3/09/2025

A mesa, o burro e o cacete (dos Irmãos Grimm), por Monteiro Lobato



A MESA, O BURRO E O CACETE

Há muitos anos viveu em certa cidadezinha um alfaiate pai de três filhos. Possuía uma cabra que tinha de fornecer leite para todos e por isso o alfaiate a queria muito bem alimentada. Todos os dias um dos rapazes a levava a pastar; revezavam-se nisso os três.

Certa manhã o mais velho levou-a a pastar no quintal da igreja, onde crescia o mais verde capim das vizinhanças. Lá a deixou o dia inteiro e quando à tarde foi buscá-la, teve o cuidado de indagar :

— Está satisfeita, Bitinha?

E a cabra respondeu:

Se continuasse a pastar
Era capaz de estourar.

— Nesse caso, toca para casa — e levou-a pela corda.

Ao vê-lo chegar, o alfaiate perguntou:

— A cabrita pastou a contento?

— Sim, meu pai. Tosou todo o capim do quintal da igreja.

Para melhor certificar-se, o desconfiado velho foi ao cercado da cabrita e perguntou-lhe se havia pastado bastante.

Como podia pastar,
Se o tempo todo eu passei
Sem nada, nada encontrar?

O alfaiate ficou furioso.

— Com que então, ó grandissíssimo lorpa! traz-me a cabrita de buxo vazio como foi e vem contar-me que ela comeu todo o capim da igreja? Ponha-se já no olho da rua, que não quero mentirosos em minha casa.

E passando mão dum cacete tocou de casa o pobre rapaz.

Na manhã seguinte foi a vez do segundo filho levar a cabrita, o qual a deixou num recanto de jardim onde havia muita erva fresca. Ao anoitecer, foi buscá-la e perguntou-lhe se estava satisfeita.

A cabrita respondeu:

Se continuasse a pastar
Era capaz de estourar.

Vamos então para casa, volveu o rapaz e levou-a pela cordinha. Logo que chegou, o alfaiate veio com a sua pergunta:

— A cabrita comeu a contento?

— Quanto quis, meu pai. Se comesse mais um pouco até podia rebentar.

O alfaiate, porém, escabreado com o que acontecera na véspera, foi consultar a cabrita, a qual lhe respondeu:

Como podia pastar,
Se não achei no jardim
Um só pé de capim?

— Grande patife! exclamou o velho, dirigindo-se ao moço. Onde já se viu deixar a morrer de fome um animalzinho tão útil? e fez como ao primeiro expulsou-o de casa a pau.

No terceiro dia o último filho foi levar a cabrita ao pasto. Procurou os melhores capins de beira de estrada e lá a amarrou para que comesse à vontade. À noite, foi buscá-la e repetiu a pergunta dos outros:

— Então, pastou bastante?

E a cabrita respondeu:

Se continuasse a pastar
Era capaz de estourar.

Diante disso, o rapaz levou-a para casa e disse ao pai que ela estava de papo cheio. Mas quando o velho consultou o perverso animal, o que ouviu foi o seguinte:

Como podia pastar
Naquela beira de estrada
De mil cavalos tosada?

— Ó grande canalha! berrou o alfaiate furioso. É tão desleixado como os irmãos. Mas deixe estar que desta feita eu lhe curo a malandragem e expulsou de casa o seu último filho.

Ficou o velho alfaiate sozinho com a cabrita e na manhã seguinte foi ao curral e correu-lhe a mão pelo fio do lombo dizendo:

— Vamos, minha Bitinha querida; agora eu mesmo irei levá-la a pastar.

Desamarrou-a e levou-a à horta, onde a gulosa se fartou de quanta alface e quanto repolho havia. Ao anoitecer, veio buscá-la e perguntou-lhe se estava satisfeita. A cabrita respondeu:

Se continuasse a pastar
E mais um nabo comesse
Era capaz de estourar.

O velho levou-a então para o curral; mas antes de retirar-se teve a idéia de inquirir mais uma vez:

— Posso então dormir sossegado, porque a minha cabrita está mesmo de papinho cheio, não?

