Os três rapazes

Os três rapazes saíram então cada
qual para seu destino. Antes, porém, combinaram um local onde todos
deveriam se apresentar no mesmo dia e
hora.
O primeiro rapaz, após andar
algumas léguas, achou-se numa cidade.
Ao passar por uma de suas ruas, escutou ao longe um garoto gritando: "Quem
quer comprar um espelho... quem quer comprar um espelho?..." Ao aproximar-se
do menino, perguntou-lhe: "Eu lhe compro este espelho, mas antes me diga qual
a virtude que ele tem." O pequeno vendedor respondeu-lhe que o espelho tinha o
poder de ver tudo em todos os lugares da terra". O rapaz comprou então o
espelho, dizendo para si mesmo: "Perfeito! Serei eu que me casarei com a
linda princesa". E seguiu o seu caminho...
O segundo rapaz saiu também caminhando
até chegar numa outra cidade. Ao passar por uma de suas ruas, escutou um camelô
gritando: "Quem quer comprar uma bota.?.. quem quer comprar uma bota?..."
Ele chamou então o homem e
perguntou-lhe: "Que virtude tem essa bota, meu caro?" Ao que o
vendedor respondeu: "Esta bota tem o poder de levar as pessoas para onde
elas quiserem ir". O rapaz, muito satisfeito, disse para si próprio:
"Perfeito! Serei eu que tomarei a linda princesa como esposa". Comprou
a bota e seguiu o seu caminho...
O terceiro rapaz, depois de
andar um bom tempo, avistou ao longe uma
outra cidade. Lá chegando, escutou outro menino gritando numa de suas praças:
"Quem quer comprar um saltério?... quem quer comprar um saltério?..."
Achegou-se então ao garoto e perguntou-lhe: "Que virtude há nesse instrumento
musical?" O vendedor respondeu-lhe que tinha ele o poder de ressuscitar os
mortos. Muito animado disse consigo: "Perfeito! Serei eu que terei a honra
de casar com a bela princesa". Comprou o saltério e seguiu o seu
caminho...
Os três rapazes dirigiram-se então para o local combinado anteriormente.
Reunidos ali, o primeiro deles tirou duma caixa o espelho e viu refletido nele
a imagem da princesa morta. Por sua vez, o rapaz da bota tirou-a dum embrulho e
disse: "Não se preocupem. Entremos todos aqui na bota e ela nos levará até
o palácio da princesa". De repente
acharam-se eles no aposento onde jazia morta a moça. O rapaz do saltério aproximou-o
do rosto da defunta real. Como num passe de mágica ela ergueu-se andando.
O rapaz do espelho então disse:
"Sou eu que devo casar com a princesa, pois se não fosse pelo reflexo deste espelho ninguém
saberia que ela havia morrido". O rapaz da bota, discordando deste disse
por sua vez: "Sou eu que devo casar com a princesa, pois se não fosse por meio
desta bota nenhum de nós estaria aqui agora". Por fim disse também o rapaz do saltério:
"Sou eu que devo casar com a princesa, pois se não fosse sua melodia ela permaneceria
morta para sempre."
A discussão continuou acirrada entre eles, e até hoje o rei não pôde decidir a qual deles deve dar a mão da filha em casamento.
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