
Matilde era uma pobre viúva que
tinha três filhos — Abel, Ajácio e Ramiro, e o seu trabalho apenas chegava para
mantê-los e acudir às próprias necessidades.
Os três irmãos amavam extremamente
sua mãe, e como a viam muitas vezes aflita por não saber como havia de ganhar o
seu sustento, tomaram uma resolução extraordinária.
A justiça anunciara que quem
entregasse ou denunciassem o autor de certo roubo, seria gratificado com grande
soma de dinheiro.
Abel, Ajácio e Ramiro combinaram
entre si que um deles passaria por ladrão, e que os outros dois o conduziriam à
prisão.
Deitaram sortes, e tocou a Ramiro
fingir de ladrão.
Chegando ao Tribunal, o juiz
interrogou-o, e ele respondeu, confessando-se autor do roubo.
Levaram-o para a cadeia e pagaram a
Ajácio e Abel a recompensa prometida.
No dia seguinte, aflitos com a
desgraça do irmão, os outros dois foram visitá-lo e consolá-lo.
O magistrado, indo casualmente à
prisão, surpreendeu-os abraçados, chorando amargamente.
Deu ordem a um secreta que
acompanhasse Abel e Ajácio, sem que o pressentissem.
O agente da polícia,
desempenhando-se da sua comissão, contou que vira os dois rapazes entrar numa
casinha de miserável aparência.
Aí, escutando à porta, ouvi-os
narrar à sua velha mãe o que tinha feito.
A velhinha, lastimando-se,
mandou-lhes que restituíssem o dinheiro, dizendo antes preferir morrer de fome,
que ver o filho encarcerado.
O juiz, em vista daquilo, mandou
chamar Ramiro, interrogando-o novamente.
O bom moço, sustentou ser o autor
do furto, mas o magistrado interrompeu-o:
— "Basta! generoso mancebo!
Sei o que tu e teus irmãos fizeste por causa de vossa velha".
Então abraçou-o, deu-lhe uma boa
soma de dinheiro, e empregou os três bons irmãos, que viveram satisfeitos o
resto de seus dias.
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Pesquisa, transcrição e adequação ortográfica: Iba Mendes (2025)
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