3/18/2025

A rã e a raposa ("Histórias da Baratinha"), por Figueiredo Pimentel


A RÃ E A RAPOSA

A raposa foi um dia beber água à beira de um regato. A rã que por ali perto estava mergulhada, mas conservando a cabeça de fora, coaxou.

— "Sai-te dai", disse a raposa, "senão eu te engolirei de um trago!"

— "Ora! deixa-te de fanfarronadas, raposa! Estás com estes ares de rainha, porque pensas que corres muito e no entanto eu sou capaz de te passar".

A raposa pôs-se a rir daquela tola pretensão, mas como a rã insistisse, falou:

— "Pois bem! façamos uma aposta e vamos ver quem chega primeiro daqui à cidade vizinha".

Combinado tudo, cada um dos dois irracionais escolheu lugar de partida.

A rã, porém, apanhando a raposa descuidada deu um pulo sobre ela, escondeu-se na sua cauda comprida e cheia de pêlos.

Corria velozmente a raposa, e no fim de pouco tempo chegou à cidade vizinha.

Aí não viu a rã; e voltando-se para ver se lhe pressentia a chegada, a rãzinha aproveitou e saiu do seu esconderijo, saltando ao chão.

— "Eh! raposa"! gritou ela, "agora é que estás chegando? Pois eu venho de volta".

A outra, assim enganada, confessou que perdera a aposta, ao passo que a rã, satisfeita da vida, teve proclamada a sua astúcia por todo o mundo.


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Pesquisa, transcrição e adequação ortográfica: Iba Mendes (2025)

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