Com esta obra, o mundialmente conhecido biólogo, Rémy
Chauvin, traz à tona as inúmeras fragilidades do darwinismo, abrindo espaço
para um debate que há muito já deveria ter-se iniciado.
Embora rechace as pretensões darwinistas de lídima ciência, Chauvin não
pretende oferecer uma alternativa a Darwin. Segundo ele: "não há apenas
dois partidos, mas três: acreditar em Darwin, acreditar na criação sob a forma
mais ingênua, ou o terceiro partido, o mais objetivo: confessar que se sabe
demasiadamente pouco para se poder avançar uma conclusão, seja qual for... Esta
última conclusão é a que tem a minha preferência, e não sou o único a aderir a
ela". Vejamos alguns enxertos da referida obra:
“Evoquei atrás o
espanto que tomou conta de mim quando testemunhei, pela primeira vez na minha
vida, o desvio darwinista para a violência nas conversas, e mesmo para a
injúria. Teremos de admitir que esta tendência vai generalizar-se, pelo menos
em certos meios? Penso que sim, e poderá constatá-lo quem ler Dawkins ou
Dennett (já Monod manifestava esta tendência); aliás, foi por isso que lhes
conferi um tão grande destaque, para que os leitores se não habituem a
considerar o darwinismo como uma teoria igual às outras. Ele é muito mais do
que isso...
Falava
Dennett das “perigosas ideias de Darwin”, que comparava com um ácido que corrói
subtilmente todas as velhas fórmulas e todas as velhas crenças. Com efeito, foi
nisso que o darwinismo se transformou (Darwin não ignorava que isso
aconteceria) e Dennett alegra-se com esse fato, porque o seu ideal é o
materialismo integral.
[...]
E, com efeito,
eis a situação que «profetas» indiscretos como Monod, Dawkins e Dennett não
consideraram seriamente: uma grande parte dos nossos concidadãos (e a quase
totalidade daqueles que não têm cultura científica, isto é, a maioria, em
consequência do fracasso do nosso sistema de ensino) tem medo, e por vezes
horror à ciência; sobretudo por causa da bomba atômica e da poluição, mas o seu
medo vai muito para além destes temores, afinal justificados: porque os perigos
do átomo e da poluição resultam da ciência e do produtivismo industrial, que
dela decorre diretamente. Qualquer campanha anticientífica tem um eco imediato,
que me assusta.
Na verdade,
as pessoas não gostam de nós; alguns cientistas disseram realmente demasiadas
tolices, que não procediam da ciência, mas apenas das suas preferências
filosóficas pessoais. Se de fato a ciência dá do mundo uma imagem insuportável,
se priva a vida do seu sentido (e é claramente essa a conclusão do livro de
Monod, sem esquecer o eco que dele fazem Dawkins e Dennett), suprimamos a
ciência! É muito fácil, basta reduzir os financiamentos aos laboratórios.
Será isso
impossível e inoperante? Realmente? Suponhamos que o governo, acossado por
preocupações financeiras, decide reduzir o orça mento da investigação (que é o
que está já a fazer). Pensa o leitor que a população se preocuparia com isso?
Acha que uma manifestação de investigadores que exigissem financiamento
provocaria grande emoção? Mas então, para sossegar as pessoas, deveremos
regressar ao bom velho criacionismo?
Naturalmente
que isso seria completamente absurdo, tanto mais que o criacionismo não explica
coisa alguma, o mesmo acontecendo com o darwinismo, como veremos adiante.
Pretender que o Deus criador auxiliou pessoalmente o Ichtyostega a sair do
oceano no devoniano não nos ajuda a compreender o que se passou; ora, é isso
que a ciência deseja antes de mais: compreender o mecanismo interno e
fisiológico que suscitou esse fenômeno.
Na realidade,
os criacionistas atuais procedem com base numa teologia absolutamente ingênua,
à qual a religião há muito renunciou. Na teologia moderna, a matéria depende do
Deus criador, mas Deus não depende da matéria. O próprio ato criador está
rodeado de um mistério profundo e, se Deus viesse explicar-no-lo, seria
trabalho perdido, porque não o compreenderíamos! Deus esteve na origem dos
mecanismos sublimes que nós procuramos desvendar; e o pouco que deles
compreendemos faz-nos mergulhar na admiração... Mas a sua origem continua
rodeada de bruma, e eu quase diria, parafraseando Pascal, que “o mistério
eterno destes mecanismos infinitos assusta-me”.
O que é
preciso fazer é estudar, procurar compreender. E abandonar o orgulho. Ainda
sabemos muito poucas coisas; não sabemos o suficiente para vaticinarmos e
pretendermos, como os darwinistas, que já compreendemos tudo, ou que possuímos
a teoria definitiva, que é a mesma coisa”.
É isso!
Iba Mendes
São Paulo, 2012.
São Paulo, 2012.
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