Paulo Setúbal: aspectos biográficos
Nascido
em Tatuí, no Estado de São Paulo, a 1º de janeiro de 1893, o escritor Paulo Setúbal morreu aos 44 anos de idade, a 4 de maio de 1937, na capital do seu
Estado natal. Aos 21 anos, formado em direito, passou a exercer a profissão
liberal em muitas cidades do interior do Estudo. Aceitou mesmo a investidura no
posto de promotor público.
Também
se viu tentado pela política. No período legislativo de 1926 a 1930, foi
deputado estadual, tendo perdido a cadeira com o movimento revolucionário de
outubro.
Seu
primeiro volume é uma coletânea de poesias, "Alma Cabocla". Pouco conhecido
dos que mais tarde se tornaram fanáticos do romancista, esse volume encerra, no
entanto, algumas produções poéticas bastante expressivas do falar e do
sentimento do sertão paulista. Uma dessas composições, "Chiquita",
tem estrofes de delicioso sabor regional, como esta que aqui transcrevemos:
Bom dia!
Sempre bonita!
— É assim que
eu vou, de manhã,
Saudar a
linda Chiquita,
Que, toda em
frios, tirita.
No seu
vestido de lã.
Mas
a grande força literária de Paulo Setúbal, o gênero que lhe deu em verdade o
prestígio popular, as apologias críticas e o "fauteuil" na Academia
foi mesmo o romance histórico.
O
primeiro deles, "Marquesa de Santos", aproveitando todos os documentos
existentes em torno do caso amoroso do nosso primeiro imperador, causou um sucesso
sem precedentes, no gênero. Esse romance, escrito em idioma terso e ameno,
urdido com habilidade e carinho, já passou das fronteiras limitadas do português,
contando no momento com uma tradução para o francês, outra para o inglês, outra
para o russo, outra para o croata, e uma até para o árabe.
Seguiu-se
"O Príncipe de Nassau" traduzido para o holandês, tomo em que um
romance de amor alterna com curiosas observações do período pernambucano sob
dominação batava; outros volumes de narrativas históricas de Paulo Setúbal se
sucederam a estes dois primeiros, talvez os mais significativos da bagagem do escritor
morto. São eles: "As maluquices do Imperador", "A bandeira de
Fernão Dias", "Nos bastidores da História", "O ouro de Cuiabá",
"Os irmãos Leme", "El-Dorado", e "Um Sarau no Paço de
São Cristóvão". As edições desses volumes, lançadas por importante casa da
Pauliceia, repetem-se em grande escala.
Paulo
Setúbal entrou para a Academia Brasileira em 1934; sua eleição se verificou no
dia 6 de dezembro. Àsua entrada para a Ilustre Companhia, a 6 de julho de 1935,
foi saudado por seu companheiro, também paulista, lambem historiador, Alcântara
Machado.
Levou-o
ao tumulo minaz enfermidade do peito.
Seus
livros atestam a têmpera de um trabalhador dos documentos, de um homem que
soube sempre retirar dos arquivos a substância da história viva para livros que
dificilmente se perderão com o correr dos tempos.
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Revista "Vamos Ler!", 13 de
maio de 1937.
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba
Mendes (2019)
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