
Há muitos anos viveu em certa
cidadezinha um alfaiate pai de três filhos. Possuía uma cabra que tinha de
fornecer leite para todos e por isso o alfaiate a queria muito bem alimentada.
Todos os dias um dos rapazes a levava a pastar; revezavam-se nisso os três.
Certa manhã o mais velho levou-a a
pastar no quintal da igreja, onde crescia o mais verde capim das vizinhanças.
Lá a deixou o dia inteiro e quando à tarde foi buscá-la, teve o cuidado de
indagar :
— Está satisfeita, Bitinha?
E a cabra respondeu:
Se continuasse a pastar
Era capaz de estourar.
— Nesse caso, toca para casa — e
levou-a pela corda.
Ao vê-lo chegar, o alfaiate
perguntou:
— A cabrita pastou a contento?
— Sim, meu pai. Tosou todo o capim
do quintal da igreja.
Para melhor certificar-se, o
desconfiado velho foi ao cercado da cabrita e perguntou-lhe se havia pastado
bastante.
Como podia pastar,
Se o tempo todo eu passei
Sem nada, nada encontrar?
O alfaiate ficou furioso.
— Com que então, ó grandissíssimo
lorpa! traz-me a cabrita de buxo vazio como foi e vem contar-me que ela comeu
todo o capim da igreja? Ponha-se já no olho da rua, que não quero mentirosos em
minha casa.
E passando mão dum cacete tocou de
casa o pobre rapaz.
Na manhã seguinte foi a vez do
segundo filho levar a cabrita, o qual a deixou num recanto de jardim onde havia
muita erva fresca. Ao anoitecer, foi buscá-la e perguntou-lhe se estava
satisfeita.
A cabrita respondeu:
Se continuasse a pastar
Era capaz de estourar.
Vamos então para casa, volveu o
rapaz e levou-a pela cordinha. Logo que chegou, o alfaiate veio com a sua
pergunta:
— A cabrita comeu a contento?
— Quanto quis, meu pai. Se comesse
mais um pouco até podia rebentar.
O alfaiate, porém, escabreado com o
que acontecera na véspera, foi consultar a cabrita, a qual lhe respondeu:
Como podia pastar,
Se não achei no jardim
Um só pé de capim?
— Grande patife! exclamou o velho,
dirigindo-se ao moço. Onde já se viu deixar a morrer de fome um animalzinho tão
útil? e fez como ao primeiro expulsou-o de casa a pau.
No terceiro dia o último filho foi
levar a cabrita ao pasto. Procurou os melhores capins de beira de estrada e lá
a amarrou para que comesse à vontade. À noite, foi buscá-la e repetiu a
pergunta dos outros:
— Então, pastou bastante?
E a cabrita respondeu:
Se continuasse a pastar
Era capaz de estourar.
Diante disso, o rapaz levou-a para
casa e disse ao pai que ela estava de papo cheio. Mas quando o velho consultou
o perverso animal, o que ouviu foi o seguinte:
Como podia pastar
Naquela beira de estrada
De mil cavalos tosada?
— Ó grande canalha! berrou o
alfaiate furioso. É tão desleixado como os irmãos. Mas deixe estar que desta
feita eu lhe curo a malandragem e expulsou de casa o seu último filho.
Ficou o velho alfaiate sozinho com
a cabrita e na manhã seguinte foi ao curral e correu-lhe a mão pelo fio do
lombo dizendo:
— Vamos, minha Bitinha querida;
agora eu mesmo irei levá-la a pastar.
Desamarrou-a e levou-a à horta,
onde a gulosa se fartou de quanta alface e quanto repolho havia. Ao anoitecer,
veio buscá-la e perguntou-lhe se estava satisfeita. A cabrita respondeu:
Se continuasse a pastar
E mais um nabo comesse
Era capaz de estourar.
O velho levou-a então para o curral;
mas antes de retirar-se teve a idéia de inquirir mais uma vez:
— Posso então dormir sossegado,
porque a minha cabrita está mesmo de papinho cheio, não?
Mas a cabrita respondeu como
sempre:
Como estaria contente,
Se toda horta não cabe
Numa só cova do dente?
