1/05/2019

Dante Alighieri: Aspectos Biográficos



Dante Alighieri: Aspectos Biográficos

Dante Alighieri nasceu em Florença, em 1265, de uma família nobre de Guelfos.
Órfão muito cedo, foi educado por Brunetto Latini, o autor do Tesoretto, que lhe ensinou eloquência, política e artes. Esse Brunetto Latini seria colocado por Dante no Inferno, entre os sodomitas.
O primeiro acontecimento na vida de Dante Alighieri é o aparecimento de Beatriz Portinari, “angiola giovanissima”, “donna gentile”. Isso acontece ao florentino quando ele tem apenas nove anos de idade. Beatriz não pode amar Dante, nem nesse tempo e nem mais tarde, porque Dante será sempre um homem feio, maltratado, ensimesmado, arredado da vida.
Beatriz será em toda a vida de Alighieri, a inspiração permanente do poeta. A "Vita Nuova”, livro da adolescência, fala do amor, da vida e da morte de Beatriz: quando morre a “angiola giovanissima”, abre-se o céu para recebê-la.
Foram grandes amigos de Dante o painelista Giotto e o político Guido Cavalcanti. Deste último, que Dante considerava o primeiro dos seus amigos (“primo degli miei amiei"), diz-se que se entregava ao mesmo vício socrático de Brunetto Lutini, e que só escapou ao Inferno por ter o autor  habilmente feito começar a sua narrativa dois meses antes da morte do amigo...
Dante tomou parte ativa nas lutas entre guelfos e gibelinos, nas guerras entre Florença e Arezzo: combateu em Campaldino, em 1289, onde os Guelfos foram derrotados. As arbitrariedades dos gibelinos triunfantes levaram os guelfos a um protesto junto ao papa Bonifácio VIII: Dante incorporou-se à embaixada que foi pedir justiça ao Vigário de Cristo. O papa, no entanto, pouco ou quase nada resolveu: não escapou, entretanto, ao castigo, por parte do poeta, que o pôs no Inferno, no círculo em que estão os acusados de simonia.
Dante vê-se, primeiro, condenado à morte e, depois, exilado, banido, “fuoruscito”. O exílio, a princípio de dez anos, é depois aumentado para vinte. Nessas duas décadas, vive Dante a vida do “peregrino por necessidade”. O exílio, contudo, é para ele uma escola de vida e, ao fim de algum tempo, já tem a alma disposta e resignada: “alma sdegnosa”.
Passa vinte anos em excursões pela Toscana, pela Ligúria, e nesses vinte anos escreve a “Commedia”, que os seus pósteros, com Boccaccio à frente, chamarão “Divina”.
Ao lado das demais obras de Alighieri (Sonetos, Canções, a prosa “O Banquete”, os versos de amor “Vita Nuova”), a “Divina Commedia” destaca-se com relevo impressionante. Faz-se aí, em três partes, que representam os três mundos, o da danação (Inferno) o da penitência (Purgatório) e o da beatitude (Paraíso), o roteiro de um ciclo místico e teológico verdadeiramente gigantesco.
Cada Canto tem trinta e três cânticos, o primeiro tendo a mais um cântico inicial. As estrofes são construídas em “terza rima”; a ação principia na sexta-feira santa, 8 de abril de 1300; no Inferno e no Purgatório, Dante é guiado por Virgílio; no Paraíso, por Beatriz. No Inferno, em nove círculos, sucedem-se os que morreram sem batismo, os luxuriosos, gulosos, os avaros, ricos e prodígios, os coléricos, os hereges, os violentos, os fraudadores e os traidores. Nos sete círculos do Purgatório, encerram-se os que cometeram os sete pecados capitais.
Dante Alighieri, que se casou com Gemma Donati, que lhe deu muitos filhos, morreu de febres palustres em Ravenna, onde foi sepultado, no dia 15 de setembro de 1321.

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Revista "Vamos Ler!", 3 de novembro de 1938.

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