxão
prás moça toda porká,
a Cunceição, a danada,
me puxou, num safanão,
pr'a me dizê: "Micuá"!

"Eu tôu memo apaxonada!...
Tu firiu meu coração!"

Ela contou que o padrinho
quiría que ela casasse
cum o érmão, o tá doutô,
um moço todo lampêro,
que istudou na Capitá
seis ano, prá curandêro,
e que ela não tinha amô!!!

Que não quiria casa,
somente pr'ú sê doutô,
cum esse cara de intanha
e bico de picapáu.

Levasse a breca a sabença,
que ela amava uma sanfôna,
o insturmento mais bunito
ao despois do marimbáu.

Patrão, este seu criado,
o seu Quinca Micuá,
uvíndo o que ela dizia,
trimía, patrão, trimía,
cumo o junco da lagoa
im dia de ventania!

Pr'á pude me arritirá,
ánte da festa acaba,
foi perciso que eu jurasse
p'ra sá dona Cunceição
que eu ia no outro dia,
sem farta, toca sanfôna
no samba do Zé Chicão.

Quando eu cheguei, no outro dia,
na guarapêra do cabra,
já Cunceição incontrei.

Óie, patrão: a verdade
nunca mereceu castigo!

Eu tômbêm me apaxonei!!!

No samba do Zé Chicão,
foi o diabo, patrão!

Um cantado de viola
fez esta impruvisação: —

"Eu já vi um sapo-boi,
num aguaçá dum bréjão,
"dizendo que a sua gaita
parecia um azulão".

Preguntando um outro cabra:
— E o que tu disse, Janjão?!
O prêmêro arrespondeu: —
"Eu varejei uma pedra
no fucinho desse cão".

Puxei pula intiligença,
e arrespundi prô zangão:
"Estes verso bem amostra
que saiu dessa cachola!
O sapo-boi, que tu viu,
tá tocando viola".

O cabôco tiriúma
cuspiu do couro o quicé!

Eu, no meio das cabôca,
isgruvitava cum os pé!

Se as muié não cunsintía
que eu me ispaiásse à vontade,
(não minto, não, falo séro!)
garrei na minha sanfôna,
e... perna p'rá quê te quero!

Apois, esse violêro
do samba do Zé Chicão,
o cabra da gaforinha,
se as muié não me garrasse,
não cumía mais farinha!

Apois, dona Cunceição
me pidía!... Supricava
pula santa de seu nome!!
Caxinxe, é sêmpe caxinxe,
e um hôme, é macaco é hôme!

Ao despois, o seu Lotéro,
sabendo daquelas coisa,
disse a sinhá Cunceição
p'rá não falá mais cumigo!

Ora, vêje que pirigo!

Sá Cunceição, que era fina.
cumo a gente diz pru cá,
de minha, todos os dia,
imquanto os véio drumia,
lá ia assunta cumigo,
imbáxo dum biribá.

Eu nunca vi coisa ansim:
a muié, que era inducada,
gostava memo de mim!

Caísse as água do céu,
ou fizesse o Só bom dia,
certinho, toda a minha,
o biribá já me via
tocaiando a Cunceição!

Na minha que ela não vinha,
era que o véio babão
e a rabujenta madrinha
tinha acordado mais cedo.

Ora, um dia eu tive medo!

O coirão da marvadinha
me catucou p'rá fugí!

"Sá dona!" eu arrespundi:
váincê é moça inducada!
Eu sou um pobre gaitêro,
um tocado de sanfôna!
Isso é coisa munto fêia
p'ra uma mocinha dizê!
Não fale nisso, sá dona!...

Óie, Sá dona, o Tinhoso
tá tentando vasmincê!"

Inda eu táva supricando,
e a muié me dava as costa,
indo imbóra, arresmungando.

***

Passêmo duas sumana,
sem tá junto... sem nos vê!

Despois que a gente arengou,
de minha, naquela hora,
eu passava munto longe,
iscundido atrás das moita
das verde jaráuácica,
p'rá vê se via o diabo
da mocinha tiririca!

Tinha perdido a aligria!

Nunca mais toquei num samba!

E a minha gaita gimia,
cumo a curuja avuando,
quando a noite come o dia!

A tia Angérca, uma véia
da casa de seu Lótéro,
que cumigo se incontrou,
me disse que o tá doutô
fazia cera cum ela!...

Cum ela!... Sim!... Sim, sinhô!

Senti nos bofe um calô!...

O carcanhá me trocêu!...

Eu juro a váíncê, eu juro,
que, sem toca cum estes dedo,
a minha gaita gemêu!

Naquela noite eu andei!...
Andei pulas mataria!...
A sanfôna não tocava!...
Táva muda!... Não gimia!

Eu apertava... afróxava!!...
táva sem voz!... Só bufava!