Mas a cabrita respondeu como sempre:

Como estaria contente,
Se toda horta não cabe
Numa só cova do dente?

Essa resposta deixou o velho atônito, pois acabava de compreender a grande injustiça que cometera contra seus três filhos, expulsos de casa sem o menor motivo.

— Espera aí, mal-agradecida duma figa! ameaçou ele. Expulsar-te de minha casa é pouco. Tens de sair daqui marcada de modo que nunca mais possas enganar alfaiates respeitáveis como eu.

Disse e fez. Trouxe a navalha e rapou a cabeça da cabrita, deixando-a mais careca que um careca de nascença. Depois deu-lhe uma grande surra de chicote e soltou-a. A cabritinha fugiu desabaladamente, a berrar com quantas forças tinha.

Entrando de novo em casa, o velho sentiu-se tomado de grande tristeza. Eram remorsos e ao mesmo tempo saudades dos três filhos tão injustamente expulsos.

Quanto não daria ele agora para que voltassem ao lar paterno! Saiu pela cidade a indagar deles, mas não conseguiu nenhuma informação.

Os rapazes haviam tomado cada qual seu rumo. O mais velho obtivera um lugar de aprendiz numa carpintaria, onde trabalhou com muita inteligência e afinco. Em pouco tempo tornou-se um verdadeiro mestre. Seu patrão apreciava-o tanto que um belo dia lhe deu de presente uma mesa que, embora de aparência vulgar, era mágica. Quem a ela se sentasse e dissesse: "Põe-te, mesa!" — via-a imediatamente cobrir-se de alvíssima toalha, com pratos, talheres, travessas de carne e toda sorte de petiscos, além dum garrafão de excelente vinho virgem.

Ao receber tão valioso presente, o moço refletiu consigo: "Com esta mesa nunca mais passarei necessidade em toda a minha vida." E partiu a correr mundo, com a alma transbordando de felicidade, sem preocupar-se com o dia de amanhã. Quando entrava numa estalagem não indagava nada sobre a comida, pois que sua mesa a fornecia ótima.

Passado algum tempo teve a lembrança de voltar à casa paterna, certo de que a raiva do velho já estaria acabada. Pôs-se a caminho, e na primeira noite de via-gera entrou numa hospedaria cheia de gente. O dono convidou-o a sentar-se à mesa geral.

— Não, disse ele. Eu é que convido a todos para se sentarem à minha mesa particular.

Riram-se os hóspedes, julgando que fosse brincadeira do rapaz, mas não se riram por muito tempo. Ele armou a mesa no meio da sala e disse: “Põe-te, mesa!" e imediatamente a mesa se encheu de iguarias finíssimas, que jamais haviam sido servidas naquela casa.

— Queiram sentar-se, meus caros amigos, disse o rapaz em seguida.

Ninguém esperou segundo convite; sentaram-se e comeram à tripa forra, porque por mais que comessem as terrinas e travessas nunca se esvaziavam.

O estalajadeiro, que de um canto acompanhava a cena, pôs-se a refletir na mina que para ele constituiria aquela mesa.

Terminada a refeição, retiraram-se os hóspedes pa-ra seus quartos e o carpinteiro encostou a mesa mágica à parede, indo também para a cama. O estalajadeiro continuou a refletir. De repente lembrou-se que possuía no quarto dos badulaques uma mesa velha muito parecida com a do moço e do mesmo tamanho. Foi buscá-la e trocou uma pela outra.

No dia seguinte o carpinteiro levantou-se, pagou a conta, pôs a mesa às costas e lá se foi, sem desconfiar de coisa nenhuma.

Quando chegou à casa paterna, o velho alfaiate o recebeu com a maior alegria. Abraçou-o, beijou-o e por fim disse:

— Agora, meu filho, conte-me tudo quanto aprendeu durante o tempo em que andou pelo mundo.

— Tornei-me carpinteiro, meu pai.