Essa resposta deixou o velho
atônito, pois acabava de compreender a grande injustiça que cometera contra
seus três filhos, expulsos de casa sem o menor motivo.
— Espera aí, mal-agradecida duma
figa! ameaçou ele. Expulsar-te de minha casa é pouco. Tens de sair daqui
marcada de modo que nunca mais possas enganar alfaiates respeitáveis como eu.
Disse e fez. Trouxe a navalha e
rapou a cabeça da cabrita, deixando-a mais careca que um careca de nascença.
Depois deu-lhe uma grande surra de chicote e soltou-a. A cabritinha fugiu
desabaladamente, a berrar com quantas forças tinha.
Entrando de novo em casa, o velho
sentiu-se tomado de grande tristeza. Eram remorsos e ao mesmo tempo saudades
dos três filhos tão injustamente expulsos.
Quanto não daria ele agora para que
voltassem ao lar paterno! Saiu pela cidade a indagar deles, mas não conseguiu
nenhuma informação.
Os rapazes haviam tomado cada qual
seu rumo. O mais velho obtivera um lugar de aprendiz numa carpintaria, onde
trabalhou com muita inteligência e afinco. Em pouco tempo tornou-se um
verdadeiro mestre. Seu patrão apreciava-o tanto que um belo dia lhe deu de
presente uma mesa que, embora de aparência vulgar, era mágica. Quem a ela se
sentasse e dissesse: "Põe-te, mesa!" — via-a imediatamente cobrir-se
de alvíssima toalha, com pratos, talheres, travessas de carne e toda sorte de
petiscos, além dum garrafão de excelente vinho virgem.
Ao receber tão valioso presente, o
moço refletiu consigo: "Com esta mesa nunca mais passarei necessidade em
toda a minha vida." E partiu a correr mundo, com a alma transbordando de
felicidade, sem preocupar-se com o dia de amanhã. Quando entrava numa estalagem
não indagava nada sobre a comida, pois que sua mesa a fornecia ótima.
Passado algum tempo teve a
lembrança de voltar à casa paterna, certo de que a raiva do velho já estaria
acabada. Pôs-se a caminho, e na primeira noite de via-gera entrou numa
hospedaria cheia de gente. O dono convidou-o a sentar-se à mesa geral.
— Não, disse ele. Eu é que convido
a todos para se sentarem à minha mesa particular.
Riram-se os hóspedes, julgando que
fosse brincadeira do rapaz, mas não se riram por muito tempo. Ele armou a mesa
no meio da sala e disse: “Põe-te, mesa!" e imediatamente a mesa se encheu
de iguarias finíssimas, que jamais haviam sido servidas naquela casa.
— Queiram sentar-se, meus caros
amigos, disse o rapaz em seguida.
Ninguém esperou segundo convite;
sentaram-se e comeram à tripa forra, porque por mais que comessem as terrinas e
travessas nunca se esvaziavam.
O estalajadeiro, que de um canto
acompanhava a cena, pôs-se a refletir na mina que para ele constituiria aquela
mesa.
Terminada a refeição, retiraram-se
os hóspedes pa-ra seus quartos e o carpinteiro encostou a mesa mágica à parede,
indo também para a cama. O estalajadeiro continuou a refletir. De repente
lembrou-se que possuía no quarto dos badulaques uma mesa velha muito parecida
com a do moço e do mesmo tamanho. Foi buscá-la e trocou uma pela outra.
No dia seguinte o carpinteiro
levantou-se, pagou a conta, pôs a mesa às costas e lá se foi, sem desconfiar de
coisa nenhuma.
Quando chegou à casa paterna, o
velho alfaiate o recebeu com a maior alegria. Abraçou-o, beijou-o e por fim
disse:
— Agora, meu filho, conte-me tudo
quanto aprendeu durante o tempo em que andou pelo mundo.
— Tornei-me carpinteiro, meu pai.
— Muito bom ofício, não há dúvida,
aprovou o velho. E que lembrança trouxe desses tempos?
— Trouxe esta mesa, meu pai.
