A raposa foi um dia beber água à
beira de um regato. A rã que por ali perto estava mergulhada, mas conservando a
cabeça de fora, coaxou.
— "Sai-te dai", disse a
raposa, "senão eu te engolirei de um trago!"
— "Ora! deixa-te de
fanfarronadas, raposa! Estás com estes ares de rainha, porque pensas que corres
muito e no entanto eu sou capaz de te passar".
A raposa pôs-se a rir daquela tola
pretensão, mas como a rã insistisse, falou:
— "Pois bem! façamos uma
aposta e vamos ver quem chega primeiro daqui à cidade vizinha".
Combinado tudo, cada um dos dois
irracionais escolheu lugar de partida.
A rã, porém, apanhando a raposa
descuidada deu um pulo sobre ela, escondeu-se na sua cauda comprida e cheia de
pêlos.
Corria velozmente a raposa, e no
fim de pouco tempo chegou à cidade vizinha.
Aí não viu a rã; e voltando-se para
ver se lhe pressentia a chegada, a rãzinha aproveitou e saiu do seu
esconderijo, saltando ao chão.
— "Eh! raposa"! gritou
ela, "agora é que estás chegando? Pois eu venho de volta".
A outra, assim enganada, confessou
que perdera a aposta, ao passo que a rã, satisfeita da vida, teve proclamada a
sua astúcia por todo o mundo.
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Pesquisa, transcrição e adequação ortográfica: Iba Mendes (2025)
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