"No Maracanã, vaia-se até minuto de silêncio e, se quiserem acreditar,
vaia-se até mulher nua".
Nelson Rodrigues
Discorrendo acerca do
comportamento da torcida brasileira numa determinada competição olímpica, o jornalista
Reinaldo Azevedo, em sua típica bipolaridade, escreveu: "...é evidente que a barbárie da torcida
brasileira não pode ser admitida como coisa normal."
O jornalista da Veja não foi o único a tecer críticas às
vaias dos nossos torcedores. Uma boa parcela dos colunistas de jornais e
comentaristas da televisão também seguiu por este mesmo atalho. Em geral, a
censura aos nossos torcedores dá-se em termos puramente comparativos. Enquanto
aqui grassa a barbárie e a violência, na Europa reina a civilização e o
respeito. É a velha e subalterna mentalidade
de colonizado.
Ao depreciar a atitude dos torcedores
do Brasil, tais pessoas deixam de lado um componente básico entre os povos: a
Cultura. Cada país tem seus próprios
valores e sua própria tradição, o que incluem as manifestações de alegria e
tristeza. Em Gana (África), por exemplo, se gasta mais com um funeral do que
com um casamento, tamanha é a extravagância de suas festas. Entre nós, ao
contrário, paga-se até carpideiras.
As vaias são, pois, uma característica
peculiar à nossa cultura. Rotulá-la pejorativamente é ignorar toda uma tradição;
é menosprezar a nossa própria história. É como dizer que os chineses são mal
educados porque arrotam em público depois que comem.
"Cada qual no seu
quadrado", já dizia o jargão popular. De resto, é pura choradeira de quem nasceu
Zé e quer virar John!
É isso!
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Por: Iba Mendes (Agosto, 2016)
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Por: Iba Mendes (Agosto, 2016)
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