9/29/2019

Paulo Setúbal: aspectos biográficos



Paulo Setúbal: aspectos biográficos

Nascido em Tatuí, no Estado de São Paulo, a 1º de janeiro de 1893, o escritor Paulo Setúbal morreu aos 44 anos de idade, a 4 de maio de 1937, na capital do seu Estado natal. Aos 21 anos, formado em direito, passou a exercer a profissão liberal em muitas cidades do interior do Estudo. Aceitou mesmo a investidura no posto de promotor público.

Também se viu tentado pela política. No período legislativo de 1926 a 1930, foi deputado estadual, tendo perdido a cadeira com o movimento revolucionário de outubro.

Seu primeiro volume é uma coletânea de poesias, "Alma Cabocla". Pouco conhecido dos que mais tarde se tornaram fanáticos do romancista, esse volume encerra, no entanto, algumas produções poéticas bastante expressivas do falar e do sentimento do sertão paulista. Uma dessas composições, "Chiquita", tem estrofes de delicioso sabor regional, como esta que aqui transcrevemos:

Bom dia! Sempre bonita!
— É assim que eu vou, de manhã,
Saudar a linda Chiquita,
Que, toda em frios, tirita.
No seu vestido de lã.

Mas a grande força literária de Paulo Setúbal, o gênero que lhe deu em verdade o prestígio popular, as apologias críticas e o "fauteuil" na Academia foi mesmo o romance histórico.

O primeiro deles, "Marquesa de Santos", aproveitando todos os documentos existentes em torno do caso amoroso do nosso primeiro imperador, causou um sucesso sem precedentes, no gênero. Esse romance, escrito em idioma terso e ameno, urdido com habilidade e carinho, já passou das fronteiras limitadas do português, contando no momento com uma tradução para o francês, outra para o inglês, outra para o russo, outra para o croata, e uma até para o árabe.

Seguiu-se "O Príncipe de Nassau" traduzido para o holandês, tomo em que um romance de amor alterna com curiosas observações do período pernambucano sob dominação batava; outros volumes de narrativas históricas de Paulo Setúbal se sucederam a estes dois primeiros, talvez os mais significativos da bagagem do escritor morto. São eles: "As maluquices do Imperador", "A bandeira de Fernão Dias", "Nos bastidores da História", "O ouro de Cuiabá", "Os irmãos Leme", "El-Dorado", e "Um Sarau no Paço de São Cristóvão". As edições desses volumes, lançadas por importante casa da Pauliceia, repetem-se em grande escala.

Paulo Setúbal entrou para a Academia Brasileira em 1934; sua eleição se verificou no dia 6 de dezembro. Àsua entrada para a Ilustre Companhia, a 6 de julho de 1935, foi saudado por seu companheiro, também paulista, lambem historiador, Alcântara Machado.

Levou-o ao tumulo minaz enfermidade do peito.

Seus livros atestam a têmpera de um trabalhador dos documentos, de um homem que soube sempre retirar dos arquivos a substância da história viva para livros que dificilmente se perderão com o correr dos tempos.

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Revista "Vamos Ler!", 13 de maio de 1937.
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2019)

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