Quando se perde a vrégonha,
abasta o amô querê,
faz do hôme uma pamonha!

Fui pedi a tia Angérca
p'rá dizê p'rá Cunceição
que eu táva isperando ela,
ánte do Só acorda,
no outro dia, cumo sêmpe,
imbáxo do biribá.

Dito e feito. No outro dia,
naquela hora marcada,
eu isperava a marvada!
A sanfôna, pindurada
num ramo, a se imbalançá,
quando uviu ela falá,
sem eu toca cum estes dedo,
introu de novo a cantá!

Pula arage balançada,
no ramo, d'aqui p'ra lá,
parecia inté, patrão,
que a gaita era o coração
do férmoso biribá!!!

Eu entonce preguntei
se ainda me tinha amô.

Não disse nada!... Calou!

Eu falei nesse inxirído,
no moço... no... no doutô!

Foi entonce que falou,
dizendo que ela falava
siturdia cum esse moço,
pru via dum má de rengo...
e pru via duma dô.

Doutra feita, foi pru via
duma grande narvragía
no miolo do coração!

Mas porêm já táva bôa,
despois que o doutô fisgou
nos dois braço uma injérção.
(lá nela)... de fôia seca,
e simente de gervão.

Despois, zangada, me disse
que eu amava sem calô!!!
Que eu tinha sido o prêmêro,
o prêmêro que ela amou!

Que tinha munto dinhêro
p'rá nós vive afórgado,
sem se importa cum o Lótéro,
nem cum o diabo do doutô.

Entonce, apouzando o braço
cá pru-riba do meu hômbo,
sinti cumo uma friáge
nos grugumío do istômbo!

Trimí, seu patrão, trimí!
Mas porém, quando outra vez
me catucou p'rá fugi,
não sei cumo não morrí!

Ai, que moça tão marvada,
mas porém... tão bunitinha!

Despois, me disse no uvido:
"Micuá, uma boquinha!..."

Apois, juro a vasmincê!...
Eu não sabía o sintido
da palavra... Pode crê!

Quando ela me disse o que era,
gritei: "Dona Cunceição!!!

"Não quero sabe de nada!!!
Eu amo váincê, sá dona,
cum todo este coração,
que bate aqui neste peito!
Não tire paluxo, não!...
Não me farte cum o arrêspeito!"

O sinhô Caracará,
que já tinha alevantado,
uvíndo eu falá mais arto,
cumo uma onça, num sarto,
garrou na minha gaitinha,
que nem cachorro inraivado!

Eu fiquei ajuêiádo,
sem pude arrispirá,
vendo que o hôme quiria
a sanfôninha quebrá!!!

Quando eu disse prô padrinho
que a sua linda afiada
foi e havéra de sê sêmpe
cá pru mim arrespeitada,
cumo sêmpe arrespeitei,
o raio da iscumungada
me fez cum os dedo... uma figa,
que eu nem sei cumo fiquei!!

Seu patrão, não digo nada!!!

A muié táva ispritada!!!
O véio tinha o insturmento
alevantado nas mão,
me óiando cumo o capêta,
cum uns óio de sucurí!

Foi quando, entonce, num grito,
ela gritou: "Meu padrinho,
este hôme sem vrêgonha,
me achando sozinha aqui,
me pidíu uma boquinha,
me catucou p'ra fugi,
dizendo umas coisa fêia,
que váincê nem faz indéa!"

O hôme entonce, o mardito,
cumo uma féra acúáda,
fisgou-me im riba do quengo
a minha gaita adorada!

A minha gaita, a sanfôna
que eu não trocava pru nada!

Quanto tempo, quantas hora,
eu ali fiquei ansim!

E, quando dei fé de mim,
táva no meio do véio
e duns cabra da Fazenda,
que o diabo mandou chamá!

Entonce levei no lombo,
levei tanta gurungumba,
cumo se fosse um zabumba...
tanta corda de crôá,
que se eu vivesse cem ano,
inda guardava siná!!!

Correu pru todo o sertão
que o seu Quinca Micuá
tinha tirado paluxo
cum a dona!... a miúdamurzélla,
afiada do Seu Lótéro!...
A Sá dona Cunceição!

Todo mundo preguntava:
"Cumo é que esse Micuá,
um sanfônêro de nome,
foi se inxirí cum uma moça,
que era noiva dum doutô,
e afiada desse hôme?!"

Tudo virou contra mim!

Fugi de lá do sertão,
da minha terra!... De lá!!

Despois daquela muxinga,
vim drúmindo pulos mato,
im caminho da cidade,
ispinhando de sôdade
da minha pobre sanfôna,
que lá ficou dispenáda
imbáxo do biribá!

