Minha mãe
MARIO LINHARES
Fortaleza, 1910.
Há quanto tento,
mãe, como em mármore grego,
Teu amor entalhar
no bronze de um soneto;
E embalde empunho
escopro a força emprego
Para escodar poder
o teu imenso afeto.
E luto e luto
mais; luto impaciente e inquieto
Para alcançar o
fim a que com amor me entrego,
E na febre voraz
de que, então, me acometo,
Saio extenuado
enfim, vencido, exausto e cego.
E ante o bloco
disforme e tosco da Poesia,
Cai-me o rude
cinzel da mão nervosa e fria,
Se o teu santo
perfil a burilar me inclino.
Não consigo
esculpir o teu amor augusto:
Mas dentro da alma
tenho erigido o teu busto
Como escultura ideal
de um arcanjo divino!
***
Mãe
Mãe
ULISSES DINIZ
1951
Carinhosa visão,
reflexo verdadeiro
Do mais sagrado
amor — humanidade e santo,
És para todos nós
(exceto os que, no entanto,
Como eu já não te
veem) — amparo hospitaleiro!
Encarnação do bem,
ao teu mavioso canto
A dor se lenifica;
o teu olhar fagueiro
Esparge em nosso ser
— um fraternal luzeiro
Que desfaz o
sofrer que nos maltrata tanto!
No teu regaço
amigo e acolhedor, propício,
Recebes com prazer
— no mais estoico exemplo
Um filho
pervertido, ingrato ou adventício!
Sem ti, sem teu
amor... Ó Mãe! eu te contemplo
Ai! de mim,
sofredor, que vivo orfandade,
Pela imaginação,
no prisma da saudade!
***
A minha mãe
M. OLIVEIRA
6 de janeiro de 1912.
Bem singela porém
grande e pura
É a palavra mãe
que tudo diz
Com ela menos
forte é a amargura
É também ela que
nos faz feliz.
Volvei os olhos
bem para o passado
Com cuidado
volvei-os para o futuro
Amor como o do ser
por nós amado
Jamais
encontrareis tão grande e puro.
Se a dor de um sono
calmo te sacode
Ainda que também
dores sofrendo
A ti verás em
breve ela correndo
E solicita ligeira
ela te acode
Na parte dorida a
mão pousando
A dor mais que
ligeira vai passando.
***
Ser Mãe
Ser Mãe
COELHO NETO
Ser mãe é
desdobrar fibra por fibra
O coração! Ser mãe
é ter no alheio
Lábio, que suga, o
pedestal do seio,
Onde a vida, onde
o amor cantando vibra.
Ser mãe é ser um
anjo que se libra
Sobre um berço
dormido; é ser anseio,
É ser temeridade,
é ser receio,
É ser força que os
males equilibra!
Todo o bem que a
mãe goza é bem do filho,
Espelho em que se
mira afortunada,
Luz que lhe põe
nos olhos novo brilho!
Ser mãe é andar
chorando num sorriso!
Ser mãe é ter um
mundo e não ter nada!
Ser mãe é padecer
num paraíso!
***
Quem amo
(À minha mãe).
ISMAEL COSTA
17 de julho de 1930.
A mulher mais formosa
e idealizada,
Que é para mim a
imagem da candura,
Que a sorrir
desabrocha uma alvorada,
Que e é toda
divinal — santa criatura!
Que nos olhos
minh'alma desenhada
Tem na retina
casta que fulgura,
Que a voz é poesia
bem ritmada
Ao som da lira
encantadora e pura...
A mulher que me
prende e me cativa,
Que me devota o
mais sincero amor,
Que vejo quase
sempre pensativa,
Por mim entregue a
firme adoração,
É minha mãe, a
melindrosa flor
Que tenho no
jardim do coração.
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