1/19/2019

Academia (Emilianas)


Academia

Em certa ocasião Emílio de Menezes apresentou candidato à Academia de Letras um advogado muito atarefado, que há poucos anos transferiu sua residência para esta cidade. Esse advogado, além das suas incursões naturais na literatura jurídica, tinha feito alguns ataques no terreno da filosofia e do romance, e as suas obras eram já numerosas.

Um dos membros mais ilustres da Academia, encontrando-se na ocasião com o Emílio, falou-lhe nessa candidatura, e pediu-lhe para ele um voto.

O Emílio voltou-se para o seu interlocutor e disse-lhe:

— Tenho o maior desejo de o servir e de lhe ser agradável, mas há um impedimento muito sério para que eu dê meu voto ao A...

— Que impedimento é esse?

— As suas obras! É essa a única razão que, a meu ver, o impede de entrar na nossa Academia. Se não houvesse escrito nada, seria mais fácil. Ele é pessoalmente um homem tão amável...


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Revista Careta,  8 de fevereiro de 1919

Pesquisa e adaptação ortográfica: Iba Mendes (2019)

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