AS MAÇÃS
Uma manhã o pequeno Gregório viu da
sua janela uma quantidade de belas e rubicundas maçãs espalhadas sobre a relva
no vergel do vizinho. 
O menino desceu apressadamente as
escadas, e, se arrastando com a barriga pelo chão, entrou por um buraco do muro
para o vergel alheio, e encheu de maçãs as algibeiras da calça e do paletó. 
De repente, porém, o vizinho apareceu
na porta do jardim com um cacete na mão. Gregório correu com toda a rapidez que
lhe podiam prestar as suas pernas, e quis sair como tinha entrado,
arrastando-se pelo chão. 
Entretanto o pequeno larápio ficou
preso na estreita abertura do muro, porque tinha as algibeiras completamente
recheadas. Viu-se, pois, na triste necessidade de restituir as maçãs que
roubara e sofrer  castigo que tinha
merecido.
— Lembra-te, lhe dizia o vizinho: 
Que a fortuna adquirida injustamente 
Pode ser castigada incontinente.
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Tradução de Nuno Álvares.
Iba Mendes Editor Digital. São Paulo, 2023.
 


 
 
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