Academia
Em certa ocasião Emílio de
Menezes apresentou candidato à Academia de Letras um advogado muito atarefado,
que há poucos anos transferiu sua residência para esta cidade. Esse advogado,
além das suas incursões naturais na literatura jurídica, tinha feito alguns
ataques no terreno da filosofia e do romance, e as suas obras eram já numerosas.
Um dos membros mais ilustres da
Academia, encontrando-se na ocasião com o Emílio, falou-lhe nessa candidatura,
e pediu-lhe para ele um voto.
O Emílio voltou-se para o seu
interlocutor e disse-lhe:
— Tenho o maior desejo de o servir e
de lhe ser agradável, mas há um impedimento muito sério para que eu dê meu voto
ao A...
— Que impedimento é esse?
— As suas obras! É essa a única razão
que, a meu ver, o impede de entrar na nossa Academia. Se não houvesse escrito
nada, seria mais fácil. Ele é pessoalmente um homem tão amável...
---
Revista Careta, 8 de fevereiro de 1919
Pesquisa e adaptação ortográfica: Iba Mendes (2019)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sugestão, críticas e outras coisas...