3/16/2025

Santo Antônio casamenteiro ("Histórias da Baratinha"), por Figueiredo Pimentel


SANTO ANTÔNIO CASAMENTEIRO

Isaura ouvia dizer que Santo Antônio era padroeiro das pessoas que queriam casar-se.

Confiando naquilo, não havia dia em que não rezasse com todo o fervor, ajoelhando em frente a imagem.

Fazia mil promessas, tudo punha em prática, mas o santo era surdo às suas súplicas.

Passavam-se anos, ela ia envelhecendo, perdendo a beleza, sem encontrar noivo, apesar de ser uma menina bonita e boa.

Um dia, afinal, desenganada com o milagre do santo, num assomo de raiva, lançou a imagem pela janela afora.

Ia passando, justamente naquela ocasião, um moço, em frente à casa.

A imagem caiu-lhe na cabeça, e ele tombou no chão, ensanguentado.

Pessoas que também transitavam na rua, apressaram-se em levantá-lo, e transportam-no para a casa dos pais da moça.

Ela aflita, desesperada, arrependida do que fizera prodigalizou-lhe mil cuidados, com carinhos de irmã extremosa.

A ferida era funda, sobreveio febre, e o moço ficou de cama durante muito tempo.

Mas pouco a pouco foi melhorando, até que entrou em convalescença.

Começou a simpatizar com Isaura, apaixonou-se por ela, e ficando inteiramente restabelecida, pediu-a em casamento.

Foi assim que não se desmentiu a crença de ser Santo Antônio casamenteiro.


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Pesquisa, transcrição e adequação ortográfica: Iba Mendes (2025)

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