O velho examinou a mesa e não achou
nela nada de mais.
— Se foi comprada, fez um mau negócio,
meu filho, porque é uma mesa velha, que nada vale.
— Engano seu, meu pai. Esta mesa
tem a propriedade de pôr-se sozinha. Basta que eu diga "Põe-te, mesa!
" para que imediatamente se cubra dos melhores pratos e dos melhores
vinhos. Quero que meu pai convide todos os nossos amigos para o grande banquete
que desejo oferecer-lhes.
O velho alfaiate convidou todos os
seus amigos e parentes. Quando a sala se encheu, o moço colocou a mesa no meio
da sala e repetiu o "Põe-te, mesa!" Mas a mesa não deu sinal de si.
Continuou tão vazia como qualquer outra que receba ordem semelhante.
O desapontamento foi geral. Todos
se riram do moço, tomando-o como impostor, e retiraram-se de barriga vazia,
arrenegando da pernada inútil. O pai, muito triste, retomou a sua agulha e o
moço teve de arranjar emprego numa oficina da cidade.
O segundo filho do alfaiate expulso
de casa encontrou serviço no moinho dum moleiro, cuja arte tratou de aprender.
Quando o moleiro viu que nada mais podia ensinar-lhe, chamou-o de parte e disse:
— Em recompensa de me haver servido
com tanta diligência, quero dar a você um asno valiosíssimo, embora não puxe
carroça, nem carregue cargas ao lombo.
— Para que serve, então?
— Para vomitar ouro. Basta que lhe
ponha no focinho um embornal e pronuncie a palavra Bricklebriti!
No mesmo instante de sua boca
começarão a cair moedas de ouro no fundo do embornal.
— De fato, é impossível haver
presente mais valioso, disse o rapaz, e agradecendo de coração ao bom moleiro
partiu a correr mundo.
Desde esse dia nunca mais teve
necessidade de ganhar dinheiro. Bastava dirigir ao asno aquela palavra mágica e
imediatamente de sua boca vinham ao chão moedas e mais moedas de ouro. Ao moço
restava apenas o trabalho de juntá-las. E por onde passava comia e bebia do melhor,
porque sua bolsa se conservava sempre cheia. Depois de correr muitas terras
lembrou-se de regressar à cidadezinha natal. O pai com certeza já o havia
perdoado e além do mais sentir-se-ia feliz de ver em casa um burro daqueles.
De volta para casa aconteceu
hospedar-se na mesma hospedaria em que estivera o seu irmão carpinteiro. Logo
ao chegar e ao apear, o estalajadeiro ofereceu-se para conduzir o burro à
estrebaria.
Não se incomode, respondeu o rapaz;
eu mesmo levarei o burrinho à cocheira porque é esse o meu costume. O
estalajadeiro torceu o nariz, calculando que se o seu novo hóspede estava
acostumado a tratar ele mesmo do burro, era sinal de que não tinha dinheiro.
Qual não foi, pois, o seu espanto, momentos após, vendo o hóspede abrir uma bolsa
atochada de ouro?
O estalajadeiro serviu-lhe o melhor
jantar que pôde e ao apresentar a conta pediu um despropósito — ou dez vezes
mais do que valia o serviço. O rapaz viu que não tinha na bolsa dinheiro
suficiente e disse:
— Espere um bocado que já venho,
senhor estalajadeiro, e tomando consigo a toalha da mesa dirigiu-se para a
cocheira. O estalajadeiro ficou atônito, mas levado da ganância seguiu o rapaz
às escondidas. Viu-o entrar na estrebaria, estender a toalha sob o focinho do
burro e dizer Bricklebrit!
Imediatamente da boca do animal jorrou um chuveiro de moedas que tilintaram no
chão.
— Pelas barbas de Abraão! exclamou
o estalajadeiro. Um burro como este é que me convinha na vida!...
Minutos depois o filho do alfaiate
pagou a conta e foi dormir. O estalajadeiro, então, dirigiu-se à estrebaria e
trocou o burro mágico por uni burro à-toa.
