1/08/2020

A virtude laureada, de Bocage



EPÍSTOLA

Qual dentre as rotas, náufragas cavernas
Do lenho que se abriu, desfez nas rochas,
Colhe afanoso, deplorável Nauta
Relíquias tênues, com que a vida esteve,
Em erma, ignota praia, a que aboiaram,
E onde a custo o remiu propícia antena:
Tal eu, que da Existência o Pego, o Abismo,
(De que assumam, rebentam, rugem, fervem
Rochedos, Escarcéus, Tufões, e Raios)
Tal eu, que da Existência o Mar sanhudo
Vi romper meu Baixel, e arremessar-me
A inóspitos montões de estranha área,
Triste recolho os míseros sobejos,
Com que esvaído alento instaure, esforce,
E avive os dias, que amorteço em mágoas.

Em ti, constante, desvelado Amigo,
Demando contra a Sorte asilo, e sombra;
Oh das Musas Fautor, de Flora Aluno!
(Rasgado o véu da Alegoria) estende
Ao Metro, que desvale, a Mão, que presta.
Se asas lhe deres, em suave adejo
De Lísia ao seio, que a Virtude amima,
Dela Cultores, voarão meus Versos,
E o Pátrio, doce Amor ser-lhe-á piedoso.


                                                                                    BOCAGE


********************************
 

ATORES:
A CIÊNCIA
A HOSPITALIDADE
A INDIGÊNCIA
A POLÍCIA
A LIBERTINAGEM
O GÊNIO LUSITANO



ATO ÚNICO

Praça magnífica sobre as Margens do Tejo.

CENA I

A Ciência por um lado, e a Indigência por outro, com a Hospitalidade.

CIÊNCIA

Eu, que elevo os Mortais, e os esclareço,
Que meço a Lua, o Sol, que o Mundo abranjo,
Que da vetusta Idade aclaro as sombras,
Que entro por seus arcanos, e revoco
Dentre o pó, dentre a cinza, dentre o Nada
Ao Século vivente as Eras mortas;
Que dócil fiz o indômito Oceano,
Abismo de pavor, de bojo imenso,
Que só por alta Lei não sorve a Terra;
Eu, do grão Jove, Confidente e Imagem,
Que do Fado os Mistérios desarreigo,
E com a Moral dos Céus cultivo o Globo;
Eu, a Ciência, eu Fonte, eu Mãe das Artes,
Que sei desirmanar na Inteligência
Entes, na forma iguais, na espécie os mesmos,
Tornando-os entre si tão desconformes,
Qual dista do Selvagem bruto, e fero,
Macio Cidadão, que as Leis polirão,
Ah! não posso impetrar, colher dos Numes
Para os Alunos meus pavês sagrado
A teus golpes, Fortuna, inteiro, ileso!
Sem que benigna mão lhe adoce os Fados,
Sem que escassa piedade o chame à vida,
De vigílias mirrado o Sábio morre.
Almas corrompe do Egoísmo a peste;
Camões, Homeros na penúria cantam:
Ei-los com a glória temperando a sorte;
Soam prodígios de um, prodígios de outro;
Férrea Caterva os ouve: admira, e foge.
Só quando o Vate é cinza, o muito é nada,
Por eles se interessa o Mundo ingrato;
Na glória estéril de Epitáfio triste
Sólidos bens o Bárbaro compensa:
Contraditória Humanidade insana!
No insensível sepulcro os Sábios honra,
E os Sábios não remiu na desventura!
Quais eles foram diz, não diz, qual fora:
Nas almas frias o remorso é mudo.
Ai dos Alunos meus! Socorre-os, Fado,
Risca do Livro eterno o duro artigo,
Que ao Mérito, ao Saber seus prêmios veda;
Aquece os Corações no ardor da Glória,
Fraterniza os Mortais; onde suspiram,
Os poucos Filhos meus com a Mãe prosperem,
E onde com seus inúmeros sequazes
Colhe triunfos, a Ignorância gema.

