5/31/2017

Hebe Laghi de Souza: "Darwin e Kardec: um diálogo possível"


Hebe Laghi de Souza: "Darwin e Kardec: um diálogo possível"

Num dias desses, “passeando” pela Internet, dei por conta do livro "Darwin e Kadec, um diálogo possível", da bióloga Hebe Laghi de Souza. Por simples curiosidade li toda a obra. Já era do meu conhecimento que o religioso Allan Kardec, ao erguer sua doutrina espírita, utilizou-se dos pressupostos evolucionistas, mais precisamente do conceito de "evolução como progresso". E o objetivo deste livro, é exatamente o de tentar "provar" que "as leis da natureza, reveladas por Charles Darwin, se põe paralelas às do mundo espiritual, codificadas por Allan Kardec". Vejamos alguns enxertos da referida obra.
"O impacto causado pelo livro de Charles Darwin foi bem mais rumoroso que o de Allan Kardec porque, não somente mostrava o homem como animal, como fazia mais do que isso, excluía completamente a existência de Deus.
O Espiritismo, muito embora tenha atingido também os princípios religiosos reinantes naquele momento e, da mesma forma, tenha abordado a evolução, um pouco mais ainda que a teoria de Darwin, apresentando todos os fatos desde a origem do universo, abria as portas para uma visão de Deus, apesar de bem diferenciada daquela que, até então, havia reinado no coração e no entendimento das pessoas; e indicava, além disso, um caminho inédito para alcançá-lo. Muitos se renderam a ele e dele se tornaram adeptos.
As religiões tradicionais, porém, o enfrentaram, assim como todos os que permaneceram fiéis a elas. Allan Kardec foi, portanto, também criticado, discutido e contestado.
Quanto à sociedade, havia a possibilidade de escolha, podia ou não aceitar a nova filosofia religiosa; para os que a ela aderiram foi possível entender que não apenas nos indicava uma procedência evolutiva a partir dos símios, como descendentes deles, mas que em uma época de nossa vida fomos símios, cobrimo-nos com aquela vestimenta. Fomos gorilas, não apenas descendemos deles!
Esse, para mim, é o aspecto mais importante da teoria espírita, ou seja, o de nos colocar como seres espirituais, apontando o caminho para a conquista da superioridade, para a construção de nós mesmos, por meio de um contínuo evoluir. Mostra-nos a tortuosa estrada pela qual temos passado, desde os elementos mais simples como os átomos, invertebrados, vírus e bactérias, vermes e insetos até aos vertebrados como peixes, répteis, mamíferos e, destes aos símios, dos quais descendemos. Na fronte não ostentamos, em nossa origem, o timbre da realeza, nem nos foi dado um paraíso celestial do qual acabamos por ser expulsos pela nossa imperfeição.
A Sabedoria Divina nos criou simples e ignorantes, mas dispôs nosso futuro de forma que pudéssemos alcançar o lugar que desfrutamos, como seres humanos, trazendo impressos na alma os primórdios dos conhecimentos instintivos sobre nós mesmos, sobre o amor, sobre o altruísmo e o respeito à vida de um modo geral.
O kardecismo apresenta, pois, o espírito humano como produto decorrente de um longo processo evolutivo a partir do princípio inteligente até a alma humana. Durante o decorrer desse processo, imprimimos em nosso íntimo o conhecimento de nós próprios e do universo, de Deus Criador e de sua natureza eterna, sábia e cheia de amor."

É isso!
Iba Mendes
São Paulo, 2012.

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