O macaco e o gato
Simão, o
macaco, e Bichano, o gato, moram juntos na mesma casa. E pintam o sete. Um
furta coisas, remexe gavetas, esconde tesourinhas, atormenta o papagaio; outro
arranha os tapetes, esfiapa as almofadas e bebe o leite das crianças.
Mas apesar
de amigos e sócios, o macaco sabe agir com tal maromba que é quem sai ganhando
sempre.
Foi assim no
caso das castanhas.
A cozinheira
pusera a assar nas brasas umas castanhas e fora à horta colher temperos. Vendo
a cozinha vazia, os dois malandros se aproximaram. Disse o macaco:
— Amigo
Bichano, você, que tem uma pata jeitosa, tire as castanhas do fogo.
O gato não
se fez insistir e com muita arte começou a tirar as castanhas.
— Pronto,
uma...
— Agora
aquela de lá... Isso. Agora aquela gorducha... Isso. E mais a da esquerda, que
estalou...
O gato as
tirava, mas quem as comia, gulosamente, piscando o olho, era o macaco...
De repente,
eis que surge a cozinheira, furiosa, de vara na mão.
— Espere aí
diabada!...
Os dois
gatunos sumiram-se aos pinotes.
— Boa peça,
hein? — disse o macaco lá longe.
O gato
suspirou:
— Para você,
que comeu as castanhas. Para mim foi péssima, pois arrisquei o pelo e fiquei em
jejum, sem saber que gosto tem uma castanha assada.
O bom-bocado não é para quem o faz, é para
quem o como.
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Fonte:
Fonte:
Do livro "Fábulas e Histórias diversas"
Pesquisa e adequação
ortográfica: Iba Mendes (2018)
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