INDIGÊNCIA
Mãe venerável, teu queixume ouvindo.
Amarga-me da vida o fel em dobro.
A filha tua, a mísera Indigência,
Que muda te escutou piedosas mágoas,
Contigo vem gemer, carpir contigo
A moral corrupção, que empesta o Globo.
Plagas e Plagas, entre as Sócias minhas,
Entre as mansas Virtudes, hei vagado.
Pela voz da Pureza (a que é de todas
A mais formosa) deprequei o auxílio
De inchado Cortesão, que um Deus se cria.
Melindre, Candidez, virgínea Graça
(Qual flor, em que era orvalho o doce pranto)
Aos olhos do Soberbo expôs seus males.
De gesto aceso, ovante, ele a contempla,
Nem um momento à dor constrange o vício:
Em vil proposição, que as Fúrias ditam,
Profana da Inocência o casto ouvido,
E em cambio da virtude exige o crime.

CIÊNCIA
Céus! Que infâmia! Que horror! Prossegue, ó Filha,
Sucumbiu a Inocência à vil proposta?

INDIGÊNCIA
Não, que nos olhos meus velavam Deuses,
Fautores da Virtude: escuta e folga.
O celeste rubor, que tinge a Aurora,
Sobe à face gentil, e as rosas brilham,
Mas súbito tremor branqueei-as logo;
Ei-la, de olhos no Céu, recua e geme:
Eu, porém, que no efeito observo a causa,
Ao sedutor pestífero arrebato
O objeto divinal, que o torna um Monstro.

CIÊNCIA
Olha o Céu na Inocência a imagem sua.

INDIGÊNCIA
Murchas no horror do abominável caso,
Inda contudo as esperanças minhas
Levei de lar em lar; devendo a poucos
Piedade acidental, bati cem vezes
Às surdas portas de sumido Avaro,
(Sumido em subterrâneo abismo de ouro)
Falara o Monstro, se falasse a Morte,
O silêncio dos túmulos o abrange
Ante o metal (seu Deus), que em férreos Cofres
Com a vista faminta o Vil devora
Servos dele (o poder é tal do exemplo!)
Depois de longo espaço, e vãs instâncias,
Com um desabrido - Não - me afugentaram.

CIÊNCIA

De tudo há Monstros mil na Espécie humana,
Mas todos vence da Avareza o Monstro.

INDIGÊNCIA
Atende ao mais, e adoçarás teu pranto.
Do centro da Impiedade enfim retiro
Os fatigados pés, e os guio aos Campos,
Absorta nas imagens carinhosas,
Com que afagais a ideia, oh áureos Tempos.

CIÊNCIA
Se ali não há Virtude, onde é que existe!

INDIGÊNCIA

Pobre choupana, que forravam colmos,
Humildes lares, que zelava um Nume,
Atraem meus olhos, e meu passo animam.
Chego, e curvo Ancião, que ali repousa,
Grande em seu nada, na indigência rico,
Sorrindo-se, me acolhe, amima, e nutre.
Santa Hospitalidade! Eras a Deusa,
Que o rugoso Varão, madura Esposa,
E imberbe Prole sua, abençoava!
Com milagrosas mãos os parcos frutos
Nas árvores fadadas avultando,
Para os errantes, pálidos Mesquinhos,
Que eterna Providência lá dirige,
Leda colhias saboroso alento,
E qual outrora a um Deus, incluso no Homem,
Muito do pouco a teu querer surgia.

HOSPITALIDADE

Conferiu-me esse dom quem até no inseto
Prover, do que lhe cumpre, a tênue vida.
Deixando influxos meus no casto albergue,
Onde Beneficência e Paz convivem,
Acompanhar-te quis ao vasto Empório
De Lísia, do Universo, à Grão Cidade,
Que espelha os Torreões no vítreo Tejo,
Donde sagradas Leis despede ao Ganges.
O Globo é puro aqui, e aqui parece
Estar inda na Infância a Natureza,
Bela, serena, cândida, inocente:
Príncipe amado, imitador dos Numes,
Ao Público Baixel meneia o leme;
Numera os dias seus por Dons, por Graças,
E o Mérito sem susto encara o Trono:
Se o gravame do cetro acaso inclina,
É sobre os ombros de Ministros puros,
Dignos do alto esplendor, que sai da escolha.
Um deles, cujo nome é caro aos justos,
Que tem, que exerce o Ministério santo
De velar sobre o público Repouso,
Que encarcera, agrilhoa, oprime o vício,
O contágio das mãos aos bons evita,
E em piedoso Recinto abriga, instrui
A Puerícia, que em flor dispõe ao fruto,
Luceno, o Zelador dos sãos costumes,
Pai do Infortúnio, da Ciência amigo,
Guarida vos promete, exponde, exponde
Ao Ministro exemplar, meu claro Aluno,
A vossa condição: vereis descer-lhe
Dos olhos Paternais amável pranto,
Proveitoso, eficaz, não pranto estéril,
Que momentâneas sensações produzem,
E o Mérito infeliz, qual viram, deixam.
Em Luceno o favor segue a piedade,
Mortal, que os Imortais sem custo imita,
E o bem, só porque é bem, desenha, opera.
Eia, vinde: eu vos guio aos benfazejos
Lares seus, Lares meus; sereis ditosas,
Oh Ciência! Oh Penúria: os Céus o ordenam.