No dia seguinte o moço deixou a
estalagem sem desconfiar de coisa nenhuma. Ao meio-dia desceu na porta da casa
de seu pai, que o recebeu com grande alegria.
— Que ofício aprendeu, meu filho?
indagou o velho.
— O de moleiro, respondeu o rapaz.
— E que trouxe de importante?
— Um burro apenas.
— Antes houvesse trazido uma cabra,
disse o velho, pois que burros iguais a esse aqui não faltam.
— Engano, meu pai. Este burro é
mágico. Basta que eu pronuncie perto dele a palavra Bricklebrit! para que uma chuva de moedas de ouro caia da sua boca.
Quero que meu pai mande chamar os seus amigos para que assistam ao prodígio —
eu os farei ricos a todos.
— Bravos! exclamou o velho
entusiasmado. Isso será ótimo, porque já ando cansado da agulha.
Foram feitos os convites e vieram
todos na maior curiosidade. Formaram um círculo em torno do burro e abriram a boca
no momento em que o moleiro estendeu no chão uma toalha.
— Agora, meus senhores, atenção!
pediu o moço e voltando-se para o burro pronunciou a palavra mágica Bricklebrit!
Mas nem um só níquel caiu da boca
do animal ficando provado que ele não entendia nada da arte de fabricar
dinheiro. O rapaz, desapontadíssimo, pediu desculpas, explicando que lhe haviam
trocado o convidados pela segunda vez retirara-se furiosos da vida, arrenegando
contra os filhos do alfaiate.
O velho suspirou e voltou à costura, enquanto
o pobre moço se empregava como ajudante num moinho próximo.
Com o terceiro filho aconteceu o
seguinte. Ao ser expulso da casa paterna, foi empregar-se numa oficina de
torneiro, onde seus progressos correram lentos porque a arte é difícil. Estava
ainda lá quando recebeu carta dos irmãos contando como haviam sido miseravelmente
roubados pelo tal estalajadeiro. Depois resolveu sair a correr mundo. Ao despedir-se
do patrão, recebeu de presente um saco.
— Leve este saco, disse ele. Dentro
há um cacete.
— Levarei o saco de muito boa
vontade, porque me pode ser útil. Mas para que quero um cacete?
— Esse cacete vale muito, volveu o
torneiro. Todas as vezes que você disser "Salta fora, meu cacete" ele
pulará do saco e cantará na cabeça de quem estiver porto, sem dó nem piedade. E
enquanto não receber ordem para recolher-se ao saco, não parará com o espancamento.
O rapaz agradeceu o precioso
presente e partiu. Ah! Pôde correr mundo vontade, Ninguém o aborrecia, nem lhe
contava histórias. Por mais valente que fossem os adversários, o cacete, logo
que recebia ordem, saltava do saco o era aquela beleza!
Uma noite o rapaz deu com os
costados na célebre hospedaria. Depôs sobre a mesa o saco e começou a descrever
as grandes coisas vistas pelo mundo.
— Sim, dizia ele. Há no mundo
verdadeiras maravilhas, como mesas que se põem sozinhas e burros que vomitam
ouro; mas tudo isso é nada diante do tesouro que trago dentro deste saco.
O estalajadeiro arregalou o Olho, e
ficou a pensar que o saco só poderia conter brilhantes. Como conseguir
apoderar-se dele?
Quando chegou a hora de dormir o
moço estendeu-se num dos bancos da sala, com a cabeça apoiada sobre o saco e
fingiu dormir. Dali a pouco o estalajadeiro veio vindo pé ante pé e começou a
puxar o saco devagarinho, com o máximo cuidado para não despertar o dono. Havia
arranjado um saco igual àquele para fazer a troca, como fizera à mesa e ao
burro. Mas o moço, que justamente esperava por aquilo, limitou-se a dizer em
certa momento: "Salta fora, cacete!" e foi tiro e queda. O cacete
pulou de dentro do saco e desancou sem dó nem piedade o estalajadeiro ladrão.
O homem berrava, fugia dum lado
para outro, pedindo misericórdia — mas quanto mais pulava mais o cacete lhe
batia. Por fim caiu, completamente exausto.
