Thomas Huxley: "Darwiniana: A Origem das Espécies em debate"
Li recentemente este livro publicado pela Editora Madras, que reúne alguns ensaios de Thomas Huxley, cientista e grande amigo do naturalista inglês Charles Darwin. Por sua defesa apaixonada ao autor de "A Origem das Espécies", Huxley recebeu a merecida alcunha de "Bulldog de Darwin".
Li recentemente este livro publicado pela Editora Madras, que reúne alguns ensaios de Thomas Huxley, cientista e grande amigo do naturalista inglês Charles Darwin. Por sua defesa apaixonada ao autor de "A Origem das Espécies", Huxley recebeu a merecida alcunha de "Bulldog de Darwin".
No ensaio VIII ("Charles Darwin"), de 27 de
abril de 1882, no mesmo mês e ano da morte de Darwin, escreveu fazendo jus ao
seu "cão de Darwin":
"Era esse
raro e maior talento que mantinha sua viva imaginação e grande poder
especulativo, dentro dos devidos limites, que o impeliu a empreender os
trabalhos prodigiosos da investigação e da leitura original sobre as quais suas
obras publicadas se basearam; que o fizeram aceitar críticas e sugestões de
qualquer e de todas as pessoas, não somente com paciência, mas com expressões
de gratidão e, às vezes, comicamente, além de seu real valor, e que o levou a
não permitir que ninguém fosse ludibriado por frases e sem economizar tempo e
sacrifícios para conseguir ideias claras e distintas a respeito de cada tópico
em que estivesse envolvido.
Conversar com
Darwin trazia sempre a lembrança de Sócrates. Havia o mesmo desejo em encontrar
alguém mais sábio do que ele; a mesma crença na soberania da razão; o mesmo bom
humor imediato; o mesmo interesse colaborativo em todas as formas e trabalhos
dos homens. Em vez de desistir a respeito dos problemas da Natureza,
considerando-os impossíveis de solução, nosso filósofo moderno dedicou sua vida
inteira em atacá-los com o mesmo espírito de Heráclito e de Demócrito, cujos
resultados são a substância da qual suas especulações eram apenas sombras
auspiciosas".
Destaco ainda, tomando por fundamento o referido
Ensaio, a opinião de Huxley sobre o conceito de “evolução” em três importantes
nomes da contemporaneidade de Darwin, incluindo este:
"Os srs.
Wallace e Mivart ainda vão além. Eles são tão fortes adeptos da evolução quanto
o próprio sr. Darwin. Mas o sr. Wallace nega que o Homem possa ter evoluído de
um animal inferior pelo processo da seleção natural o qual, tanto ele como o
sr. Darwin, acreditam ter sido suficiente para a evolução de todos os animais
abaixo dele. Enquanto o sr. Mivart, admitindo que a seleção natural foi uma das
condições da evolução dos animais abaixo do Homem, acredita que a seleção
natural, mesmo no caso desses animais, deva ter sido complementada por
"alguma outra causa" - de cuja natureza, infelizmente, ele não tem
nenhuma ideia. Dessa forma, o sr. Mivart é menos darwiniano que o sr. Wallace,
pois tem menos fé no poder da seleção natural. Entretanto, ele é mais
evolucionista do que o sr. Wallace, porque este pensa que seja necessário
apelar para um agente inteligente - uma espécie de sir John Sebright
sobrenatural - para produzir até mesmo a estrutura animal do Homem, enquanto o
sr. Mivart não precisa de assistência divina para chegar à alma do mesmo."
É isso!
Iba Mendes
São Paulo, 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sugestão, críticas e outras coisas...