CENA II

O Gênio da Nação, e as mesmas.

O GÊNIO DA NAÇÃO
Os Céus o ordenam, sim, vai, guia, oh Deusa,
Essa ilustre Infeliz, e a mesma Prole
Ao Magistrado exímio, ao Grande, ao Justo;
Cessem queixumes, esperanças folguem.
Ide, o Gênio de Lísia, eu que dos Deuses
Tive alta comissão de olhar por ela,
De engrandecer-lhe, de afinar-lhe a Glória,
E honrá-la de opulência incorruptível;
Eu, que espontâneo dera o grão de Nume
Por este, que exército, augusto emprego
De escudar Lísia com pavês dos Fados,
Oh Penúria! oh Ciência! Eu vos abono
Do Ministro sem par, favor, e asilo.

CIÊNCIA

O Céu por ti se exprime: o Céu não mente;
Oráculo de Jove, eu te obedeço:
Vejo sorrir-se ao longe amigos Fados;
Guia-me, ó Deusa.

HOSPITALIDADE

Guio-te à ventura.

(Vão-se)


CENA III

O Gênio só.

Tereis o galardão, tereis o louro
Que à virtude compete, imota, ilesa
Entre os duros vaivéns de iníqua, sorte:
Desgraçado o Mortal, se o chão não trilha
Por onde a mão de Jove arreiga espinhos,
Que súbito depois converte em flores!...
Mas que ufano Baixel retalha o Tejo!
Brincam no tope flâmulas cambiantes,
E cambiante bandeira as ondas varre:
Eis voa, eis se aproxima!... Um quase monstro,
De aspeto feminil, tigrinas garras,
De traje multicor, lhe volve o leme!
Que turba enorme à sua voz mareia!
E o ferro curvo, e negro ao fundo arroja!
Desce a vaso menor a horrível Fúria,
Reconheço-lhe o rosto, os fins lhe alcanço....
Lá vem, lá toca sobre a área e salta.
Inimiga dos Céus! és tu, profana!
Sacrílega, falas, blasfemadora,
Peste dos Corações, Órgão do Averno!
Vens também macular com teus venenos,
Com hálito infernal, e atroz sistema
Campos, que meu bafejo Elísios torna!

LIBERTINAGEM

Órgão não sou do Averno, o Averno é sonho
Para mim, para os meus, não sofro o jugo,
Que sobre Corações tão férreo pesa.
Fantásticos Deveres não me iludem;
O sensível me atrai, do ideal não curo,
Só de palpáveis bens fecundo a mente;
O Bando, que alicio, e que próspero,
Vive em prazeres, em prazeres morre.
Compleição dos Catões, Moral de ferro,
Fúria, Libertinagem me nomeia;
Mas o caráter meu destrói meu nome.
Delícias ao teu seio, ó Lísia, trago,
Não cruas opressões, nem agros males,
Que o Fantasma Razão produz, máquina;
Eu sou a Natureza: ela não manda,
Que o gosto oprimas, que os desejos torças;
As paixões contentar, não é loucura:
Prestar-lhe atenção, vontade, assenso,
É lei, necessidade, e jus dos Entes.
Olha: com cetro de ouro impero, ó Lísia;
Franqueia o pensamento a meu sistema,
Despe imagens quiméricas e aprova,
Que a posse do Universo em ti remate.

