Havia numa terra dois
corcundas que se conheciam e eram amigos; de uma vez um deles perdeu-se numa
estrada e foi ter ao meio de uma floresta onde umas bruxas estavam fazendo as
suas danças, e diziam:
— Entre quintas e sextas e sábados.
O corcunda foi-se aproximando,
e viu ali muito de comer, e começou também a dizer:
— Entre quintas e sextas e sábados.
As feiticeiras vieram ter com
o corcunda e deram-lhe muito de comer e fizeram-no dançar; como estava para dar
meia-noite, disseram:
— O que se há de fazer a este
homem, quando nos formos embora?
— Dê-se-lhe muito dinheiro.
Outras disseram:
— Tire-se-lhe a corcunda.
Ele apanhou as duas coisas, e
foi-se embora; quando chegou à sua terra o outro corcunda perguntou-lhe quem é
que o tinha endireitado. O amigo contou-lhe tudo e disse-lhe onde era a
floresta; o outro corcunda avistou as mesmas luzes e viu a mesma dança das
bruxas; e assim que ouviu elas estarem cantando:
— "Entre quintas e sextas
e sábados", começou a dizer as mesmas palavras, e acrescentou:
— E os domingos, se for necessário.
As bruxas desesperadas por lhe
falarem no domingo, foram ter com ele, deram-lhe muitos repelões e disseram:
— O que havemos de fazer a
este homem?
— Ponha-se a corcunda que o
outro aqui deixou.
E assim ele se foi embora com
uma giba atrás e outra adiante.
(Porto)
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Pesquisa e atualização ortográfica: Iba Mendes (2019)
Pesquisa e atualização ortográfica: Iba Mendes (2019)
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