Quando Carlos Magno esteve em
Zurique, na Suíça, mandou anunciar que à hora do almoço, ouviria todos que
tivessem uma queixa a formular ou um ato de justiça a pedir. Para isso bastaria
que fizesse tanger sino dependurado à porta do palácio e o queixoso seria
admitido à sua presença.
Um dia em que o grande imperador se
achava à mesa, com os seus valentes companheiros de armas, o sino vibrou de um
modo estranho e insistente.
O criado voltou poucos minutos
depois, dizendo que a ninguém encontrara.
Entretanto, o sino fez-se ouvir
segunda e depois terceira vez, mais forte e prolongado do que nas duas
anteriores. Mas não se via pessoa alguma.
Olhando, porém, para cima, o criado
distinguiu casualmente uma grande serpente, que se achava suspensa na corda do
sino, fazendo-o soar.
Sabendo quem era o estranho
suplicante que lhe vinha pedir justiça, o imperador levantou-se, dirigindo-se para
a porta, dizendo que tanto devia ouvir as queixas dos brutos, com as dos
homens.
Em presença do magnânimo monarca, o
asqueroso réptil inclinou-se, reverente e respeitoso.
Depois olhou-o com as suplicante, e
começou a colear-se pela terra, voltando-se de vez em quando, a fim de ver se o
acompanhavam.
O imperador compreendeu, e
acompanhou-o passo a passo.
Chegando próximo a um buraco cavado
nas pedras a cobra parou, e Carlos Magno descobriu a gruta onde o desgraçado
bicho morava com seus filhos.
Nessa gruta havia um animal enorme
e terrível, que dela se apossara violentamente.
O imperador fê-lo matar, e a
serpente entrou no seu ninho, alegre e prazenteira.
No dia seguinte, também à hora da
refeição, viram reaparecer o mesmo réptil.
Dessa vez não vinha implorar
proteção ao monarca, mas sim, testemunhar gratidão ao benfeitor.
A cobra arrastou-se até à sala de
jantar, subiu em cima da mesa, levantou-se e depôs no copo de Carlos Magno um
grande brilhante de extraordinária beleza e imenso valor.
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Iba Mendes Editor Digital. São Paulo, 2025.
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