Só então o moço lhe disse:
— Se não devolver a mesa e o burro
mágicos, o cacete ficará a espancá-lo toda a vida.
— Não! Não! gemeu debilmente o
desgraçado. Devolvo mesa, burro e tudo, mas primeiro faça este maldito cacete
parar com a surra.
— Pois vamos ver isso, disse o moço
— e deu ordem ao cacete de voltar para o saco.
Na manhã seguinte o jovem torneiro
deixou a estalagem levando a às costas do burro e mais o saco do cacete, Tocou
para a casa paterna, onde o velho pai, depois do abraçá-lo, perguntou que havia
aprendido pelo mundo.
— Sou torneiro, meu pai.
— Arte difícil, murmurou o velho. E
que trouxe de novidade?
— Um cacete, meu pai.
— Quê? exclamou o velho. Um cacete?
Não era preciso andar por tão longe para tão pouco. Aqui em casa há madeira
para fazer mais de mil cacetes.
— Mas nenhum valeria o meu, pai,
pois basta que receba as minhas ordens e põe-se a desancar a quem está perto,
que é um Deus me acuda. Veja. Com esse maravilhoso cacete consegui reaver a
mesa mágica e o burro que vomita ouro, dos meus irmãos. Pode agora convidar todos
os seus amigos que nenhum sairá daqui desapontado.
O velho não deu grande crédito às
palavras do filho, mas mesmo assim mandou chamar os amigos. Logo que todos
chegaram, o jovem torneiro pôs uma toalha debaixo do focinho do burro e
chamando o irmão disse-lhe:
— Vamos. Pronuncie a palavra
mágica.
O moço moleiro exclamou Bricklebrit! e no mesmo instante lindas
moedas de ouro começaram a amontoar-se sobre a toalha, com grande assombro de
todos. Era ouro e mais ouro, de causar inveja até a um rei. E enquanto os
convidados não encheram todos os bolsos, o moleiro não fechou aquela preciosa
torneira.
Em seguida a mesa foi colocada no
meio da sala e chegou a vez do marceneiro dizer "Põe-te, mesa!"
Como por encanto apareceu ela
posta, com riquíssimos talheres e os melhores petiscos, desses que só os
grandes cozinheiros sabem preparar. Todos os convidados comeram e beberam à
tripa forra, retirando-se tarde da noite e contentíssimos.
No dia seguinte o velho alfaiate
guardou a agulha e a tesoura no fundo da gaveta e começou a viver vida nova em
companhia de seus amados filhos.
***
E a cabrita? Oh, a cabrita
sentiu-se tão envergonhada com o que lhe aconteceu que se enfiou pelo primeiro
buraco encontrado no caminho. Era a morada de uma raposa, que andava caçando
por perto. Ao voltar. deu a raposa com aqueles dois olhos que brilhavam no
fundo da sua toca e fugiu espavorida. Um urso que a viu correndo, indagou:
— Que é isso, mana Raposa? Que foi
que a assustou tanto?
— Ah, gemeu a raposa quase sem
fôlego. Encontrei na minha toca uma fera horrenda, careca e com dois olhos de
fogo.
— Deixe o caso comigo. Vou espantar
de lá essa tal fera.
E foi. Mas ao ver aquele monstro
desconhecido, careca, e chifres e olhos de fogo, também fugiu na disparada. No
caminho encontrou uma abelha, que lhe perguntou:
— Que cara feia é essa, amigo urso?
— Uma fera terrível e desconhecida
que está na casa da raposa. Ofereci-me para enxotá-la, mas ao vê-la, perdi a
coragem e fugi.
— Pois vou ver isso, disse a abelha.
Apesar de pequenina, gosto de ajudar os amigos.
E foi. Entrou e reconheceu a cabra
do alfaiate que muitas vezes vira pastando, aqui e ali. Só que estava careca.
Sem medo nenhum avançou e deu-lhe unia ferrotoada no focinho.
A cabra fugiu da toca que nem louca
— e com certeza está correndo até agora!
---
Pesquisa,
transcrição e adequação ortográfica: Iba Mendes (2025)
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