Pombal
Pombal
aboliu a Inquisição e a distinção funesta de cristãos velhos e novos, que havia
arruinado o comércio e a indústria de Portugal, não somente no reino, senão
também nas Índias. Inglaterra e Holanda, que se substituíram a nós em prestígio
econômico, devem a eles, os Judeus, parte dos seus capitais e sua competência
financeira. Nesse mundo, é principalmente de pão que vive o homem. Felizmente o
Brasil foi poupado à intolerância religiosa: a última vítima da Inquisição, mas
em Portugal, foi Antônio José, o comediógrafo brasileiro, acusado de sangue
judeu, o que não impediu Southey de havê-lo como o teatrólogo lusitano que
segue a Gil Vicente.
O
estadista prestou numerosos benefícios ao Brasil. Foram extintos os direitos
subsistentes dos antigos capitães-mores, compradas as capitanias que
perduravam. Porto Seguro e Ilhéus foram anexados à Bahia. Os governadores
passam ao Rio, — agora capital do Vice-Reino, o Conde da Cunha o 1º Vice-rei —
centro do extenso país; Bahia e Pernambuco têm governos especiais. A liberdade
dos índios, tão insistida, e de tanto tempo, pelas leis de 1570, 95,1605, 8, 9,
24, 80, é uma vez, e pela última, proclamada. A falta de braços, precária com a
solução dos índios, onerosa com a escravidão africana, teve outro recurso, a
imigração do reino, das ilhas, fomentada para o Brasil: só dos Açores se diz
que vieram mais de 20 mil ilhéus. O comércio teve o incentivo das Companhias do
Grão-Pará, de Pernambuco e Paraíba, cujas frotas, não de comércio apenas,
protegeram a troca de produtos das colônias, a ponto, o fomento, que, em 1777,
havia mais gêneros que meios de transporte. Bancos serviam à indústria e
comércio colonial. Em pouco tempo mais de 200.000 Africanos introduzidos foram
a mão de obra do Norte. As minas foram melhor ou tecnicamente exploradas. O
subsídio literário, imposto sobre carne verde, 1 real por arrátel ou 459 gramas;
bebidas, (1 real por canada, 2,60
l . de vinho português, 4 réis por canada de aguardente
do reino e 10 de aguardente da terra); vinagre, (160 réis a pipa ou 480 l .), etc. (Carta Régia de 10 de novembro de 1772),
cobrado no Brasil, para instrução pública, deu grande animação às escolas
régias, substitutivas dos colégios jesuítas. Antes da Convenção Francesa, o
dever da instrução popular foi assumido pelo Estado. Organizou Portugal como
nação moderna, com exército, marinha, fortalezas, artilharia, dando à colônia
bem-estar, que facilitou as boas relações, estremecidas entre os reinóis e os
brasileiros, já preocupados com a rebeldia autonomista. A justiça, de que
tínhamos fome e sede, chegou aos sertões brasileiros. Procurou reagir contra a
absorção “inglesa” de Portugal, que começara depois da Guerra de
Sucessão-de-Espanha, quando Portugal formava com Inglaterra, contra França e
Castela: o Tratado de Methwen foi o proveito logo tirado. Para isso fomentara
novas indústrias, para a independência e, com os orçamentos equilibrados, a
fuga do ouro do Brasil, para suprir os déficits e o
desnivelamento de importação e exportação. À Companhia Geral de Comércio do
Grão-Pará e Maranhão, substitutiva das Missões Jesuíticas, infundiu braços e
capitais. Não destruiu só Pombal, reconstruiu. A partida regular das frotas e,
finalmente, a liberdade de navegação entre Portugal e Brasil facilitou o
comércio, desenvolvendo-o como nunca. Mil pequenas e úteis providências
econômicas mostram o cuidado assíduo com o Brasil. O erário régio não nos
desamparou. Teve uma preocupação
dominante durante o seu longo governo: defender a todo o transe a colônia da
cobiça estrangeira e assegurar a posse e o alargamento de suas fronteiras,
conclui uma página apologética de Simonsen. A cegueira de Portugal por
Inglaterra, desde antes de El-Rei Dom Pedro II e que viria até o Brasil, teve
interrupção. (Aliás é a ameaça constante da Espanha que obriga a isso,
contrariando Portugal e Gibraltar o integralismo peninsular...)
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