Ai, quantas noite, sosinho,
nos mato da minha terra,
gemendo na sanfôninha,
e de bariga prô á,
óiáva o céu e me ria
de vê cumo as istrelinha
lá no céu táva a sambá!

A vida é um samba, patrão!

Apois, quem é que na vida
samba mais?

É o coração!

Leva a cabeça assuntando
todo o dia, mas porêm,
de noite, vái discançá!

Somentes o coração,
ánte da gente nacê,
inté a gente morrê,
leva a sambá... a sambá!!!

O coração é fié!...

A cabeça, ai, a cabeça
é que é maléva e crué!

Foi a cabeça, foi ela
que me perdeu!... me impuiôu!

Quantas vez o coração
não chorou... e... arresmungou!

Dêxei a Luíza, a Tudinha,
a Inluminata, a Rosinha,
a Graciúna, a Lulu,
a Bastiana Sanhassú,
a Sanda, a Felicidade,
a Vitoca das Sôdade,
a fia do Zé Chicão,
a Chica do Zé da Serra,
a cabôca mais bunita
dos mato da minha terra...
pru móde dessa murzéla
ou dessa miúdamurzéla,
dessa dona Cunceição!!!

A Inluminata, a Rosinha,
a Bastiana, a Tudinha,
nenhuma sabía lê!

Mas porêm, p'ra quê? P'rá quê?l

Só p'rá vregônha perdê?!

P'rá jura farso e mintí?!

P'rá cunvidá p'rá fugi?!

P'rá tê o discaramento
de me querê dishonrá,
pidindo um bêjo, que é coisa
que a gente não deve dá,
sem prêmêro arrecebê
a santa benção de Deus,
numa ingrêja, ao pé do artá?!

Tudinha era uma muié
inguinorante, sarvage!...
Tudo o que váincê quisé!!

Mas porém, meu patrãozinho,
aquilo é que era muié!

Muié, que teve a corage,
a corage, sim, sinhô,
duma noite, lá num samba,
no meio de toda a gente,
tira do pé a chinela,
a chinela. Seu doutô,
p'rá me castiga na cara,
só pru via de eu tê dado
p'rá uma cabôca uma frô!

Isso, sim, é que é muié!...
Isso, sim, é que é o amô!!

A outra butou a rosa
nos cabelo, e, orguiósa,
se pôs-se logo a sambá!

Mas porêm, aqui, na cara,
ficou tômbêm outra rosa,
vremêia, grande e férmosa,
a frô da dô de canela,
do disispero do amô,
o sina lá da chinela,
que tômbêm era uma frô!

Óie, o ciúme é treidô!
É o fio mais macriado
que tem a Amizade e o Amô!

Seus pai, o Amô e a Amizade,
tem munta e munta vontade
de vê seu fio inducado!
O minino é discarado!!
Mas porém, óie!!... é bom fío!

Quando ele vê sua mãe
e seu pai amachucado,
si da muié cá da Côrte
faz um bruto assarvajado,
se faz dum hôme outro bruto,
crué, disprepositado,
sêje, como eu, um gaitêro,
ou sêje um doutô fromádo,
quanto mais um coração,
um coração de cabôca,
que não foi cirvilizado!?

Patrão, agora, eu pregunto:
o que era aquilo? O que era?

Vasmincê vái me dizê
que aquilo era estupideza
da muié lá do sertão!...

Que a muié tinha a fêrêza
dum urutu, duma féra!
E vasmincê tem rézão!

Era uma féra, firida
no fundo do coração!

Isto, sim, é que é muié
que sabe, amá, meu patrão!

Vindo do amô, do ciúme,
das mãos do amô, das mão dela,
ánte o sina da chinela
na cara, cum um bofetão,
que um bêjo, um bêjo de Juda
na boca da Inducação!

A Tudinha não prendeu
a bate língua, ispritada,
cumo essa moça inducada,
que tinha o tempo vadio!...
Mas porêm a Cunceição
não sabéa bate roupa,
cumo a Tudinha, a cabôca,
lavando à bêra do rio!!

Eu ánte quiria sê
a pedra adonde lavava
sua roupa a lavadêra,
do que sê todos os livro
que ensinava a Cunceição
p'ra falá tanta porquêra!
A muié mais sem vrêgonha
é a Sinhora Inducação!

Inducação!!? Que hirizia!

Danada! Eu te discunjuro,
im nome da Mãe de Deus,
da Santa Virge Maria!

Os mato, as árve, as choupana,
os rios, os córgo, a boiada,
as roça e mais as quêmada,
o machado, a foice, a inxada,
a lua, as noite istrelada,
as viola e as magua chorada
no coração das tuada,
o canto da passarada...
não pércisa de ti, não!

Inducação!! Pru piadade!

Tu nasceu cá na cidade!!

Não vái mexê cum essa gente
das terra do meu sertão.

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