A PARÓDIA
Canção do Exilado
(Paródia de "Canção do Exílio", de Gonçalves Dias)
Minha terra tem coqueiros
Onde decantam os
xexéus,
Em doces tardes fagueiras
De um céu opalino,
sem véus!
Há mais encantos nas
noites,
No luar mais poesia;
“É mais cheio de mistério
O toque de Ave Maria!"
A via-láctea é mais
branca,
As estrelas mais brilhantes,
Os campos são mais
floridos
E os balsedos mais
fragrantes.
À noite, ao surgir da
lua,
Por detrás dos
coqueirais:
Quantas saudades, meu
Deus,
Dos tempos que não vêm
mais!
E do canto, à meia
noite,
Da “mãe d’água com os
seus ais!”
A cismar, sozinho, a
medo,
Em bela noite
estival,
Tenho saudades das
folhas
Do verde canavial,
E da brisa
farfalhante
Nas frondes do
coqueiral!
JÚLIO CÍCERO MONTEIRO
---
O ORIGINAL
O ORIGINAL
Canção do Exílio
"Minha terra tem
palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui
gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais
estrelas,
Nossas várzeas têm mais
flores,
Nossos bosques têm
mais vida,
Nossa vida mais
amores.
Em cismar, sozinho, à
noite,
Mais prazer encontro
eu lá;
Minha terra tem
palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem
primores,
Que tais não encontro
eu cá;
Em cismar — sozinho,
à noite —
Mais prazer encontro
eu lá;
Minha terra tem
palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que
eu morra,
Sem que eu volte para
lá;
Sem que desfrute os
primores
Que não encontro por
cá;
Sem qu'inda aviste as
palmeiras,
Onde canta o
Sabiá."
GONÇALVES DIAS
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sugestão, críticas e outras coisas...