Tempos atrás
quando a praga do “politicamente correto” se introduzia em nosso cotidiano como
uma necessidade imperativa, publicou-se nos Estados Unidos uma nova versão da Bíblia
na qual foram suprimidos alguns termos considerados “impróprios” segundos os
engomadinhos da nova vertente sociológica. Extraiu-se, por exemplo, a palavra
“escuridão”, substituindo-a por “noite”, pois segundo os seus organizadores, o
sentido “pejorativo” da palavra “escuridão” poderia ser associado a pessoas de
pele negra. Nesta mesma versão, Deus não é chamado Pai, e sim Pai-Mãe, por
causa do suposto sentido autoritário e machista do termo Pai.
De lá para
cá a coisa descambou para uma espécie de Estado policialesco da linguagem, culminando
no que denomino de “linguística de pinel”, como no caso do Colégio Dom Pedro
II, no Rio de Janeiro, onde professores encarnados na figura de Simão
Bacamarte, transformaram a instituição numa espécie de “Casa Verde” adotando o
termo “alunxs” para se referir a estudantes sem definir o gênero. Agora, em nome
da “alteridade de gênero”, não se deve falar ou escrever médico, enfermeiro, advogado, entre outros. Para não ferir suscetibilidades
alheias, devemos fazer uso dos neutros: "médicx", "enfermeirx" e
"advogadxs".
A “Nova Lunática
de Língua Portuguesa” transformou toda uma tradição linguística em simples rótulo
de “preconceito”. Doravante viciado é dependente químico, negro é afrodescendente,
veado ou bicha é homossexual, anão é pessoa com nanismo, cego é deficiente
visual, e por aí vai. Pega mal chamar o bêbado de bêbado, o gordo de
gordo, o feio de feio... A novilíngua
dos educadinhos chiques e perfumados trouxe à lume “fobias” para todos os
gostos e ocasiões. Agora temos: gordofobia (preconceito contra o gordo),
ateufobia (preconceito contra o ateu), islamofobia (preconceito contra o
muçulmano), cristofobia (preconceito contra o cristão) etc.
Mas a pecha
do politicamente correto não se restringe exclusivamente ao âmbito da
linguagem. A coisa chegou a tal ponto que um simples espirro no andar de cima
pode culminar em processo por danos morais no andar de baixo. Tudo é preconceito; tudo é racismo; tudo é bullying;
tudo é ofensa. Aos poucos a liberdade criativa vai cedendo ao medo do pejorativo
rótulo de “preconceituoso”, afetando inclusive nossa maneira de fazer humor.
Hoje as divertidas brincadeiras de Didi e Mussum seriam naturalmente enquadradas de racistas.
Nada escapa ao crivo dos novos censores da linguagem e do comportamento. Anos
atrás até o nosso Monteiro Lobato fora levado ao Tribunal, acusado de racismo
contra a tia Anastácia. Nossos
tradicionais heróis dos quadrinhos também já cederam. Recentemente resolveram
tirar do armário o forte e destemido Lanterna Verde, o qual assumiu
publicamente sua homoafetividade. O mimadinhos aplaudiram de pé. A ala
feminina, por sua vez, pressiona a Disney para que transforme a bela Elsa (de Frozen) na primeira princesa lésbica. O
importante é que todos fiquem felizes e que não haja discrepâncias entre os
gêneros.Tudo em nome da diversidade!!!
Dias atrás criticou-se
duramente as vaias dos brasileiros durante os jogos olímpicos. Alguns falaram em
falta de educação e ausência de espírito esportivo. Houve quem nos comparassem
com o “civilizado” europeu, concluindo daí que somos um povo inculto e bárbaro.
Querem até censurar nossa alegria e restringir nossa maneira de nos divertir. Nesse
ritmo acelerado de estupidez, não vai demorar muito e logo vão querer dar voz
de prisão ao pugilista que nocautear o adversário na rinha de boxe.
É claro que
existe preconceito, e que o racismo ainda é uma triste realidade aqui e no
mundo. Todavia, não é possível aceitar que em nome de uma tal “diversidade” se
transforme uma reflexão em censura e uma piada em crime. A regra da boa convivência é não querer para
os outros o que não se deseja para si mesmo. O resto é linguística de pinel, é o
império do manicômio.
É isso!
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Por: Iba Mendes (Agosto de 2016()
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Por: Iba Mendes (Agosto de 2016()
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