AS FLORES
Em um belo dia de primavera, a
pequena Margarida foi passear sozinha nos prados próximos à aldeia, e se
divertia em colher flores para formar um ramalhete. Ela viu, junto de uma sebe
de espinhos, uma grande quantidade de lindas violetas. Transportada de alegria,
começou a colhê-las sem precauções.
— Minha filha, lhe disse ura velho
aldeão que por ali passava, afasta-te desta sebe, que é o lugar onde as
serpentes se escondem.
A menina ficou cheia de terror e
parou por alguns momentos; porém a cobiça de possuir as lindas flores venceu ao
receio.
— Só quero, disse ela, colher aquela
violeta que aparece entre as ervas: tem uma cor azul tão formosa que eu a
desejo para o meu ramalhete.
No instante em que ia colhê-la, uma
víbora enroscou-se no seu braço, mordeu-a e inoculou lhe o seu veneno fatal. A
pobrezinha, a linda Margarida, morreu no fim de algumas horas
Feliz aquele e que possui o dom
De saber moderar os seus desejos
Quantas vezes um fatal veneno
Se oculta no estridor dos beijos.
---
Tradução de Nuno Álvares.
Iba Mendes Editor Digital. São Paulo, 2023.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sugestão, críticas e outras coisas...