— Muito bom ofício, não há dúvida, aprovou o velho. E que lembrança trouxe desses tempos?

— Trouxe esta mesa, meu pai.

O velho examinou a mesa e não achou nela nada de mais.

— Se foi comprada, fez um mau negócio, meu filho, porque é uma mesa velha, que nada vale.

— Engano seu, meu pai. Esta mesa tem a propriedade de pôr-se sozinha. Basta que eu diga "Põe-te, mesa! " para que imediatamente se cubra dos melhores pratos e dos melhores vinhos. Quero que meu pai convide todos os nossos amigos para o grande banquete que desejo oferecer-lhes.

O velho alfaiate convidou todos os seus amigos e parentes. Quando a sala se encheu, o moço colocou a mesa no meio da sala e repetiu o "Põe-te, mesa!" Mas a mesa não deu sinal de si. Continuou tão vazia como qualquer outra que receba ordem semelhante.

O desapontamento foi geral. Todos se riram do moço, tomando-o como impostor, e retiraram-se de barriga vazia, arrenegando da pernada inútil. O pai, muito triste, retomou a sua agulha e o moço teve de arranjar emprego numa oficina da cidade.

O segundo filho do alfaiate expulso de casa encontrou serviço no moinho dum moleiro, cuja arte tratou de aprender. Quando o moleiro viu que nada mais podia ensinar-lhe, chamou-o de parte e disse:

— Em recompensa de me haver servido com tanta diligência, quero dar a você um asno valiosíssimo, embora não puxe carroça, nem carregue cargas ao lombo.

— Para que serve, então?

— Para vomitar ouro. Basta que lhe ponha no focinho um embornal e pronuncie a palavra Bricklebriti!

No mesmo instante de sua boca começarão a cair moedas de ouro no fundo do embornal.

— De fato, é impossível haver presente mais valioso, disse o rapaz, e agradecendo de coração ao bom moleiro partiu a correr mundo.

Desde esse dia nunca mais teve necessidade de ganhar dinheiro. Bastava dirigir ao asno aquela palavra mágica e imediatamente de sua boca vinham ao chão moedas e mais moedas de ouro. Ao moço restava apenas o trabalho de juntá-las. E por onde passava comia e bebia do melhor, porque sua bolsa se conservava sempre cheia. Depois de correr muitas terras lembrou-se de regressar à cidadezinha natal. O pai com certeza já o havia perdoado e além do mais sentir-se-ia feliz de ver em casa um burro daqueles.

De volta para casa aconteceu hospedar-se na mesma hospedaria em que estivera o seu irmão carpinteiro. Logo ao chegar e ao apear, o estalajadeiro ofereceu-se para conduzir o burro à estrebaria.

Não se incomode, respondeu o rapaz; eu mesmo levarei o burrinho à cocheira porque é esse o meu costume. O estalajadeiro torceu o nariz, calculando que se o seu novo hóspede estava acostumado a tratar ele mesmo do burro, era sinal de que não tinha dinheiro. Qual não foi, pois, o seu espanto, momentos após, vendo o hóspede abrir uma bolsa atochada de ouro?

O estalajadeiro serviu-lhe o melhor jantar que pôde e ao apresentar a conta pediu um despropósito — ou dez vezes mais do que valia o serviço. O rapaz viu que não tinha na bolsa dinheiro suficiente e disse:

— Espere um bocado que já venho, senhor estalajadeiro, e tomando consigo a toalha da mesa dirigiu-se para a cocheira. O estalajadeiro ficou atônito, mas levado da ganância seguiu o rapaz às escondidas. Viu-o entrar na estrebaria, estender a toalha sob o focinho do burro e dizer Bricklebrit! Imediatamente da boca do animal jorrou um chuveiro de moedas que tilintaram no chão.

— Pelas barbas de Abraão! exclamou o estalajadeiro. Um burro como este é que me convinha na vida!...

Minutos depois o filho do alfaiate pagou a conta e foi dormir. O estalajadeiro, então, dirigiu-se à estrebaria e trocou o burro mágico por uni burro à-toa.