GÊNIO

Enganas-te, Perversa, os Céus a escudam;
De Lísia puro Incenso aos Numes sobe,
arde em virtude, inflama-se na Glória;
Moral, Religião, saudável Jugo,
Que pesa aos Ímpios, que aos Iníquos pesa,
Nunca foi grave a Lísia, Herói supremo,
Que é na Terra, o que é Júpiter no Olimpo,
Aqui, não com violência, e não com arte,
Mas pelo exemplo morígera os Lusos,
Só menos, que as Deidades, venturosos.
Não manches estes Céus, Tártaro Monstro,
Onde jaz da Virtude o trilho impresso.
Eco da Majestade, a voz te aterre
Do zeloso Ministro infatigável,
Luceno, ao Trono, às Leis, aos Deuses curvo,
Que, em vínculo fraterno atando os Povos,
Os vê curvos ao Trono, às Leis, aos Deuses.
Negreja, a teu pesar, o horror, que doiras,
O Inferno, que não crês, de ti fumega,
E o Remorso tenaz te rói por dentro.
Este Povo de Heróis, de Irmãos, de Justos,
Teu caráter maldiz, teu nome odeia.
Aparta-te daqui... mas tu repugnas!
Guerreiros da Virtude, e flor da Pátria,
Que limpais a Moral de intrusa escória,
Eia, apurai o ardor contra esse Monstro;
A vosso invito Esforço a Fúria ceda,
Do Grêmio da Inocência o Vício fuja.

LIBERTINAGEM

Não se alcança de mim vitória fácil.

GÊNIO

Satélites da Glória: Avante, avante:
A Pérfida franqueia, a Palma é vossa.

LIBERTINAGEM

Colheste contra mim Triunfo inútil:
Lísia perdi, mas senhoreio o Mundo.


CENA IV

O Gênio, e Tropa.

Graças, ó Numes, sucumbiu a infame.
Heróis, eu vos bendigo o Márcio fogo,
O rápido valor, que num momento
A melhor das Nações salvou do estrago...
Mas, Deuses, sofrereis, que noutro clima,
Talvez à infâmia sua ignoto ainda,
Sobre o lenho orgulhoso aporte a Fera,
E tóxico respire, e peste exale:
O sacrilégio pune; um raio, ó Jove,
Um raio a torne cinza, um raio abisme
O líneo Torreão no equóreo centro
Anuíste-me, oh Deus: E chamas todo!
Lá cabe, lá se desfaz, e o Tejo o sorve.
Vai, Monstro, vai saber, desesperado,
Se é fantasma a Razão, se é sonho o Inferno,
Vai no horrendo tropel dos teus sequazes
De momentânea flama à flama eterna;
E eu, ministro dos Céus, submisso aos Fados,
Vou por mão de um Mortal encher seus planos.


CENA V

Cárcere subterrâneo, onde estarão os Vícios, e os Crimes agrilhoados, exprimindo variamente nos gestos a sua desesperação.

A POLÍCIA COM GUARDAS
Contra os Vícios comuns, que pouco empecem,
Exercer correções não só me é dado.
Velai, Guardas fiéis, sobre os Perversos,
Que a Polícia comete ao zelo vosso,
Até que o raio Nêmesis dispare
Com a férrea voz de Tribunal supremo.
Eu dos crimes terror, dos crimes freio,
A suplício exemplar, que sare a Pátria
De ímpia contagiam, reservo aquele
De todos o mais duro, o mais funesto,
Que, instrumento servil de atroz vingança,
Tingiu vendida mão no sangue alheio.
Ao cutelo de Astreia em vão furtaste
Colo rebelde às Leis, ó tu, cruento,
Lobo noturno, que, vibrando as garras,
A mansos Cidadãos ouro, existência
De mistura usurpavas, sem que ao menos
Tremesse o coração, e as mãos tremessem.
Estes, mais que nenhuns, velar se devem,
Estes nas feias, subterrâneas sombras
Para o pavor da Morte a mente ensaiem.
Eu, Luz do bom Luceno, eu Alma, eu Tudo,
Corro, entretanto, a sugerir-lhe ideias,
Com que os públicos Bens floresçam, medrem.
A Ciência, e Penúria, antigas Sócias,
Em seus Lares por ele há pouco ouvidas,
O fértil patrocínio lhe imploraram.
Em lágrimas lhes deu penhor singelo
De firme proteção: vós, Indigentes,
Seus efeitos vereis, vereis, ó Sábios,
Que a Mente, e o Coração por vós divido.

