A FORCA
Honrado e probo, o barão Bertoli
via entretanto, com imenso pesar, que seu filho Georgino não era um modelo de
virtudes.
Sabendo que seu pai era rico, o
jovem fidalgo andava em companhias de moças da sua sociedade, empregando mal o
seu tempo, contraindo dívidas que Bertoli pagava.
Morrendo, o barão deixou-lhe uma
boa fortuna e um grande envelope contendo conselhos e instruções.
Dizia a Georgino que se emendasse,
e fizesse o possível para não despender loucamente a herança. Terminava
comunicando-lhe que no sótão abandonado do palácio ele fizera construir uma
forca. Destinava-se para o filho enforcar-se, se um dia se visse pobre, sem
amigos nem proteção.
Vendo-se único possuidor da
fortuna, não tendo a quem dar satisfação dos seus atos, mais que nunca meteu-se
Georgino em pândegas de toda a sorte.
Amigos e companheiros sem conta
viviam com ele, dia e noite, desfrutando-o.
Mas bem cedo a sua riqueza
esgotou-se, e ele viu-se pobre, paupérrimo.
Abandonaram-no os amigos, toda a
gente fugiu dele.
Tendo que entregar o palácio, já de
há muito hipotecado aos credores, Georgino só então se lembrou da carta do
barão.
Passou o laço ao pescoço e
despenhou-se.
A forca, porém, moveu-se;
despregou-se uma tábua do teto e rolaram pelo chão notas e moedas. O barão
havia sido previdente e moço compreendeu a lição.
Tornou-se morigerado, e viveu com
honradez e prudência.
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Pesquisa, transcrição e adequação ortográfica: Iba Mendes (2025)
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