No dia seguinte o moço deixou a estalagem sem desconfiar de coisa nenhuma. Ao meio-dia desceu na porta da casa de seu pai, que o recebeu com grande alegria.

— Que ofício aprendeu, meu filho? indagou o velho.

— O de moleiro, respondeu o rapaz.

— E que trouxe de importante?

— Um burro apenas.

— Antes houvesse trazido uma cabra, disse o velho, pois que burros iguais a esse aqui não faltam.

— Engano, meu pai. Este burro é mágico. Basta que eu pronuncie perto dele a palavra Bricklebrit! para que uma chuva de moedas de ouro caia da sua boca. Quero que meu pai mande chamar os seus amigos para que assistam ao prodígio — eu os farei ricos a todos.

— Bravos! exclamou o velho entusiasmado. Isso será ótimo, porque já ando cansado da agulha.

Foram feitos os convites e vieram todos na maior curiosidade. Formaram um círculo em torno do burro e abriram a boca no momento em que o moleiro estendeu no chão uma toalha.

— Agora, meus senhores, atenção! pediu o moço e voltando-se para o burro pronunciou a palavra mágica Bricklebrit!

Mas nem um só níquel caiu da boca do animal ficando provado que ele não entendia nada da arte de fabricar dinheiro. O rapaz, desapontadíssimo, pediu desculpas, explicando que lhe haviam trocado o convidados pela segunda vez retirara-se furiosos da vida, arrenegando contra os filhos do alfaiate.

 O velho suspirou e voltou à costura, enquanto o pobre moço se empregava como ajudante num moinho próximo.

Com o terceiro filho aconteceu o seguinte. Ao ser expulso da casa paterna, foi empregar-se numa oficina de torneiro, onde seus progressos correram lentos porque a arte é difícil. Estava ainda lá quando recebeu carta dos irmãos contando como haviam sido miseravelmente roubados pelo tal estalajadeiro. Depois resolveu sair a correr mundo. Ao despedir-se do patrão, recebeu de presente um saco.

— Leve este saco, disse ele. Dentro há um cacete.

— Levarei o saco de muito boa vontade, porque me pode ser útil. Mas para que quero um cacete?

— Esse cacete vale muito, volveu o torneiro. Todas as vezes que você disser "Salta fora, meu cacete" ele pulará do saco e cantará na cabeça de quem estiver porto, sem dó nem piedade. E enquanto não receber ordem para recolher-se ao saco, não parará com o espancamento.

O rapaz agradeceu o precioso presente e partiu. Ah! Pôde correr mundo vontade, Ninguém o aborrecia, nem lhe contava histórias. Por mais valente que fossem os adversários, o cacete, logo que recebia ordem, saltava do saco o era aquela beleza!

Uma noite o rapaz deu com os costados na célebre hospedaria. Depôs sobre a mesa o saco e começou a descrever as grandes coisas vistas pelo mundo.

— Sim, dizia ele. Há no mundo verdadeiras maravilhas, como mesas que se põem sozinhas e burros que vomitam ouro; mas tudo isso é nada diante do tesouro que trago dentro deste saco.

O estalajadeiro arregalou o Olho, e ficou a pensar que o saco só poderia conter brilhantes. Como conseguir apoderar-se dele?

Quando chegou a hora de dormir o moço estendeu-se num dos bancos da sala, com a cabeça apoiada sobre o saco e fingiu dormir. Dali a pouco o estalajadeiro veio vindo pé ante pé e começou a puxar o saco devagarinho, com o máximo cuidado para não despertar o dono. Havia arranjado um saco igual àquele para fazer a troca, como fizera à mesa e ao burro. Mas o moço, que justamente esperava por aquilo, limitou-se a dizer em certa momento: "Salta fora, cacete!" e foi tiro e queda. O cacete pulou de dentro do saco e desancou sem dó nem piedade o estalajadeiro ladrão.

O homem berrava, fugia dum lado para outro, pedindo misericórdia — mas quanto mais pulava mais o cacete lhe batia. Por fim caiu, completamente exausto.