(Vai-se)


CENA VI

Salão Majestoso da Polícia, adornado das Estátuas de várias Virtudes.

O GÊNIO, E A HOSPITALIDADE
Eis-me na Estância da Polícia Augusta,
Cultora da Razão, das Leis, do Sólio,
A fitubante, a pávida Indigência,
Que já dos males seus alívios goza,
Por mão do Benfeitor, que os Céus inspiram,
Vem com a Sabedoria honrar seu nome,
De interna Gratidão, sagrar-lhe os cultos;
Mas profundo respeito os pés lhe tolhe,
E o Salão venerando entrar não ousam.


CENA ÚLTIMA

Os ditos, e a Polícia, que, ouvindo as últimas palavras, sai de repente.

POLÍCIA

Foi sempre este lugar franco à Virtude,
Entrai.

(Entram as duas)

HOSPITALIDADE

Longe de vós um vão receio.

POLÍCIA

Cumpri vosso dever, tecei contentes
De Luceno o louvor. Matéria suma
As Virtudes vos dão, que resplandecem
Em brilhantes Estátuas majestosas
Neste brilhante, Majestoso Alcáçar.
Aquela, que risonha os olhos firma,
Como que rosto súplice atentando,
É a Benevolência, e diz no afago,
Que alguns, havendo a honra em mais que os lucros,
Ante duro Ministro enfreiam preces,
E só do Compassivo, e só do Afável
A presença demandam, que os conforte,
Que ao rogo num sorriso o efeito augure,
E não de altiva injúria avilte o rogo.
Esta é Exemplo, esta outra é a Inteireza;
Ali Fidelidade o jaspe anima;
Desinteresse além reluz, e avulta;
Mais perto voluntária Obediência
Curva o dócil joelho: eis as Virtudes,
Que formam, bom Luceno, o teu caráter,
Todas egrégias, necessárias todas.

CIÊNCIA

Verdade, e Gratidão nos lábios nossos,
Aprovam quanto soa em honra dele.

INDIGÊNCIA

Oh Reinante feliz com tais Vassalos!

POLÍCIA

Folga, Ciência, e tu, Penúria, folga:
Dado me é recrear-vos, ser-vos guia
Ao Príncipe imortal, de quem refletem
Raios de luz para o Ministro excelso,
Que o seu mor prêmio tem na Régia Glória.
Curvai-vos, e admirai o Herói sublime,
Que Lísia adora, e que adorara o Mundo,
Se o Mundo todo merecesse olhá-lo.
Vede a seus pés o Magistrado insigne,
Que nele se revê, que a bem da Pátria
A Grandeza Real submisso implora.

HOSPITALIDADE

Quanto a Virtude alteia a Dignidade.

CIÊNCIA
Oh Júbilo: Oh Ventura!

INDIGÊNCIA

Eu pasmo, eu tremo.

GÊNIO (Dirigindo-se para o retrato do Príncipe R.)
Herói, sacro aos Mortais, aceito aos Numes,
Olímpico Fulgor compõe teus dias;
Os Céus na minha voz mil dons te abonam,
Com meus olhos teu Povo os Céus vigiam,
O Comércio por ti de fé se nutre;
As Artes, a Virtude, as Leis triunfam;
No Sólio, no Poder tens base eterna;
Tua alma sobressai aos teus Destinos;
E de teu puro arbítrio esse órgão puro,
É digna escolha tua, aos Astros vê-a
No rasto de ouro, com que o Polo esmaltas.
Súbditos de João, rendei mil cultos
Ao grão Regente, ao ínclito Caráter,
Que nele diviniza a espécie humana:
A voz da Gratidão se alongue em Vivas,
E cordial ternura os lábios honre.

CORO
Oh Luso Herói! Baixaste
Da Estância divinal!
Tu és um Deus visível,
Oh Príncipe imortal!

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