6/15/2018

“A Ianthe”, de Lord Byron (Poema Traduzido)


Autor: Lord Byron
Tradutor: Francisco Jose Pinheiro Guimarães
Ano: 1907
Transcrição e atualização: Iba Mendes (2018)

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A Ianthe

Nem nas plagas, em que eu vaguei por último,
Onde a beleza sem igual foi sempre;
Nem nas visões, que ao peito trazem formas
Que ele só sente em sonhos haver visto,
Nada ideal ou real, como tu, viu-se:
E inda tendo-te visto em vão tentara
Eu pintar essas graças variadas,
Como os reflexos seus; pois sendo fracas,
Para quem te não vê, minhas palavras,
O que havia eu dizer a quem te observa?

Ah! possas sempre ser o que és agora,
E sem faltar da tua primavera
À promissão, figura ter tão bela
Como um ardente coração e puro,
Na terra imagem do amor sem asas,
E ingênua mesmo além das esperanças!
Em ti aquela que ora terna alinha
Tua juventude, cada vez mais lúcida,
De seus futuros anos vê o Íris,
Cujo matiz celeste espanca as mágoas.

Jovem Peri do Poente! eu tenho a dita
De minha idade ser da tua o dobro;
Imóveis, sem amor, te veem meus olhos;
Vejo a salvo crescer, brilhar tuas graças.
Feliz! pois declinar não hei de vê-las;
Mais feliz porque, quando jovens peitos
Sangrarem todos, há de o meu isento
Ser da sorte, que os olhos teus reservam
Aos que virem coroado o seu assombro;
Mas seguido das penas infalíveis
De Amor, mesmo nas horas mais ditosas.

Teus olhos vivos, como os da gazela
De afoito brilho, de formoso pejo,
Que vencem móveis, e deslumbram fitos,
Lança-os sobre estas páginas, e a meus versos
Ah! não queiras negar esse sorriso,
Pelo que eu suspirara em vão, se fosse
Para ti mais do que um sincero amigo.
Concede-me isto só, cara donzela,
Nem me perguntes porque a ti tão jovem
Os meus carmes entrego; mas consente
Que entre em meu diadema um lírio puro.

Destarte aos versos meus se une teu nome;
E enquanto houver de Harold quem para as páginas
Olhe benigno, nelas consagrado
De Ianthe o nome sempre há de o primeiro
Ser contemplado, e o último esquecido:
Quando eu já não viver, se esta homenagem
Levar os dedos teus de Fada à Lira
Deste, que te saudou, como a mais bela,
Não pode mais querer minha memória,
E ainda que a esperança a mais não chegue,
Poderia a amizade exigir menos?

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