Só então o moço lhe disse:

— Se não devolver a mesa e o burro mágicos, o cacete ficará a espancá-lo toda a vida.

— Não! Não! gemeu debilmente o desgraçado. Devolvo mesa, burro e tudo, mas primeiro faça este maldito cacete parar com a surra.

— Pois vamos ver isso, disse o moço — e deu ordem ao cacete de voltar para o saco.

Na manhã seguinte o jovem torneiro deixou a estalagem levando a às costas do burro e mais o saco do cacete, Tocou para a casa paterna, onde o velho pai, depois do abraçá-lo, perguntou que havia aprendido pelo mundo.

— Sou torneiro, meu pai.

— Arte difícil, murmurou o velho. E que trouxe de novidade?

— Um cacete, meu pai.

— Quê? exclamou o velho. Um cacete? Não era preciso andar por tão longe para tão pouco. Aqui em casa há madeira para fazer mais de mil cacetes.

— Mas nenhum valeria o meu, pai, pois basta que receba as minhas ordens e põe-se a desancar a quem está perto, que é um Deus me acuda. Veja. Com esse maravilhoso cacete consegui reaver a mesa mágica e o burro que vomita ouro, dos meus irmãos. Pode agora convidar todos os seus amigos que nenhum sairá daqui desapontado.

O velho não deu grande crédito às palavras do filho, mas mesmo assim mandou chamar os amigos. Logo que todos chegaram, o jovem torneiro pôs uma toalha debaixo do focinho do burro e chamando o irmão disse-lhe:

— Vamos. Pronuncie a palavra mágica.

O moço moleiro exclamou Bricklebrit! e no mesmo instante lindas moedas de ouro começaram a amontoar-se sobre a toalha, com grande assombro de todos. Era ouro e mais ouro, de causar inveja até a um rei. E enquanto os convidados não encheram todos os bolsos, o moleiro não fechou aquela preciosa torneira.

 

Em seguida a mesa foi colocada no meio da sala e chegou a vez do marceneiro dizer "Põe-te, mesa!"

Como por encanto apareceu ela posta, com riquíssimos talheres e os melhores petiscos, desses que só os grandes cozinheiros sabem preparar. Todos os convidados comeram e beberam à tripa forra, retirando-se tarde da noite e contentíssimos.

No dia seguinte o velho alfaiate guardou a agulha e a tesoura no fundo da gaveta e começou a viver vida nova em companhia de seus amados filhos.

***

E a cabrita? Oh, a cabrita sentiu-se tão envergonhada com o que lhe aconteceu que se enfiou pelo primeiro buraco encontrado no caminho. Era a morada de uma raposa, que andava caçando por perto. Ao voltar. deu a raposa com aqueles dois olhos que brilhavam no fundo da sua toca e fugiu espavorida. Um urso que a viu correndo, indagou:

— Que é isso, mana Raposa? Que foi que a assustou tanto?

— Ah, gemeu a raposa quase sem fôlego. Encontrei na minha toca uma fera horrenda, careca e com dois olhos de fogo.

— Deixe o caso comigo. Vou espantar de lá essa tal fera.

E foi. Mas ao ver aquele monstro desconhecido, careca, e chifres e olhos de fogo, também fugiu na disparada. No caminho encontrou uma abelha, que lhe perguntou:

— Que cara feia é essa, amigo urso?

— Uma fera terrível e desconhecida que está na casa da raposa. Ofereci-me para enxotá-la, mas ao vê-la, perdi a coragem e fugi.

— Pois vou ver isso, disse a abelha. Apesar de pequenina, gosto de ajudar os amigos.

E foi. Entrou e reconheceu a cabra do alfaiate que muitas vezes vira pastando, aqui e ali. Só que estava careca. Sem medo nenhum avançou e deu-lhe unia ferrotoada no focinho.

A cabra fugiu da toca que nem louca — e com certeza está correndo até agora!


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Pesquisa, transcrição e adequação ortográfica: Iba Mendes (2025)

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